Uma segunda chance

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Gretchen abriu os olhos lentamente e percebeu que a arma havia falhado. Não podia acreditar que aquilo tudo estava acontecendo com ela. Começou a chorar e Emma a algemou.
- Não era a sua hora. – disse Emma.
Gretchen foi levada para prisão por Jefferson.
- Você é um traidor! - disse Gretchen.
- Traidor eu seria se eu não a entregasse. – disse Jefferson.
- Eu deveria ter desconfiado de você! – disse Gretchen.
- Ainda bem que não desconfiou. – disse Jefferson.
Regina foi levada a um hospital, estava bastante ferida e Emma a acompanhou. Depois de algum tempo Regina acordou da anestesia, abriu os olhos lentamente e viu um rosto que amava ver.
- É muito bom acordar e ver tão belos olhos. – disse Regina sorrindo.
Emma selou os lábios de Regina, dando um beijo doce e demorado.
- Como você está? – perguntou Emma retribuindo o sorriso.
- Estou me sentindo bem. Quanto tempo eu dormi? – perguntou Regina.
- Umas 2 horas, tiveram que fazer uma cirurgia no seu braço, está extremamente fraturado. – disse Emma.
- Gretchen me deu uma surra... onde ela está? – perguntou Regina.
- Você não se lembra? Ela tentou se matar mas a arma falhou. – disse Emma.
Kristin bateu na porta.
- Pode entrar. – disse Emma.
- Olá! Como está a minha chefe? – perguntou Kristin segurando Emily no colo.
Emma estendeu os braços para pegar a garotinha.
- Estou bem! Quem é essa garotinha linda? – perguntou Regina.
- Não reconhece esses olhos? – perguntou Emma.
Regina observou bem e lembrou-se de alguém.
- Não me diga que é a filha da Gretchen? – perguntou Regina.
- Pois digo. – disse Emma.
- Qual é o seu nome, amor? – perguntou Regina a garotinha.
- Emily. – respondeu sem temer.
- Emily? Que nome bonito! Eu sou Regina. Quantos anos você tem? – perguntou Regina.
A garotinha usou os dedinhos para indicar a sua idade.
- Quatro? Está uma mocinha! – disse Regina.
A menina começou a rir.
- Você machucou o braço? – perguntou Emily.
- Sim, mas vou me curar. – disse Regina.
- E a testa? – perguntou Emily apontando o dedo.
- Também. – disse Regina.
- Ela fala tão certinho pra idade dela, não é?  - perguntou Emma admirando Emily.
- É mesmo... – disse Regina.
- Vou deixar vocês a sós. – disse Kristin.
- Obrigada por ter cuidado dela. – disse Emma.
- Por nada. – disse Kristin.
Emily adormeceu no colo de Emma.
- Você fica bem nesse papel de mãe. – disse Regina.
- Sério? – perguntou Emma.
Regina assentiu.
- Por que ela está com você? – perguntou Regina.
- A irmã da Gretchen, que cuidava dela, morreu. Procurei por parentes e são inexistentes, e a mãe foi presa. – disse Emma.
- Então ela está sozinha? – perguntou Regina.
- Está sim. Lily atirou na irmã de Gretchen e ela morreu na hora... A gente podia ficar com ela... – disse Emma.
- Adotá-la? E a mãe dela, o que pensaria? – perguntou Regina.
- Ela não vai poder cuidar da filha estando presa, e ela iria para um orfanato e isso deve ser horrível. – disse Emma.
- Nós duas sendo mães? Estou começando a gostar da ideia. – disse Regina.
- Sim, podemos conversar com Gretchen, a pena dela não será maleável. – disse Emma.
- Você se apegou a ela tão rápido... e ela sentiu-se à vontade com você, acho que podemos educá-la e amá-la juntas... – disse Regina.
- Você não teme por ela ser filha de Gretchen e Isaac? – perguntou Emma.
- O quê quer dizer? Ela tornar-se como eles? – perguntou Regina.
- Sei que isso parece um pouco preconceituoso da minha parte, mas é isso mesmo. – disse Emma.
- Ela pode herdar a inteligência dos pais, e nós podemos ajudá-la a usar isso para o bem! Mas não podemos impedir de ela ser quem ela é, esse não é o nosso papel. Como mães vamos orientá-la. Você é quem é hoje graças a quê? – perguntou Regina.
- Por escolher seguir os conselhos dos meus pais, por escolher ser algo que eu gosto e ser algo que eu sempre quis ser. – disse Emma.
- Seu pai era policial, você escolheu ser policial porque o admirou pelo que ele era, e por ter tido afinidade com a profissão, você poderia ter se tornado qualquer outra coisa, mas escolheu ser policial. Está entendendo o que eu quero dizer? – perguntou Regina.
- Sim, que as nossas escolhas fazem quem somos. – disse Emma.
- Exatamente! Então acho que podemos fazer isso juntas. – disse Regina.
- Eu te amo pelo que você é, Regina! – disse Emma.
- Eu também te amo! – disse Regina.
O celular de Emma tocou.
- Oi mãe! – disse Emma.
- Oi mãe? É assim que você me atende? Com essa tranquilidade toda? Eu estava passando mal com todas essas notícias no jornal! Onde você está? Cadê a Regina? – perguntou Mary.
- Quantas perguntas! Respira, mãe. Estamos no hospital... – disse Emma sendo interrompida.
- HOSPITAL? O QUÊ ACONTECEU? – perguntou Mary.
- HOSPITAL? – assustou-se David.
- Calma! – pediu Emma.
- COMO CALMA? DEPOIS DAQUELA BAGUNÇA QUE VI? POR QUE ESTÁ NO HOSPITAL? – gritou Mary.
- Hospital? O que está acontecendo? – perguntou David.
- CALA BOCA, DAVID, EU NÃO CONSIGO OUVIR NADA! – gritou Mary.
- Mãe, eu não sou surda! A Regina fraturou o braço e teve que fazer uma cirurgia! – disse Emma.
- ELA ESTÁ BEM? – gritou Mary.
- Para de gritar! Ela está bem. – disse Emma.
- Qual hospital vocês estão? – perguntou Mary.
- HWDC. – disse Emma.
- Nós estamos indo. – disse Mary.
- Ela está histérica. – disse Emma desligando o celular.
- Está preocupada. – disse Regina.
Zelena estava ligando no celular de Regina que estava com Emma.
- Agora é a sua irmã. – disse Emma.
- Deixa eu atender. – pediu Regina.
- Gina, eu estava acompanhando as notícias com a mamãe e estamos todas apreensivas aqui, onde você está? – perguntou Zelena.
- Não se preocupem, estou no HWDC. – disse Regina.
- Por quê?  - perguntou Zelena.
- Fraturei o braço, mas estou bem. – disse Regina.
- Que ótimo, você sairá hoje? – perguntou Zelena.
- Creio que sim. – disse Regina.
- Iremos visitá-la amanhã então. Beijo. – disse Zelena.
- Beijo. – disse Regina.
- Não sei como Emily não acordou depois desse barulho todo. – disse Emma.
- O sono está pesado, ela não pergunta pela mãe? – perguntou Regina.
- Pergunta pela tia Rita, tadinha! – disse Emma.
- Gretchen provavelmente não participava muito da vida dela. – disse Regina.
- É o que parece... – disse Emma.
- Mas agora ela tem duas mães. – disse Regina.
Mary Margareth e David adentraram no quarto gritando.
- Falem baixo!! Vocês vão acordar a Emily. – disse Emma.
- Emily? Quem é essa garotinha? – perguntou Mary.
- É uma longa história, depois  conversamos. – disse Emma.
- Regina, como você está? – perguntou David.
- Estou bem, obrigada! – disse Regina.
- A nossa profissão tem dessas, não dá pra sair ileso a vida inteira, sempre nos deixa alguma lembrança. – disse David segurando na mão de Regina.
- O que foi na testa? – perguntou Mary.
- Um corte feito por um vaso, nem tenho ideia de como está... – disse Regina.
- Deu cinco pontos. – disse Emma.
- Foi um corte grande. – disse Mary.
- Só espero que não fique uma cicatriz horrorosa. – disse Regina.
O médico passou para liberar Regina, receitou os remédios que deveria tomar e lhe deu alta. Mary e David foram embora.
- Precisamos comprar algumas coisas para ela. – disse Regina.
- Vou te levar em casa e eu mesma compro, você precisa descansar. – disse Emma.
- Eu estou bem, eu dormi por algum tempo no hospital, quero fazer isso  com você. – disse Regina.
Emma sorriu e segurou a mão de Regina.
- Eu vou pra casa de vocês? – perguntou Emily.
- Nós vamos cuidar de você! – disse Emma.
- E onde está a minha tia? – perguntou Emily.
Emma e Regina entreolharam-se.
Regina abaixou na altura de Emily e respirou fundo antes de falar.
- Emily, você sabe como uma plantinha nasce? – perguntou Regina.
- Sei, eu plantava em vasos com a minha tia Rita. – disse Emily.
- Quando você  coloca uma sementinha na terra ela nasce, depois cresce, envelhece e morre... – disse Regina.
Emily não estava entendendo a comparação.
- As vezes podem acontecer coisas com essa plantinha, e ela é arrancada de nós e não pode voltar... mas nós podemos ter outras plantinhas para amar. E a sua tia foi como uma plantinha que não pôde continuar  a crescer. – disse Regina.
- Então a minha tia não pode voltar... – disse Emily derramando uma lágrima.
- Infelizmente não, mas nós estamos aqui para cuidar e amar você! – disse Regina.
Emma também estava na mesma altura do que Emily.
- Você gostaria de ficar com a gente? – perguntou Emma.
A menina apenas assentiu com os olhos marejados.
- Agora você tem duas mamães. – disse Regina passando a ponta do dedo no nariz da garotinha.
Emma e Regina abraçaram Emily juntas, deram um beijo na garotinha e foram comprar roupas, objetos pessoais e alguns brinquedos.
- Eu sei que não foi uma boa maneira de explicar mas eu nunca lidei com crianças e espero que não tenha traumatizado a menina. – disse Regina para Emma sem que Emily ouvisse.
- Não, você foi muito bem, eu não consegui pensar em nenhuma maneira menos impactante de explicar a ausência da tia dela. – disse Emma.
Regina abraçou Emma.
- Estamos aumentando a nossa família. – disse Regina.
- Estou feliz por isso, o que eu mais queria era formar uma família com você. – disse Emma.
- Apesar de estar com medo, sei que com você seremos mais fortes para cuidar dela. – disse Regina.
- Tenho certeza disso, vamos curtir a nossa filha. – disse Emma.
Emma e Regina compraram uma babá eletrônica e organizou o quarto de Emily, pelo menos o básico até terem mais tempo para arrumar tudo. Jantaram fora.
- Precisamos contratar alguém para cuidar dela enquanto estivermos trabalhando. – disse Regina.
- Posso fazer um anúncio e entrevistaremos alguém por esses dias. – disse Emma.
- Esse é o meu novo quarto? – perguntou Emily.
- É sim, você gostou? – perguntou Regina.
- Mas estou com medo. – disse Emily.
- De que, meu amor? – perguntou Emma acariciando os cabelos da menina.
- De ficar aqui sozinha no escuro. – disse Emily.
- Você dorme com a  luz acesa? – perguntou Regina.
- Sim. – disse Emily.
- Nós vamos deixar a porta aberta e a luz do corredor acesa, qualquer coisa que precisar é só chamar que nós ouviremos por esse aparelhinho aqui,  tá bom? – perguntou Emma.
- Está bem. – disse Emily.
- Promete para nós que não ficará com medo? – perguntou Regina.
Emily assentiu.
- Estaremos aqui para proteger você. – disse Emma colocando a menina na cama.
- Tá bom.... – disse Emily.
- Boa noite, Emily! – disse Regina.
- Boa noite. – respondeu Emily.
- Você não acha melhor ela dormir com a gente pelo menos hoje? – perguntou Emma.
- Não acho legal acostumar uma criança a dormir na cama dos pais, ou melhor, mães. Ela ficará bem, nós ouviremos se ela precisar de algo. – disse Regina.
- Tem razão... mas estou com pena dela. – disse Emma.
- Ela ficará bem. – disse Regina.
- Assim espero. – disse Emma.
- Eu preciso de um banho, que dia longo. – disse Regina.
- Eu te ajudo... – disse Emma ajudando Regina a despir-se.
Emma despiu-se também.
- Esse braço me dará trabalho por algum tempo. – disse Regina.
- Mas estou aqui pra te ajudar. – disse Emma ligando o chuveiro para Regina.
- Eu sei, amor! Obrigada por estar sempre  ao meu lado e tornar os meus dias mais felizes. – disse Regina.
- Somos felizes juntas. – disse Emma ajudando Regina a ensaboar-se.
- Deixa eu tirar esse curativo, vai molhar. – disse Regina.
- Eu tiro pra você. – disse Emma.
- Deixa eu ver no espelho.  – pediu Regina.
- Acho que não ficará uma cicatriz visível não, é só a gente cuidar. – disse Emma.
- Nossa! Está horrível. – disse Regina.
- Meu amor, logo passa, você tirará esses pontos e vamos passar a pomada cicatrizante. – disse Emma.
- Que bom que você é otimista por nós duas. – disse Regina.
Emma beijou Regina. Finalizaram o banho e logo deitaram-se.
Emma ficou encarando Regina.
- Estou tão feia assim? – perguntou Regina.
- Feia? Impossível você ficar feia, estou admirando cada traço do seu rosto e pensando no quanto eu a amo. – disse Emma acariciando o rosto de Regina.
- Está falando isso só pra eu me animar. – disse Regina.
- Eu não mentiria pra você! Não confia em mim? – perguntou Emma.
- Claro que eu confio. Você que é linda! – disse Regina beijando Emma.
No dia seguinte, Gretchen ligou para Regina e pediu para conversarem e levar Emma junto. Sentaram na sala de visitas frente a frente com Gretchen algemada.
- Eu sei que a minha irmã morreu e que minha filha está com vocês... – disse Gretchen.
- Quem te contou? – perguntou Regina.
- Jefferson me disse mas isso não é importante. Eu sei que daqui eu só saio morta, a minha sentença é pena de morte e minha filha não tem mais ninguém no mundo. Talvez seja pedir muito depois de tudo que eu fiz a vocês e a outras pessoas, mas eu quero pedir a vocês para cuidarem de Emily. – disse Gretchen.
- Ela será amada. – disse Emma.
- Eu a deixava com Rita para não ter nenhuma influência ruim da mãe dela, eu sempre quis que ela fosse uma pessoa boa e não seguisse o mesmo caminho que eu segui. Rita era uma mulher boa, lamento a morte dela, eu havia passado a guarda de Emily para ela e como eu não poderei nunca ser a mãe dela, eu quero saber se vocês aceitariam a guarda da minha filha? – disse Gretchen deixando uma lágrima escorrer.
- A menina não tem culpa de nada e é claro que cuidaremos dela como se fosse nossa filha, será a nossa filha... – disse Regina.
- Apesar de duvidarem eu a amo. – disse Gretchen.
- Sabemos que sim. – disse Regina.
- Talvez aquela arma tenha falhado para que eu tivesse tempo de me arrepender de tudo que fiz, para que eu pudesse pedir perdão a vocês. A você Regina por ter matado o seu pai, por ter te enganado e tudo mais... e a você Emma, por ter te ferido tanto em relação a Regina... – disse Gretchen.
- Não se preocupe, a sua filha estará em boas mãos. – disse Emma.
- Eu não tenho dúvidas... Mas eu quero saber se eu tenho o perdão de vocês? – perguntou Gretchen.












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