- Tem certeza?

- Eu só... - Ela balançou a cabeça para os lados e se esquivou do meu toque, falando baixinho: - Tenho pavor de ficar perdida.

Então eu entendi. Ela estava assustada como o inferno, mas se fez forte para não assustar meus sobrinhos. Caramba, que garota incrível.

- Eu achei você. - Sussurrei tão baixo quanto ela.

Angeline me olhou e algo em minha expressão a fez recuar um passo por instinto, mas dessa vez eu não permiti que ela o fizesse.

- Pare. - Pedi segurando seu pulso, impedindo que ela se afastasse. - Pelo menos dessa vez... me deixe te mostrar que está segura.

Ela me olhou sem responder, esperando. Eu sabia que meus sobrinhos estavam a pouquíssimos metros de distância assistindo a cada mínimo movimento nosso, mas pelo que já reparei, eles não reprovavam.

Puxei Angeline para mim sentindo meu coração ao pulos desesperados e, pela primeira vez, ela não recuou. Então eu a abracei. Ela apoiou a testa em meu peito e eu sabia que seus olhos estavam fechados. Juntou as mãos junto ao peito e se encolheu, deixando que eu a envolvesse.

Era a primeira vez que eu abraçava uma mulher desse jeito, e pela primeira vez, o remorso por me envolver de forma proibida com alguém me atingiu.

A voz no fundo do meu inconsciente me lembrou do motivo de eu querer manter distância dela, mas estava na cara que isso não era possível. Quando eu não quisesse vê-la, o universo daria um jeito de cruzar nossos caminhos. Estávamos predestinados.

Senti Angeline apertar minha camisa e inspirar profundamente o ar, como se para capturar meu cheiro.

Merda... por que você não chegou dois meses antes?

- Quer ir pra casa? - Perguntei antes de soltá-la, então foi ela que o fez.

Depois de se afastar de mim incapaz de desviar os olhos do chão, ela assentiu.

Olhei para meus sobrinhos. Alice tinha um sorriso bobo no rosto, enquanto Gabriel me olhava expectante, mas foi para ela que dirigi minhas próximas palavras:

- O que você fez não foi  legal. Da próxima vez, quero que me chame. Não venha mais aqui sem mim, entendeu? Nunca.

Ela assentiu, mas ainda parecia satisfeita com algo que eu não conseguia definir.

- Ótimo. Vamos pra casa, vocês precisam comer e tomar um banho.

Alice pegou a mão de Gabriel e começaram a andar em minha frente, perto de mim.

- Eu levo isso. - Falei tirando a pequena mochila da mão de Angeline.

Ela me olhou, fungando.

- Obrigada.

- Pelo que?

- Por tudo isso. - Ela deu de ombros. - Sei que deve ter vindo mais pelos seus sobrinhos, mas mesmo assim... obrigada.

Apontando a lanterna na direção correta, permiti que meus sobrinhos guiassem nosso caminho enquanto eu e Angeline andávamos atrás.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora