Capítulo 4

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Thomas narrando:

- Ei, amigão... por que essas lágrimas?

- Me leva com você, tio Tom... - Meu sobrinho soluçou, escondendo o rosto molhado no meu ombro quando eu o peguei no colo.

Alice soltou um suspiro exasperado, encarando o irmão:

- A gente vai outro dia, Gabriel. Não precisa chorar.

- Me leva com você, me leva? - Ele insistiu.

- Ei, olhe pra mim. - Chamei afastando seu rosto do meu ombro pra que eu pudesse vê-lo. - Você se lembra o que eu disse sobre o próximo mês?

- É seu aniversário. Mas eu não quero ir no seu aniversário, quero ir agora.

- Agora eu não posso te levar... mas olha, quando você for, eu vou pedir ao seu pai pra deixar você e sua irmã comigo por uma semana, tudo bem? Eu prometo que vai ser divertido.

- Isso! - Alice deu um pulo empolgado, com seu sorriso contagiante.

- Promete? - Gabriel perguntou finalmente controlando aos poucos os soluços, secando os olhos com as costas da mão.

- É claro que eu prometo.

- Mas eu não quero que a Eileen seja nossa babá. Eu não gosto dela.

Bem, isso é normal. Gabriel não costuma gostar das pessoas em geral, e eu me pergunto como foi que consegui atrair sua afeição por mim. Provavelmente isso se deve ao fato de que eu faço parte da sua família, mas além de nós, ninguém consegue cativá-lo.

Olhei para Alice ao meu lado.

- O que você acha disso?

- Eu também não gosto dela. - Ela encolheu os ombros, me fazendo sorrir.

- Okay, encontraremos outra babá.

Minutos depois, quando distraí meus sobrinhos suficientemente para que eles não notassem o momento em que eu saísse, entrei em casa para encontrar meus pais e avistei Alexia vindo em minha direção.

- Se minhas contas estão certas, seu vôo sai em uma hora, certo? - Ela disse sorrindo e eu sorri de volta.

- Seis horas de tortura.

- Você vai sobreviver.

Assenti antes de desviar os olhos, ciente de que eu precisava dizer algo com a qual eu definitivamente não era familiarizado. Não são muitas as pessoas que me ouvem dizer isso.

- Eu acho que te devo desculpas pelo... modo como falei com você.

Ela balançou a cabeça indiferente.

- Não tem problema.

- Tem, sim. - Levantei os olhos pra ela. - O jeito como me referi à... sua irmã... não foi legal.

- Você estava muito tenso, Thomas. Esquece isso, tudo bem? Se estivesse aqui, ela já teria esquecido.

Eu não pude evitar de sorrir, porque no fundo sabia que isso era verdade.

- Certo. - Respondi.

- Você viu as crianças?

- Estão brincando lá fora.

- Elas sentirão sua falta. - Ela sorriu com ar triste.

- Eu também. - Destaquei o óbvio.

Alexia se aproximou de mim e envolveu meu pescoço com os braços, num abraço com a qual me acostumei há muito tempo. Desde que se casou com meu irmão, ela não se tornou apenas uma cunhada... por muito mais vezes do que eu possa me lembrar, eu a vi como a irmã mais velha que nunca tive. E como toda irmã mais velha, ela sempre releva quando eu digo ou faço algo que devia magoá-la. Na verdade, acho que isso não é pessoal... é o jeito como ela trata todo mundo.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora