Levei dois ou três segundos para conseguir acreditar no que ele havia dito, então lutei contra o impulso de sorrir como um idiota. Ele também queria Angeline comigo, do que mais ela precisava pra largar o palerma do namorado?

Com uma grande satisfação me dei conta de que, se eu tivesse a ajuda dos meus sobrinhos, ela seria minha bem antes do que eu imaginava.

Mas meus pensamentos logo se perderam quando ela finalmente fechou a porta do quarto e se virou, me encontrando. Ela recuou um passo por instinto e quase soltou um grito, levando a mão ao coração.

- Jesus! O senhor me assustou.

Eu apenas a olhei, me deleitando com a visão de suas bochechas adquirirem um tom de vermelho scarlet. Sim, ela realmente me encantou, mas não de forma rude e sensual como geralmente fazem as mulheres que visitam minha cama aos sábados. Angeline parece sensível e delicada, o tipo de mulher que precisa de todo o cuidado e que pode se quebrar a qualquer movimento brusco. Imaginá-la nos braços do babaca do seu namorado me causa um enjoo terrível, e imaginá-la na cama dele me faz ter vontade de esmagá-lo como uma maldita formiga.

Merda, ela já disse que eles não dormiram juntos! E nem irão. Ela será minha antes que o façam.

- Há quanto tempo o senhor está aqui? - Angeline perguntou abaixando os olhos para não ter que me encarar.

- Tempo suficiente. - Respondi em voz baixa. - Então... seu Deus é como verduras. É mais fácil compará-lo com isso do que com o ser todo poderoso.

Ela levantou os olhos para mim e piscou. Esperei que dissesse algo mais, mas ela não disse.

- O que vocês fizeram hoje? - Eu quis saber.

- Piquenique. Conversamos...

- Falaram sobre Deus. - Deduzi.

- Sim, senhor.

Eu a encarei por um momento e ela desviou os olhos, como se não suportasse sustentar meu olhar por muito tempo.

- Você não tem medo de ser demitida? - Perguntei.

- Não, senhor. - Respondeu prontamente.

- Acha que Deus te daria um lugar pra morar se eu te mandasse embora? - É claro que eu jamais faria isso a essa altura do campeonato, mas seria divertido ouvir sua resposta.

Ela suspirou.

- Ele pode fazer o que quiser, senhor. Se for de sua vontade me dar um lugar para morar, Ele dará, se não... - Escolheu os ombros. - Isso não muda nada.

Estreitei os olhos.

- Você confia mesmo nele, não é?

Ela assentiu.

- Mais até do que em mim mesma.

Não respondi, mas depois de alguns segundos a encarando, dei um passo pra frente e ela recuou um pra trás.

- Não confia em si mesma o suficiente? - Eu quis saber ciente que meus olhos estavam mais escuros.

Vamos, Angel... mostre-me uma brecha em sua armadura.

- Sim, senhor, eu confio em mim o suficiente. - Ela respondeu firme. - Mas a confiança que eu tenho nEle é maior.

Olhei seu rosto por mais alguns segundos. Como eu pude odiar essa garota alguma vez na minha vida? É tão adorável o modo como ela defende as coisas em que acredita...

- Eu não quero mais que me chame de "senhor". - Pedi por fim.

Ela olhou em meus olhos.

- Isso é uma ordem?

Um plano para nós (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora