Capítulo 9

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Angeline narrando:

- Eu acho que cantei bem... - April disse do outro lado da linha enquanto eu folheava a bíblia que estava lendo antes de ela me ligar. - Mas a sua voz seria mais adequada, sabe? Seu tom seria perfeito.

- Eu tenho certeza que Deus te usou exatamente do jeito que teria me usado.

- É, acho que sim. - Ela sorriu. - A pregação foi tão linda... eu chorei o tempo inteiro.

Sorri de volta com algum esforço. Eu não podia acreditar que perdi isso. Era a primeira a vez, desde que me lembro, que eu faltava um congresso.

- Eu imagino...

- Você vai estar aqui no próximo, não é? Você sabe, o grupo sente sua falta. É estranho chegar na igreja e saber que não vou te ouvir cantar.

- Eu vou voltar, April. Eu tenho fé em Deus que vou voltar. E ano que vem eu não só estarei aí... como também vou participar.

- Ah, como eu queria ouvir isso. - Ela riu e soltou um longo suspiro. - Eu tenho que desligar. O dia foi longo, estou exausta.

- Claro, tudo bem. Já são quase duas da manhã. - Respondi surpresa quando conferi a hora.

- É, acabou bem tarde mesmo. - Ela bocejou. - Então boa noite, Angie. Espero ver você logo.

- Eu também. Fique com Deus.

- Amém, fique com Deus também.

Depois que desliguei, fiquei olhando a bíblia em meu colo por algum momento antes da minha mãe abrir a cortina que separava sua cama do resto da casa.

- Está tudo bem? - Ela perguntou atenta.

Franzi a testa.

- Achei que a senhora já estivesse dormindo.

- Eu estava, mas a conversa de uma mocinha tagarela me acordou.

Sorri.

- Desculpe, mãe. Só não consigo acreditar que o congresso passou e eu não fui.

- Nós vamos ano que vem. - Ela disse confiante. - Nem que pra isso precisemos fugir e correr o risco de perder o emprego.

Eu ri, mas assim que percebi um movimento vindo de fora pela janela aberta em meu olhar periférico, meu riso se perdeu.

Me virei por impulso e arregalei os olhos, meu coração se acelerando de repente quando vi uma mulher caminhar com pressa até um carro estacionado na frente do jardim.

- A casa foi invadida!

- O que? - Minha mãe se levantou num pulo, vindo até mim para olhar a janela também. Então ela riu. - Não, querida. Deve ser uma das convidadas do Sr. Strorck.

- Convidadas? - Eu a olhei confusa.

Teve festa na casa?

- São sempre mulheres diferentes. - Minha mãe respondeu voltando para cama, sem se interessar em ver a mulher apressada entrar no carro. - Geralmente elas aparecem nos sábados, mas não é incomum que venham no meio da semana também. Henry sempre as leva para casa antes de amanhecer.

Me senti patética quando me dei conta de que tipo de convidada minha mãe estava falando. Eu precisei mesmo que ela dissesse tudo isso antes de perceber?

- Por que elas não podem esperar amanhecer? - Perguntei olhando o carro que passava pelo portão de entrada da mansão.

- Bem... eu tenho minhas teorias.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora