Capítulo 7

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Angeline narrando:

George disse que não seria uma boa ideia. Minha mãe implorou pra que eu desse uma segunda chance ao meu pai e voltasse para casa. Diana me perguntou se eu enlouqueci por considerar a opção de me tornar empregada do homem que via seus funcionários como objetos. Mas eu não achava realmente que tinha outra escolha... era trabalhar para ele ou voltar para o meu pai. Isso não estava em discussão.

- Você pode vir morar comigo! - Diana exclamou como se tivesse acabado de encontrar a resposta para a questão mais complicada da humanidade enquanto caminhava ao meu lado pela calçada iluminada apenas pelos postes de luz.

Por mais incrível que possa parecer, ir à igreja dessa vez foi ideia dela. Quando pedi à minha mãe para me deixar dormir em sua casa, imaginei que seguiríamos nossa rotina: conversar, comer, dormir. Mas não. Hoje, depois de eu explicar a ela tudo o que aconteceu nos últimos três dias, ela decidiu que devíamos ir à igreja porque não existia nada melhor do que entregar essa situação oficialmente na mão de Deus.

- Você sabe que eu não posso, Di. - Respondi com um sorriso triste.

- É claro que pode! - Ela entrelaçou seu braço no meu. - Você sabe que seria muito bem vinda.

- Sim... eu sei. E eu amo você e seus pais por isso, mas não posso envolver vocês nessa situação. E além do mais, eu não me sentiria bem sendo sustentada sem poder dar nada em troca.

- Fala sério, isso não seria uma troca de favores. Você é minha irmã!

Eu sorri para ela conforme a igreja começava a entrar em nosso campo de visão e meu coração se agitava levemente no peito. O frio que desceu pela minha espinha poderia ser explicado de duas formas distintas: a primeira, era que aquela era a primeira vez, em mais de três meses, que eu ia à igreja - me perguntei vagamente se ainda seria bem vinda; a segunda, era que eu estava muito mais perto da casa do meu pai do que eu gostaria de estar. Isso me causou um desconforto ainda maior.

- Eu sei disso. - Falei tentando ignorar a sensação incômoda. - Mas essa é a minha escolha. Eu não vou abandonar minha mãe de novo quando acabei de reencontrá-la.

Diana suspirou.

- Eu tenho certeza de que ela entenderia. E a gente podia ir visitá-la todos os dias. Agora que terminamos o ensino médio, o que não nos falta é tempo.

Sorri, me voltando para ela.

- Mas quando eu começar a faculdade meu tempo será reduzido. Eu tenho que aproveitar cada minuto, Di. Você sabe que eu devo isso a ela.

Diana me olhou tristemente, e com um sorriso casto, eu soube que ela entendia. Ela sempre entendia.

- Anjinho? - A voz soou atrás da gente quando estávamos a meros passos de alcançar a porta da igreja.

Diana se virou primeiro. Eu congelei.

Dois ou três segundos se passaram até que eu ouvisse sua voz novamente:

- Oi, Diana.

- O que você quer, Mike? - Ela perguntou mostrando suas garras para me defender.

- Eu... - Ele engoliu. - Eu só queria... conversar com ela. Por cinco minutos.

- E você acha mesmo que ela quer conversar com você? Como pode...

- Diana. - Eu a interrompi, sabendo que isso não tinha um modo dessa conversa terminar bem se eu a deixasse continuar. - Tudo bem.

Ela me olhou com uma expressão séria, então se voltou para meu pai novamente, e se virou para mim pela segunda vez.

- Você não precisa falar com ele. Você não deve nada a ele.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora