Uma nova versão do conto de fadas da Bela Adormecida!
E se a maldição acontecesse?
Ele perdeu a liberdade para não salvar a sua amada e envelheceu.
Ela dormiu um sono profundo ao longo de 80 anos e preservou a juventude.
E agora? Haverá alguma poss...
Peguei nele, esperançoso. Acompanhado pela minha madrinha debruçamo-nos sobre ele. Vi uma jovem mulher com os olhos azuis e a pele leitosa como a minha amada. Só o seu cabelo é que era diferente, porque era castanho brilhante. Era bonita e via-se desde a ponta dos cabelos até ao vestido que era uma princesa. Uma princesa que nasceu e cresceu no seu estatuto.
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- É perfeita! - exclamei eu. - Só precisamos alterar a cor do seu cabelo.
As fadas de Olisipo soltaram risinhos de contentamento e ao mesmo tempo abanavam as asas.
- É uma princesa da cabeça aos pés. A Malévola nunca irá desconfiar. E como são primas, ela encontrará alguns traços do rei Dinis no seu rosto se os procurar - disse a minha madrinha, com um sorriso de orelha a orelha. - Pobrezita, anda por ai sozinha...
- Precisam de a encontrar urgentemente- disse eu.
- Só estávamos à espera do seu consentimento, meu Príncipe - declarou Fabiola, sorridente.
Sorrio e suspiro de alívio, um alívio que me chega ao coração. Tudo parecia estar a encaminhar-se num bom caminho para desta vez conseguir derrotar a Bruxa.
- Também temos uma boa notícia para vos contar -anunciou a minha madrinha com alegria.
As três fadas debruçaram-se um pouco do parapeito para dar toda a sua atenção à minha madrinha. Os seus pequenos olhos brilhavam de curiosidade e estavam tão concentrados que bem pestanejavam.
- Capturamos o corvo da Malévola.
- Bravo! - exclamaram elas radiantes, ao mesmo tempo que soltaram um suspiro de alívio. E depois desataram a rir-se da desgraça da Bruxa.
Fui contagiado pela sua alegria e soltei uma gargalhada sonora e confiante.
- Descobrimos que o corvo afinal é uma fada - revelei eu.
As três criaturas abafaram uma exclamação de admiração., levando as minúsculas mãos à boca. Não queriam acreditar e o seu olhar tornou-se confuso.
Calmamente, eu contei-lhes a história de Arabel.
- É vil, a sua história - opinou Lucy.
- Sim - digo, simplesmente.
- O que é que o Príncipe pensa agora fazer com ela? - perguntou Fabiola.
Encolhi os ombros com um ar preocupado.
- Não sei ainda. Ela é perigosa! Enquanto, estiver na masmorra é menos um inimigo que tenho. Mas pensando bem...
- O quê? O quê, Príncipe? - perguntaram elas, em coro, ansiosas.
- Podíamos colocar a Princesa Maria na casa da floresta e induzir a Arabel em erro. Ela irá correr, quer dizer, voar para contar à Bruxa do falso paradeiro de Aurora. E desde aí a Bruxa terá sempre os olhos postos na falsa Aurora.
- É uma boa ideia - concordou a minha madrinha. - Assim, a Malévola terá sempre as atenções concentradas na Princesa Maria e a Princesa Aurora poderá estar realmente a salvo no castelo de Monforte.
- Precisamos encontrar a Princesa Maria e fazer a troca o mais rápido possível. Só ai é que poderei libertar a fada com penas. Mas... Antes queria-me casar - disse a última parte com algum queixume.
- Oh, sim! Será um lindo casamento, meu Príncipe, verá! - exclamou Fabiola, agitando a varinha e lançando brilhos.
"Se a Rosa der o sim", pensei para mim próprio e entristeci.
- Casado ou solteiro, aguardo-vos no castelo de Monforte para receber a Aurora. Assim que encontrarem a Princesa Maria procedam à troca e avisem-me logo.
- Sim, meu Príncipe!
- Até breve, espero eu! - despedi-me, com um sorriso nos lábios assombrado pelo desgosto de a Rosa não quer casar comigo.
- A próxima vez que nos encontrarmos com o Príncipe Filipe será no altar para lhe entregar a nossa menina - disse Lucy com ar divertido.
- É o que eu mais desejo - atalhei.
- Vai correr tudo bem, Príncipe. Ergueremos uma capela na floresta para o casamento - garantiu-me Dulce, com um piscar de olho.
Pisquei-lhe o olho em troca. As três fadas levantaram voo, mergulharam numa profunda vénia e desapareceram no horizonte.
Os meus aposentos que se tinham tornado num quarto de conspirações contra a Bruxa mergulharam num profundo silêncio que me levantava dúvidas, mas também me trazia esperanças.
