Capítulo 37 part. III

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- Dipupa, Tom. Foi sem quelê.

Tomei as partes do boneco de sua mão e conferi se daria para consertar. Não dava.

- Não quero mais brincar com você hoje.

- Mas eu num fiz zi propósito.

- Não quero saber. Eu só não quero mais brincar.

Ela ficou parada, em silêncio, me observando juntar os brinquedos, e quando a olhei, notei seus olhos brilhando com a formação das lágrimas. Desviei os olhos novamente tentando não me incomodar, e quando finalmente imaginei que ela iria sair para procurar Alexia e chorar, ela entrou na casinha do Homem-Aranha e fechou a porta.

Terminei de guardar os brinquedos pacientemente e arrumei a brinquedoteca, colocando tudo em seu lugar. Quando terminei, ela ainda estava dentro da casinha, tão quieta que se podia afirmar facilmente que não havia ninguém ali.

- Alice... - Chamei. - O que você está fazendo?

Ela não respondeu, então me aproximei da pequena portinha e bati devagar.

- Posso entrar?

- Não. - Sua voz ecoou lá dentro. - Você zisse que num quer mais bincar tumigo.

Revirei os olhos.

- Você quebrou meu boneco.

- Não foi zi popósito.

- Tá, mas eu fiquei chateado. Não foi de propósito também.

Ela ficou quieta.

- Olha, você não pode ficar com raiva de mim pra sempre. Está dentro da minha casinha, esqueceu?

Nem uma palavra em resposta. Suspirei.

- Eu posso entrar?

- Não. - Ela finalmente disse com firmeza.

- Por que não?

- Pôquê você não zisse a palava mázica.

Franzi a testa e pensei por um momento.

- Eu não sei qual é a palavra mágica.

De dentro da casinha, ouvi Alice suspirar.

- É dipupa, Tom. Agola é a sua vez de pedí dipupa.

Eu ri.

- Por que eu preciso te pedir desculpa? Eu nem fiz nada.

- Você bigou tumigo!

Eu pisquei, surpreso pelo modo como ela afirmou isso. Então, me dando por vencido, falei o que ela queria ouvir:

- Desculpa. Eu sei que você não fez de propósito.

Alice ficou em silêncio, provavelmente imaginando se meu pedido de desculpas era válido. Então completei:

- Não vou mais fazer isso.

Alguns segundos se passaram até que ela abrisse a pequena porta pra mim, então me olhou seriamente antes de estreitar os olhos.

- Pomete?

Sorri.

- Prometo. - E estendi minha mão direita para apertar a sua. - Amigos outra vez?

Ela olhou minha mão por um momento então, antes que eu pudesse pensar, cobriu os dois pequenos passos que nos separavam e me abraçou apertado.

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