Cegueira

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Emma ligou para Lily porque agora queria tirar aquela história a limpo, pelo menos para não ficar com coisas mal resolvidas do passado. Não ligou antes para não deixar Regina com ciúmes, mas agora não fazia mais sentido evitar aquele encontro necessário.
- Eu sabia que um dia me procuraria! – disse Lily.
- Não te procurei para reatar e nem nada, apenas preciso saber o que aconteceu... – disse Emma.
- Que pena... Sua namorada não sabe que está aqui? – perguntou Lily.
- Não vem ao caso! Estamos aqui pra falar sobre o que aconteceu no passado. – disse Emma.
- Nossa! Por que está tão nervosa? – perguntou Lily.
- Estou calma! – disse Emma.
- Eu pago uma bebida pra você, mas parece que já bebeu... – disse Lily.
- Me conte a verdade, não me enrole! – pediu Emma.
Lily chamou o garçom e pediu dois drinks.
- Bom... Não contei sobre isso nem para minha mãe, mas acho que você merece saber o porquê de eu ter sumido. – disse Lily.
- Por que eu mereço e ela não? – perguntou Emma.
- Porque eu não quero que ela sofra e você precisa compreender o que realmente aconteceu. – disse Lily.
- Por que ela sofreria? O que você aprontou? Nunca se abria comigo ou com ninguém... – disse Emma.
- Porque eu estava sendo mantida em cativeiro, fui levada por algumas pessoas e elas queriam testar uma coisa em mim... – disse Lily.
- Como assim? E por que nunca ninguém te procurou? Sua mãe é agente federal e você foi sequestrada e nunca foram atrás de você? – perguntou Emma.
- Porque eu deixei uma carta para ela dizendo que iria viajar pelo mundo,  para que não me procurasse e que não daria notícias. – disse Lily.
- Não faz sentido, por que deixou a carta? Sabia que seria sequestrada? – perguntou Emma.
- Eles me ofereceram dinheiro para ser cobaia, deixei a carta para não me procurarem porque assim foi o combinado, mas não me deixaram sair. – disse Lily.
- Mas o que fizeram com você? – perguntou Emma.
- Se eu contar você não acreditaria... – disse Lily.
- Tente! – disse Emma.
- Não posso, tenho medo de que me encontrarem de novo. – disse Lily.
- Eu posso ajudá-la! Nós do FBI podemos ajudar... – disse Emma.
- É melhor você não se meter com isso, vi coisas terríveis lá! – disse Lily.
- Mas alguém tem que parar essa gente! – disse Emma.
- É melhor você não saber, ficará segura, eu ficarei segura e minha mãe ficará segura não sabendo desta história. Mas eu queria que soubesse que eu a abandei não porque deixei de te amar e sim porque eu precisava participar daquilo e precisava do dinheiro, mas quebrei a cara porque não foi o que pensei e não pude voltar antes... – disse Lily.
- Mas como conseguiu sair de lá?  - perguntou Emma.
- Me liberaram depois do que fizeram comigo, mas não posso comentar sobre o assunto. – disse Lily.
- Mas não consigo ver nada em seu corpo, nenhuma marca, nenhum vestígio de alguma experiência. – disse Emma.
- Não é algo visível a olho nu, não posso mostrar... – disse Lily.
- Só espero que algum dia esteja pronta para contar sobre isso, é importante pegarmos os culpados. – disse Emma.
- Não posso... – disse Lily.
- Tem algo a ver com a Genese’s? – perguntou Emma sussurrando.
- Como sabe disso? – perguntou Lily.
- Ouvi boatos... – disse Emma.
- Não repita esse nome em lugar algum... – disse Lily sussurrando.
- Por quê? – perguntou Emma.
- Eles tem olhos e ouvidos em todos os lugares... – disse Lily.
- Tá eu não vou insistir nesse assunto com você. – disse Emma.
- Emma, eu sinto sua falta... – disse Lily.
Emma suspirou.
- Pena que as coisas tomaram esse rumo, hoje o que sinto por você é apenas amizade. – disse Emma.
- Você não está usando mais aliança, está solteira? – perguntou Lily.
- Não quero falar sobre isso... – disse Emma.
- Tudo bem! – disse Lily.
- Você está diferente... – disse Emma.
- Diferente como? – perguntou Lily.
- Não sei... Não parece mais a mesma pessoa de antes. – disse Emma.
- Isso é ruim? – perguntou Lily.
- Não, apenas diferente! – disse Emma.
Lily pegou na mão de Emma.
- Você não parece bem... – disse Lily.
- Problemas... – disse Emma.
- Posso ajudá-la a esquecer. – disse Lily.
- Impossível. – disse Emma sem soltar a mão de Lily.
- Vamos nos sentar aqui. – disse Regina a Zelena.
- Não, eu prefiro um lugar mais isolado. – disse Zelena.
- Você é anti-social nem parece psiquiatra. – disse Regina.
- Só quero mais privacidade é diferente! – disse Zelena.
- Pra chorar? Porque eu estou precisando. – disse Regina.
- Sim, vamos chorar. – disse Zelena.
- Garçom, traga duas tequilas. – pediu Regina.
Sem muita demora as bebidas foram servidas.
- Nunca pensei que nós duas fôssemos sofrer por uma mulher... – disse Zelena.
- Você pelo menos sabe o que aconteceu, eu nem sei o que se passa na cabeça da Emma. – disse Regina.
- Você ligou para ela? – perguntou Zelena.
- Não me atende... - disse Regina entristecida.
- Eu nem tentei ir atrás da Ruby depois que terminamos... – disse Zelena.
- Você a ama? – perguntou Regina.
- Agora que ela está longe, percebo o quanto a amo... – disse Zelena.
- Deveria mostrar a ela que está disposta a mudar. – disse Regina.
- Um brinde ao nosso sofrimento! – disse Zelena brindando com Regina.
- Achei que brindaria meu casamento e não uma separação. – disse Regina.
- Regina, nunca pensei que Emma faria isso com você. – disse Zelena.
- Ela só pode ter ficado com alguém e não quer me dizer, porque eu não fiz nada para ela me falar tanta idiotice. – disse Regina.
- Já pensou que alguém pode ter plantado alguma discórdia entre vocês? – perguntou Zelena.
- Eu pensei nessa possiblidade, mas o que diriam para ela acreditar em alguma besteira de uma hora para outra? – perguntou Regina.
- Eu não sei, talvez algo bem bolado... – disse Zelena olhando em direção a uma mesa que estava no canto esquerdo próxima ao banheiro.
- Mas ela não conversa comigo, fica difícil resolver. – disse Regina.
- Talvez seja outra coisa... – disse Zelena.
- O que tanto olha? – perguntou Regina.
Zelena respirou fundo.
- É melhor não olhar. – disse Zelena.
Regina virou-se e viu Lily segurando a mão de Emma, seu sangue ferveu no mesmo instante e virou o copo de tequila levantando-se.
- Regina, não faça nenhum escândalo! – disse Zelena.
- Me deixa! – disse Regina indo em direção a mesa de Emma e Lily.
Zelena tentou impedir novamente mas não conseguiu.
- Então é por isso que você está me dispensando! – disse Regina.
- O que está fazendo aqui? – perguntou Emma.
- Eu que te pergunto! Me chamou de cínica e estamos vendo que a única cínica nessa história é você! – disse Regina.
- Você vai continuar mentindo? Fingindo que nada aconteceu? – perguntou Emma.
- Que raios tanto diz que eu estou fingindo? – perguntou Regina.
- Você estava ontem com Gretchen! – disse Emma.
- Gretchen? Ela apenas dirigiu para mim até em casa. – disse Regina.
- Vou deixá-las conversar. Se quiser me procurar, eu estarei disponível.– disse Lily a Emma.
- Vagabunda! Na minha frente fala pra você procurá-la... – disse Regina.
- Ela só te levou pra casa? Eu vi, Regina, ela estava na cama com você! – disse Emma.
- Você está louca?  - perguntou Regina.
- Não negue! – disse Emma.
- Mas eu não estava na cama com ela! – disse Regina.
- Continua mentindo! – disse Emma.
- Eu não estou mentindo! – disse Regina.
- Aquelas garrafas de vinho espalhadas pelo quarto? Aquelas roupas jogadas pelo chão e ela deitada ao seu lado foi o quê? – perguntou Emma.
- Você tá louca? Eu estava dormindo e não tinha garrafa alguma no quarto. – disse Regina.
- Como não?  Eu vi! – disse Emma.
- Seja sincera comigo, está inventando isso para voltar com Lily! Você disse que a amava... – disse Regina.
- Regina, por favor, a traída aqui sou eu! – disse Emma.
- Eu só lembro de ter tomado um comprimido para dor e ela ter dirigido para mim e eu dormi, não aconteceu nada. – disse Regina.
- E depois você bebeu demais e não se lembra do que fez! – disse Emma.
- Eu não fiz nada com a Gretchen! – disse Regina.
- Quer saber? Não vou mais ouvir! – disse Emma virando as costas.
Regina voltou para mesa com Zelena.
- É impossível conversar com ela! – disse Regina.
- Quem era aquela mulher? – perguntou Zelena.
- Uma ex da Emma. – disse Regina.
- Ela mal terminou com você e já procurou a ex? – perguntou Zelena.
- Eu não quero pensar nisso. – disse Regina.
- Emma precisa acordar! – disse Zelena.
Estavam tão cegas pelo ciúmes que em momento algum perceberam que aquilo não passou de um plano maligno para separá-las. Gretchen limpou toda bagunça antes de sair, não deixou nenhum vestígio para que Regina desconfiasse.
Cora não queria decidir algo de um momento para outro, precisava pensar, não queria ferir Henry.
- Henry não é algo descartável, tenho uma vida com ele. – disse Cora.
- Por enquanto ele é o nosso único impedimento. -  disse Ingrid.
- Deixe-me pensar. – disse Cora.
- Eu faria qualquer coisa para tê-la de novo. – disse Ingrid.
- As coisas não funcionam assim. – disse Cora.
No dia seguinte, Regina chegou mais cedo para conversar com Gretchen.
- Eu preciso que me diga quanto tempo ficou em minha casa? – perguntou Regina.
- Eu apenas a deixei na cama, porque não estava se aguentando em pé e fui embora. – disse Gretchen.
- Tem certeza? – perguntou Regina.
- Sim. – disse Gretchen.
- Que remédio você me deu? – perguntou Regina.
- Um relaxante muscular. – disse Gretchen.
- E por que eu dormi daquele jeito? – perguntou Regina.
- É um efeito colateral, apresenta em algumas pessoas, é normal. – disse Gretchen.
- Se eu descobrir que você armou qualquer coisa para que Emma pudesse separar de mim, eu não responderei por mim! – disse Regina.
- Acho que sua namorada está imaginando coisas... – disse Gretchen.
Alguém bateu na porta.
- Entre! - disse Regina.
- Regina, desculpe incomodá-la aqui... – disse Henry.
- Papai, o que houve? – perguntou Regina.
- Nada, eu só senti saudades e precisava vê-la. – disse Henry.
- Papai, me desculpe, eu não tenho visitado vocês ultimamente... – disse Regina.
- Acho que estou atrapalhando vocês. – disse Henry.
- Já falei o que tinha para falar com ela, essa é Gretchen, foi minha companheira de cela e agora é minha agente. – disse Regina.
- Prazer, Henry Mills. – disse Henry.
- Gretchen Morgan. – disse Gretchen retirando-se.
Emma chegou na hora que Gretchen estava saindo da sala de Regina, seu olhar foi fuzilador.
Gretchen fez questão de esbarrar no ombro de Emma.
- Não vou cair em suas provocações... – disse Emma.
Gretchen deu de ombros.
- Emma, posso falar com você? – perguntou August.
Emma não respondeu, apenas o seguiu.
- O que está acontecendo entre você e Regina? – perguntou August.
- Nós terminamos. – disse Emma.
- O que houve? – perguntou August.
- Algo muito sério e ruim do qual não quero lembrar... – disse Emma.
- Me conte, talvez eu posso ajudá-las, eu sei que vocês se amam... – disse August.
- Eu jamais vou perdoá-la pelo que me fez! – disse Emma.
- Do que  a acusa? – perguntou August.
- Me traiu com aquela mulherzinha ridícula que está com aquele sorriso estampado na cara... tenho tanta vontade de quebrar todos os dentes dela. – disse Emma.
- A Regina te traiu? Com ela? Eu não acredito nisso. – disse August.
- Eu vi, August! – disse Emma.
- O que viu? – perguntou August.
- Elas estavam em nossa cama, no dia que eu iria morar definitivamente com ela... – disse Emma.
- Já parou para pensar que Regina não seria tão burra de te trair na casa de vocês e no dia que ela estava te esperando? – perguntou August.
- Eu não sei, só sei que vi Regina dormindo e Gretchen abraçada com ela. Haviam garrafas de bebidas e roupas pelo chão. – disse Emma.
- Regina estava dormindo?  Estranho, não? – perguntou August.
- Mas aquela mulher não entraria na nossa casa sem a permissão dela. – disse  Emma.
- Emma, você não está pensando direito, se escute! Você conversou com a Regina? – perguntou August.
- Sim, mas ela negou tudo e a deixei falando sozinha. – disse Emma.
- Vocês duas não estão pensando direito, analisem a situação, percebam que essa história não faz sentido. – disse August.
Emma começou a pensar mas a raiva ainda era grande.
Regina abraçou Henry fortemente.
- Pai, estava com saudades, foi bom ter vindo. – disse Regina.
- Estava passando aqui por perto e resolvi vê-la. – disse Henry.
- Fez muito bem! – disse Regina.
Henry  beijou o rosto da filha.
- Gosto quando acaricia meu cabelo... – disse Regina.
- Ficarei aqui um pouco com você... – disse Henry.
- Obrigada. – disse Regina.
- Como está o seu relacionamento com Emma? – perguntou Henry.
- Mal, papai... – disse Regina.
- Quero vê-la feliz!  Você e Emma tem tudo para serem felizes... – disse Henry.
- Mas primeiro precisamos nos entender. – disse Regina.
- Se você a ama, vá atrás dela, converse, lute por ela... – disse Henry.
- Ela não quer conversar. – disse Regina.
- Insista! – disse Henry.
Passaram praticamente a manhã inteira juntos. Henry precisou ir para resolver alguns problemas da empresa.
Em uma rua isolada estava  ocorrendo uma movimentação estranha. Um homem implorando pela vida.
- Eu não fiz nada! – disse o homem.
- Conhece o protocolo, não deveria falar demais . – disse uma pessoa vestida de preto, com luvas e óculos escuros.
- Eu falei sem pensar... – disse o homem.
- Isso atraiu alguns xeretas e acabou nos expondo para quem não deveria... – disse a pessoa.
- Juro que não faço mais isso! – disse o homem
A pessoa deu dois disparos com uma arma de cano silenciador, atingindo na cabeça e no coração do homem.
Ao fim do expediente, Regina encurralou Emma.
- Precisamos conversar! – disse Regina impondo-se.
- Já falamos tudo que tínhamos para falar! – disse Emma.
- Chega! Não podemos agir igual crianças e fugir disto a vida inteira, quero pôr esse assunto a limpo agora! – disse Regina.
- Vai me obrigar?  - perguntou Emma.
- Não vou obrigá-la a nada, quero apenas que perceba o quão infantil está sendo a sua  atitude. Não me deixa falar, não me escuta, não acredita em mim. – disse Regina.
Emma lembrou-se do que August havia dito e resolveu dar uma trégua para o seus ciúmes.
Henry estava assustado, apressou-se para entrar em seu carro, acelerou para chegar em casa o mais rápido possível. Um carro o cercou, entrou em sua frente e o obrigou a frear. Uma mulher desceu e ordenou que ele descesse também. Estavam em uma rua sem saída e sem movimentação.
- Você? – Henry indignou-se com o rosto que acabara de ver.
- Surpreso? – perguntou a mulher atirando em sua cabeça.
Henry morreu no mesmo instante.

FixaçãoWhere stories live. Discover now