Capítulo XIX

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- És tão bonito, Vendaval - ela afagou-lhe o pescoço, várias vezes. Voltou o rosto na minha direcção. - É branco como um cavalo de um príncipe.

Apenas, abanei a cabeça afirmativamente para o confirmar. Queria tudo menos falar de príncipes. Onde é que ela iria buscar estas informações? Deveria ser nos livros que as madrinhas lhe davam para ler e estudar. Quando me preparava para a ajudar a montar, fui surpreendido.

- Fala-me sobre ti, Filipe - pediu docemente. - Sei tão pouco a teu respeito. Parece que tu me conheces melhor a mim do que eu a ti. Eu quero-te conhecer.

Quase fiquei sem ar ao ouvir isto. Para disfarçar o meu nervosismo passei a mão pelo cabelo como estivesse a compor a franja. 

- Nós estamos a conhecer-nos, Rosa. Porquê é que não deixamos as coisas aconteceram naturalmente?

Vi a sua testa ganharem duas linhas suaves.  Estava pensativa. Rosa permaneceu calada e afagou duas vezes o pescoço do Vendaval. Aquele silêncio era constrangedor. Bolas! 

- Rosa? - chamei, ao fim de pouco tempo, porque não suportava aquele silêncio entre nós e queria saber o que ela estava a sentir.

Ela ergueu o rosto para mim e vi tristeza no seu olhar.

- Não compreendo. Eu estou a pedir-te algo tão simples... Porquê é que tens tanto receio, Filipe? Afinal quem és tu? 

Engoli em seco. Se fosse uma dama em apuros fingia um desmaio. Deus, o que é que eu faço agora?

- Só sei que és rico, porque é algo que tu não consegues esconder - apontou para as minhas vestes e para o Vendaval. Sim, até o Vendaval me denunciava pela sua aparência  e pelas rédeas de bom cabedal. - E sei que te chamas Filipe. É só isto que eu sei. É tão pouco, tens que concordar comigo!

Queria dizer algo, mas gaguejei. Bolas! Não sabia o que lhe dizer e nem estava a conseguir encontrar as palavras certas.  Rosa observava-me serenamente, aguardando. A breve brisa que corria pela floresta agitava o seu vestido verde. Hoje, ainda nem tinha reparado que tinha um vestido novo, o mais bonito que lhe já lhe vi, sem ter o tecido gasto nem remendado, mas o tecido era de fraca qualidade. 

-Eu... Eu vivo com os meus pais e... e os nossos criados. Temos imensos criados... - contei eu, sem tirar os olhos dela para estudar a sua reacção. Como era de esperar, ela não se mostrou surpreendida. - Sou filho único. Ah, também vivo com a minha madrinha. Ela irá gostar muito de ti, Rosa - aproximei-me dela e peguei-lhe na mão. - Queres conhece-la? Ela é como uma mãe para mim.

Tentei mudar o rumo da conversa.  A minha madrinha era a única pessoa que lhe podia apresentar e assim poderia acalma-la.

- Julgo que ainda não é altura certa. Tu também ainda não conheces as minhas tias. Não devemos apressar as coisas.

- Hum... Como tu quiseres, meu amor - beijei-lhe a mão, sorri e rezei que ela ficasse satisfeita contente com aquilo que lhe contei.

- Agora, fala-me de ti. Já sei que és um nobre. Como é o teu apelido? Pertences a que família? - a curiosidade iluminava-lhe os olhos e o sorriso. 

Naquele momento, perdi a cor e fiquei pálido como se tivesse sido atingido por uma flecha perdida da floresta. Não havia como fugir e não lhe podia mentir.

- Eu... Eu...

Por estas duas razões: eu não conseguir vencer a Bruxa e ela rejeitar-me por ser um príncipe, não queria que ela soubesse a verdade a meu respeito. Como o meu novo passado era tão diferente do outro! Parecia-me que não se vive a vida duas vezes da mesma maneira. Coragem, Filipe! Respirei fundo e falei rápido:

- Eu sou o Príncipe Filipe de Aragão.

Rosa cambaleou como se tivesse perdido as forças nas pernas.

- Meu amor? - quis segura-la, mas ela afastou-se de mim.

- Um príncipe... Um príncipe... - parecia que ela falava mais para si própria do que para mim.

- Sim, eu sou um príncipe. Mas isso não muda nada entre nós! Os príncipes são ricos, sim... hã... Mas tu já sabias que eu era rico - tentei simplificar este assunto.

Vi desilusão no seu rosto. Oh, não...

- Tu és mais do que eu pensei que fosses. Nunca imaginei que fosses um príncipe! - ela agarrou um pedaço de vestido nas mãos e apertou-o com força.

 Nunca imaginei que fosses um príncipe! - ela agarrou um pedaço de vestido nas mãos e apertou-o com força

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- Tu também és mais do que aquilo que eu pensei que fosses... - Rosa ficou boquiaberta, porque não me compreendia. Ela não sabia a verdade! - És o meu amor, Rosa! És o meu sol. O sol que ilumina a minha vida. És a minha a lua, as minhas estrelas... Sem ti, eu não tenho vida. Do que é que me serve ser um príncipe, ser rico, se não te posso ter a ti e ao teu amor? - levantei os braços para o céu em tom de indignação.

Rosa ficou paralisada.  Queria-me aproximar, mas fui impedido, porque ela pousou uma mão no meu peito. Estávamos à distância de um braço.

- Rosa, eu continuo a ser o mesmo Filipe que conheceste

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- Rosa, eu continuo a ser o mesmo Filipe que conheceste. Ser príncipe não muda nada.

- Um dia serás rei - constatou ela, com tristeza. - Tu disseste que que eras filho único.

Maldição. Ela esteve atenta a tudo  o que lhe contei.

- Sim, é verdade. E todos os reis precisam de uma rainha - tirei a sua mão do meu peito para a segurar na minha mão e ajoelhei-me. - Queres ser a minha princesa, Rosa? Queres casar comigo?

Continua....

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O que acharam deste capítulo? Quais são as vossas expectativas para este pedido de casamento?

beijinhoooooooooooooooooooooos😘





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