Alcancei a cerca que limitava meu terreno quase vinte minutos depois e respirei frustrado. Eles poderiam estar em qualquer lugar.

Vasculhei o espaço à minha direita e não encontrei ninguém. A noite estava começando a enviar suas primeiras sombras e um sentimento agonizante começou a pairar sobre mim quando voltei para revistar o espaço à minha direita. Merda, merda, merda... eu ainda não havia percorrido nem metade do terreno.

- Angeline! - Gritei ao ligar a lanterna.

Sem resposta.

Respirei ofegante, olhando ao meu redor. Eles não deviam ter ido tão longe, já que procurei toda a extensão ao fundo do terreno, então comecei a voltar à frente olhando com cuidado todos os lados.

- Gabriel!

O vento estava começando a ficar mais forte e a noite caía rápido. Eu andava em ziguezague, torcendo pra que Alice se lembrasse do meu conselho sobre não se mover caso ficasse perdida.

- Alice!

Ninguém respondia. Que grande merda! Talvez devesse fechar isso. Eu imaginava que seria uma boa ideia plantar árvores numa floresta onde ninguém teria a chance de cortá-las, mas agora duvidava que isso tenha sido um dos meus melhores negócios... isso engoliu meus sobrinhos e minha garota!

- Então você vai poder comer quantos biscoitos quiser... - Quando ouvi aquela voz achei que fosse paranóia, mas assim que desliguei minha lanterna, vi o reflexo amarelo de luz transpassar o espaço entre as árvores.

Angeline...

- Eu também estou com fome, Gabriel... - Alice resmungou. - Mas daqui a pouco o tio Thomas vem buscar a gente, não se preocupe.

Não consegui segurar meu suspiro de alívio conforme corria até eles e parava ao encontrar Angeline sentada em um tronco caído com Alice ao seu lado e Gabriel deitado em seu colo, mas ele se levantou num pulo quando me viu.

- Tio Thomas! - Gritou vindo até mim, se jogando em meus braços.

- Oi, amigão! - O recebi aliviado. - Você me deixou preocupado.

- Tio Thomas... - Dessa vez foi Alice, que correu em minha direção para abraçar minha cintura. - Eu sabia que você nos encontraria.

Olhei para ela de cara feia.

- Eu disse a você que não deviam fazer trilha, não disse?

- Disse que a gente não podia vir sozinhos. - Ela recuou um passo pra que eu pudesse ver Angeline. - Nós viemos com a Angie.

Olhei para ela e notei que tinha sua mandíbula tensa, e eu posso estar enganado, mas podia jurar que o brilho em seus olhos era provenientes das lágrimas.

- Você está bem? - Perguntei colocando Gabriel no chão para me aproximar dela.

Ela assentiu, desviando os olhos para o chão.

- Sim, senhor.

Cheguei perto e levantei seu queixo com o dedo indicador, fazendo-a me olhar. Sim, definitivamente aquilo eram lágrimas.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora