Franzi levemente a testa sem saber do que ela estava falando, mas acabei concordando ciente de que não tínhamos muito tempo. Ela precisava trabalhar antes que Thomas voltasse com seu humor instável, tratando-a com ignorância por ela ter cometido o erro de fazer uma pausa pra conversar comigo.

Uma vozinha no fundo do meu inconsciente questionou vagamente se depois de tudo o que disse hoje, ele ainda poderia voltar a agir como antes, mas logo eliminei esse pensamento. Ele é Thomas Strorck. É claro que sim.

- Preciso voltar ao trabalho. - Minha mãe disse depois de me dar um beijo na testa. - Divirta-se, meu amor. Eu te vejo mais tarde.

Me divertir... como se isso fosse possível.

- Até mais, mãe.

Ainda continuei parada onde estava por um momento, rejeitando com um sorriso educado e um aceno de cabeça o champanhe que um garçom me oferecia na bandeja, então, quando finalmente me dei conta de que ali não existia lugar para mim, abri espaço entre as pessoas em direção à porta de vidro na extremidade do salão. Eu já havia estado naquele lugar alguns dias atrás para limpar, e sem sombra de dúvidas era onde eu queria estar agora.

Girei a chave embutida e abri meu caminho para fora. A porta dava pra uma varanda que tinha como vista o longo espaço de grama verde que se estendia como um campo de futebol, terminando no limite em que começava a floresta fechada metros adiante, embora estivesse quase invisível devido à escuridão noturna.

Não existia mais ninguém ali, portanto era o lugar perfeito pra mim. Fechei a porta, me apoiei no parapeito e fechei os olhos. O barulho de conversas ficou consideravelmente mais baixo atrás da porta fechada, sendo substituído pelo reconfortante cricrilar dos grilos. O vento suave varria meu rosto sem pressa, e a ausência de pessoas me deu paz.

Deixei que meus pensamentos se voltassem para alguns minutos atrás, enquanto Thomas conversava comigo. Tentei me lembrar se, em algum momento, ele deu sinais de que estava mentindo para me iludir, mas não lembrei de nada. Ele parecia tão sincero que era quase como se estivesse hipnotizado, nem sinal do Thomas arrogante e calculista.

Deus, o que mudou?

Por mais que eu tentasse, não conseguia entender se isso era algum jogo ou se era real. E se ele estivesse armando algum tipo de plano para novamente me magoar? Isso soa muito mais lógico do que dizer que ele possa estar se apaixonando por mim.

É, talvez tudo pra ele não passe de um jogo...

Balancei a cabeça desistindo de tentar entender e abri os olhos para o campo semi-escuro em minha frente. Deixei minha mente se aliviar e apenas desfrutar do cricrilar dos grilos... até que o barulho de conversas lá dentro ficou de repente mais alto, denunciando que a porta de vidro havia sido aberta.

Me virei por impulso e vi Thomas fechar a porta atrás de si, antes de se aproximar ao meu lado.

- Não é exatamente o lugar onde você gostaria de estar, não é? - Ele perguntou colocando as mãos nos bolsos da calça, seus olhos perdidos em algum lugar do campo.

Eu não desviei minha atenção do seu rosto imediatamente, mas depois de alguns segundos, ao perceber que ele não deixaria de ser um enigma pra mim assim tão fácil, segui seu olhar.

- Não, senhor. Não é.

Percebi ele expirar o ar devagar.

- Pare de me chamar de senhor.

- O quê? - Perguntei o olhando novamente, ciente de que havia entendido errado.

- Thomas soa melhor na sua voz.

Um plano para nós (PAUSADO)Место, где живут истории. Откройте их для себя