Capítulo 64 - Parte I

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Merda. Ela foi a única pessoa da casa que já me viu chorar. Há quanto tempo George está aqui?

- Ela vai ficar bem. - Ele disse calmamente. - Devia tomar um banho agora.

- Ela nunca mais vai falar comigo, George.

- Angie não é conhecida por guardar rancor, senhor.

- Eu estraguei tudo...

George ficou parado, me olhando enquanto eu passava as mãos pelo cabelo sem saber o que fazer. Eu nunca achei um grande problema perder o controle quando se trata de Angeline, ao contrário: é evidente que quando estou com ela a última coisa que eu tenho é algum controle sobre qualquer coisa. Mas agora... eu só queria encontrar um jeito de controlar essa situação ridícula.

- Talvez devesse encontrar algo que te distraia. - George sugeriu. - Sarah chamou o Matthew e a amiga da Angie para passar um tempo com ela. Encontre algo saudável para fazer também, amanhã vocês podem conversar com calma.

Olhei para George secando o rosto com as costas da mão.

- Matthew e Diana? - Perguntei.

Ele assentiu uma vez.

- Eles estão com a Angie.

Olhei pela janela. As primeiras sombras noturnas começavam a se esgueirar pelo ambiente lá fora, o que me levou à segunda pergunta:

- Que horas são?

- Quase sete, senhor. - Ele respondeu após checar o horário de pulso.

- Acho que é uma boa hora pra eu pedir desculpas a ela, não é?

- Continuo pensando que é melhor esperar até amanhã.

Olhei para ele e assenti, pegando a carta de Izzy que eu havia deixado sobre o armário de acessórios. É óbvio que não estava em planos esperar até o dia seguinte.

Mas no final, George estava certo.

Após uma conversa com Angeline que nem de longe terminou do jeito como eu esperava, me dirigi ao estacionamento e subi em minha moto. Eu precisava esquecer esse dia de merda, e na grande maioria das vezes motocross é meu melhor remédio.

- Sr. Storck. - Ethan chamou ao se aproximar de mim enquanto eu colocava o capacete. - Posso acompanhá-lo, senhor?

- Não. E não precisa me esperar. - E então eu dei partida, deixando para trás meu guarda-costas, minha garota, e os pedaços de um coração nocivo.

Minutos depois, ao estacionar no centro da área de treinamento, me senti surpreso ao notar como o barulho dos motores das motos se tornava alto sem a voz de Angeline. As pessoas pareciam fúteis, o ambiente hostil e o ar carregado de um odor desagradável, e vagamente eu percebi que essa era a primeira vez em muito tempo que eu aparecia ali sozinho.

É claro que não fui o único quem notou isso.

- Não trouxe a namoradinha. - Kelly resmungou ao se aproximar de mim e arrastar as longas unhas vermelhas pelo guidão. - O que houve? Problemas no paraíso?

- Isso não é da sua conta.

Ela riu e ergueu as mãos, recuando um passo.

- Wow! Sozinho e mal-humorado. Acho que minha suspeita acabou de ser confirmada...

Soltei um suspiro e procurei Wesley no meio daquela bagunça. O encontrei vários metros adiante, conversando com um dos motoqueiros.

- Okay, eu sei que devia ser um pouco mais difícil por causa da maneira como você me tratou da última vez. - Kelly continuou dando a volta na moto para chegar até mim. - Mas como o bom ser-humano que sou, vou poupar seu esforço. - E colocando as mãos em meu peito, ela aproximou a boca do meu ouvido sussurrando de forma sensual: - Seja lá o que aconteceu... você sabe que eu consigo te fazer esquecer.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now