33 - Deixe Queimar

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Começamos a parar de andar quando o Grifo descia sob as árvores novamente, solicitando que parássemos por hoje. O sol ainda estava na metade do caminho, e isso estava frustrando metade de nossos guerreiros.

- Chega, isso está demorando demais - Escutei Dimitri enquanto ele se aproximava de mim com os olhos em fúria - Vá na frente, Lynn. Não faz sentido estarmos demorando tanto. Encontramos você no castelo, isso pode te dar o tempo necessário para achar a caverna que nos levará para dentro de Ermont e quem sabe de outros lugares. Quando chegarmos lá pensamos em como iremos passar, mas precisa ir na frente.

Era estranho ter que deixá-los novamente, mas Dimitri tinha razão. Se existia a possibilidade de Hazor estar no mar, precisávamos ser mais rápidos.

- Tudo bem, eu vou com Safira, vocês vão precisar do Grifo.

- Mas pelo céu é mais rápido - Contestou Dimitri com uma careta nada feliz.

- Mas o Grifo deixará vocês mais seguros - Kian estava guiando Safira em minha direção, e seus olhos estavam tão frios que fizeram meu coração se entristecer mais um pouco.

- Posso acompanhá-la até o castelo e ajudá-la nas cavernas, Capitão - Calel tinha uma esperança genuína transbordando de si, e eu ouvi Kian sussurrar um "pelo amor da Deusa" em meus pensamentos, o que me fez rir por um segundo.

Ele percebeu seu deslize. Percebeu que deixou seus pensamentos correrem para mim, e notei um leve suavizar em sua expressão, mostrando também sua diversão com o comentário.

Mas eu não me senti correta. Calel estava nutrindo algo em que eu não poderia corresponder, e eu precisava conversar com ele, mas não agora.

- Kian irá comigo, Calel - falei, com a voz firme - ele é meu guardião e quem deve ficar ao meu lado.

Notei a decepção passar por sua expressão, o que me fez retesar um pouco. Uma das piores coisas sobre o coração é que ele esquecia que às vezes não existia e nem existiria reciprocidade.

- Basta! - Dimitri olhava para Calel em repreensão, fazendo-o abaixar a cabeça - não quero essa discussão novamente. Kian irá com Lynn e isso é tudo.

Todos concordaram rapidamente, e Arth me deu um longo abraço antes de Kian me ajudar a subir em safira. Lou me jogou um beijo no ar e se aproximou de Dimitri para auxiliá-lo na organização dos rebeldes.

E então partimos em alta velocidade. Safira era incansável e não diminuía o ritmo, nem mesmo em longas curvas. Kian teve que me segurar várias vezes para que eu não fosse ao chão por conta da alta velocidade. Mas isso era tudo, não havia comunicação entre nós.

Durante duas noites nos abrigamos em rochas ocas e ele se manteve distante e fazia de tudo para se esquivar. E eu não me esforcei para melhorar o que ainda poderia sobrar do pouco que tínhamos.

Mas na terceira noite, o dia que antecipava nossa chegada as ruínas do castelo, Kian realmente olhou nos meus olhos com uma fúria que achei que não fosse possível existir em uma única alma.

- Provavelmente eu estou morta em seus pensamentos - falei à ele, fazendo suas sobrancelhas arquearem.

- Está maluca?

- Estou maluca desde que aceitei essa loucura, eu diria. Mas não tente me enganar, está furioso comigo, e eu nem sei porque.

Kian abriu a boca duas vezes, mas não conseguiu falar nenhuma palavra, o que me fez bufar.

- Não estou furioso com você, Lynn.

- Ah não? Então por quê todo esse espetáculo, Kian? Me afastar de você é divertido?

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora