Capítulo XIX

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Olá! Mais um capítulo para compensar-vos! 😉🤴

Tem uma música que se identifica com este capítulo e o próximo. Ele pode ter respostas.

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"Nada acontece duas vezes da mesma maneira".

C.S. Lewis, Crónicas de Nárnia



Abandonei Aragão para ir para a floresta, para mais um encontro com a minha amada, Rosa, cavalgando à velocidade do vento.  Desta vez, ia com o coração inquieto e o pedido de Rosa não me abandonava: "Fala-me um pouco sobre ti". Será que hoje me iria voltar a fazer o mesmo pedido? Provavelmente.  Qual seria a sua reacção ao descobrir que eu era um príncipe? Deus me ajude!

No mesmo sítio de sempre, debaixo de um carvalho, lá estava ela à minha espera. Sorri-lhe para esconder o que me ia na alma. Pela primeira vez, senti medo ao vê-la. Medo que ela voltasse a fazer o pedido de ontem. Medo de ter de lhe contar a verdade. Saltei agilmente do Vendaval e corri para ela. Precisava tanto dela como o ar que respiro!

- Filipe.

Adorava ouvir o meu nome dito por ela. Fascinava-me. Só ela tinha esse poder.

- Meu amor... - aproximei-me dela, rosto com rosto. -, não aguento estar longe de ti. Passo o dia a contar as horas que faltam para te ver - murmurei.

Rosa deu-me o seu sorriso encantador, aquele sorriso que inexplicavelmente me arrebata o coração. Rodeei-a pela cintura e inclinei-me para os seus cabelos para sentir a sua fragância. Tem um cheiro quente, como o chá acabado de fazer. E aquece-me.

- Vieste, Filipe - disse ela tão baixinho, que mal se ouvia.

Era um desabafo. Sentia-se insegura por eu ter faltado ao nosso último encontro.

-Eu volto sempre para ti. Sempre.

Ela não sabia nem tinha como imaginar que eu vivi oitenta anos sem si, desafiei o meu destino e amaldiçoei-me para voltar para ela. Faria o que fosse preciso para voltar sempre para ela.

Vi as suas ganharem um pouco de cor e Rosa pestanejou para fugir ao meu olhar.

- E tu, Rosa, estarás sempre à minha espera? - perguntei como um rapazito perdido de amores.

- Sim! Eu esperarei sempre por ti.

Ri alto, porque me sentia o príncipe mais feliz do mundo. Também seria o príncipe mais afortunado se conseguisse vencer a Bruxa! Imaginava a minha vida ao lado da Rosa como Aurora. Tínhamos tudo para ser felizes!

Inclinei-me e os nossos lábios uniram-se como imanes. Ela esperava tanto por este beijo quanto eu. Por alguns momentos, perdemo-nos um no outro, na profundidade do nosso beijo. E quando nos afastamos olhamos um para o outro. 

- Hoje, pensei que podíamos dar um passeio no Vendaval. Que achas, meu amor? - sugeri eu. 

- Como os príncipes fazem com as suas princesas? Iremos os dois montados no teu cavalo?

O meu sorriso esmoreceu. Era como se Rosa descobrisse o meu segredo. Obriguei-me afastar esse medo.

- Sim. Já alguma vez montaste nalgum cavalo?

- Não. As minhas tias só tem um burro, o  Cenourico. Já cavalguei muitas vezes com o Cenourico pela floresta.

- Então, hoje, irás andar a cavalo!

- Com um príncipe!? - atalhou ela, rindo, enquanto corria para o Vendaval.

Só consegui sorrir-lhe.  Apesar de ser uma brincadeira, o medo atormentava-me.

O AMOR NÃO DORMEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora