Homicídio

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Regina correu pelos corredores, se escondeu dentro de um armário e enviou uma mensagem no whatsapp de Emma.
“Fuja, precisa sair daqui, estão nos ameaçando” – dizia a mensagem.
Regina percebeu a movimentação dos homens de confiança de Trump e esperou eles saírem. Emma não havia visualizado a mensagem ainda. Regina tentou ligar mas não foi atendida. Mandou mais duas mensagens.
“Emma, saia daí urgente”
“Emma, me responda”
O barulho da manifestação era intenso, praticamente impossível de Emma ouvir alguma notificação de seu aparelho. Regina correu sem  ser vista e saiu pela porta dos fundos. Foi até o local onde combinou de encontrar Emma.
Uma mão cutucou o ombro de Emma por trás.
- Regina, já estava preocupada... Lily? – disse Emma surpresa ao virar-se.
Lily não deu tempo para que Emma processasse a informação, segurou em sua nunca e a puxou para o beijo. Regina deparou-se com aquela cena, ficou sem chão, não podia acreditar que Emma  a estava traindo com Lily, não depois de tudo que elas conversaram, que elas viveram. Não foi interromper e nem tirar satisfações. Despistou os seguranças de Trump e foi para casa.
Emma empurrou Lily mas era tarde, Regina já tinha visto a cena. Emma não tinha ideia de que Regina a viu com Lily.
- Lily, por que fez isso? – perguntou Emma limpando a boca.
- Esperei você ligar mas não ligou! – disse Lily.
- Eu tive os meus motivos para não ligar, não te procurei porque você ficou no passado e eu não quero reviver isso. – disse Emma.
- Eu sei que você gostava de mim, que eu fui embora sem dizer nada mas... eu tive meus motivos! – disse Lily.
- Assim como eu tenho meus motivos para não querer vê-la mais! – disse Emma.
- Me deixe explicar! – pediu Lily.
- Lily, você tem noção que se passaram 5 anos? E que depois disso eu tive outras pessoas e hoje eu tenho uma pessoa que não me imagino sem ela? – perguntou Emma.
- Pensei que me amasse... – disse Lily.
- Tudo tem limite! – disse Emma.
- Sim... mas se eu te contar o que houve, você  me perdoará... – disse Lily.
- Em outra ocasião, estou esperando Regina e ela não vai gostar de te ver comigo. – disse Emma.
- Então me ligue! – disse Lily.
- Já rasguei o seu número, não me interessa saber o que houve! – disse Emma.
- Por favor,  Emma. Eu não vou conseguir viver em paz comigo mesma enquanto você não souber o porquê de  tê-la abandonado.- disse Lily.
- Não fará diferença... – disse Emma.
- Fará sim, você me odiaria menos. – disse Lily.
- Cadê a Regina que  não volta... – disse Emma olhando para os lados.
- Você gosta mesmo dela. – disse Lily
- A amo. – disse Emma.
- Pense bem, ao menos para me perdoar... me ligue se mudar de ideia. – disse Lily entregando o número mais uma vez para Emma.
Emma suspirou, conversaria sobre aquilo com Regina, não queria que ela ficasse com ciúmes, esclareceria que ao menos precisava saber da versão de Lily dos fatos, para ficar em paz consigo mesma e seguir em frente, sem dúvidas e sem coisas inacabadas. Queria estar certa que estaria pronta para seguir em frente com Regina.
Lily foi embora. Emma olhou o celular e percebeu as chamadas perdidas de Regina, olhou as mensagens e a respondeu.
“O que houve?”
“Onde você está?”
Regina chegou em casa, estava nervosa com o assédio de Trump, com aqueles documentos falsos que ele tinha, com as ameaças dele e com a imagem de Emma beijando Lily. Sentou-se encostada na porta e começou a chorar de nervoso. As lágrimas lavavam sua alma. Regina sentia raiva, nojo e ciúmes ao mesmo tempo. Levantou-se para pegar um copo de uísque. Serviu-se e colocou gelo. Virou o copo quase que de uma vez e o calor subiu imediatamente por todo seu corpo. Bebeu outro copo, secou mais um até acabar a garrafa. Ela percebeu que aquilo não era o suficiente para curar a sua dor e foi até um bar.
Seu celular tocava sem parar, era Emma e ela não queria atender, estava nervosa demais para questioná-la sobre Lily naquele momento.
- Em que posso serví-la, minha bela dama? – perguntou o garçom.
Regina sentou-se no balcão, deixou a bolsa com sua arma do lado. Qualquer um que passasse poderia levar. O celular ficou em cima do balcão.
- Uma dose de uísque, por favor! – pediu Regina levemente alterada.
O garçom a serviu.
- Obrigada! – respondeu Regina já levando o copo na boca.
- Problemas com amor? – perguntou o garçom dando um de íntimo.
- Também...- disse Regina colocando o copo vazio sobre o balcão.
- O que ele te fez? – perguntou o garçom.
- Ele? O presidente? Quis me obrigar a ficar com ele... – disse Regina.
- Espera... o presidente é seu namorado? – perguntou o garçom.
- Não, você não entendeu. O presidente quis me obrigar a ficar com ele. – disse Regina com a voz um pouco distorcida.
- Que asqueroso, o que ele fez? – perguntou o garçom.
- Eu tive um dia de merda... – disse Regina.
- Conte-me tudo! – disse o garçom.
- Fui a manifestação e ele me chamou  e me assediar... me agarrou e ameaçou a minha namorada... – disse Regina.
- Espera... sua namorada? – perguntou o garçom.
- Sim, minha namorada. Emma Swan.- disse Regina .
- Mas como se livrou dele? – perguntou o garçom.
- Mordi a boca dele e lhe dei um chute no saco. Corri e... – disse Regina pausando para chorar.
- Nossa... e o que aconteceu pra você está assim? – perguntou o garçom.
- Me  deparei com minha namorada beijando a ex. – disse Regina.
- Nossa... isso é péssimo, vou serví-la mais uma dose, pode ser? – perguntou o garçom.
- Sim... isso doeu! Ontem eu a pintei, fizemos planos e hoje ela faz isso comigo! – disse Regina.
- Tem que beber mesmo para esquecer! – disse  o garçom.
- Me  dá outro! – disse Regina depois de secar o copo.
- Devagar ou passará mal! – disse o garçom.
- Olá! – disse um jovem sentando ao lado de Regina no balcão.
Regina reparou que ele trazia uma mochila cheia.
- Olá! – respondeu Regina.
- Você está mal... – disse o jovem.
- Talvez... – respondeu Regjna.
- Eu tenho uma coisa aqui para te ajudar a relaxar... – disse o jovem.
- O quê?  - perguntou Regina.
- É um relaxante, vai te ajudar a dormir! – disse o jovem.
Regina já não estava pensando direito, estava fácil de ceder a qualquer promessa de relaxamento.
- Isso é um remédio? – perguntou Regina.
Seu celular começou a tocar, era Emma, Regina rejeitou todas as chamadas. Não estava disposta a falar naquele momento.
- Não vai atender? – perguntou o jovem.
- Não! – disse Regina.
- Isso é um relaxante... quer? – perguntou o jovem colocando um na boca.
- Quero! – disse Regina sem pensar
Emma estava que nem louca a procura de Regina, foi até o seu apartamento e ela não estava, foi a delegacia e nada, foi até a casa de Cora e também não a encontrou.
- Onde está Regina? – perguntou Cora.
- Ela estava comigo na manifestação e o presidente a chamou e ela não voltou mais. – disse Emma.
- Ligue pra ela! – disse Cora.
- Eu já tentei... ela não me atende. – respondeu Emma.
- Foi na casa dela? – perguntou Cora.
- Foi o primeiro lugar em que a procurei! – disse Emma.
- Vou tentar ligar para ela! – disse Cora.
Regina rejeitou a chamada da mãe também, não queria falar com parente nenhum.
- Não atende! – disse Cora.
- Zelena... vou ligar pra ela. – disse Emma.
- Alô?! – disse Zelena ao telefone.
- Zelena, aqui é a Emma... – disse Emma.
- Oi cunhadinha! – disse Zelena com aquele mesmo jeito extrovertido de sempre.
- Tudo bem? – perguntou Emma.
- Estou ótima e você? – perguntou Zelena.
- Preocupada... – disse Emma.
- Com o quê? – perguntou Zelena.
- Regina, ela está com você? – perguntou Emma.
- Regina?  Não... o que aconteceu? – perguntou Zelena ficando com o tom de voz pesado.
- Ela estava comigo na manifestação e sumiu, foi falar com Trump e não voltou... – disse Emma.
- Tem quanto tempo? – perguntou Zelena.
- Umas três horas... – respondeu Emma.
- Será que ela ainda está com ele? – perguntou Zelena.
- Este é o meu medo! – disse Emma.
- Por que? – perguntou Zelena.
- Ela mandou mensagens dizendo pra eu correr e que ele estava nos ameaçando. – disse Emma.
- Não foi ninguém atrás dela? – perguntou Zelena.
- Informantes me disseram que a viram sair...mas ela não me procurou, ainda não entendi o porquê. – respondeu Emma.
- Deve ter acontecido algo... Não sei o que fazer! – disse Zelena.
- Vou pedir para a nossa equipe procurá-la.- disse Emma.
- Qualquer coisa me ligue, ligarei para alguns amigos. – disse Zelena.
- Obrigada. – disse Emma desligando.
Regina aceitou o “remédio” que o jovem ofereceu e tomou com mais um copo de uísque. Sentiu sua cabeça girar, não estava nada bem. Parecia que estava em outra dimensão, nada parecia real.
Não conseguia ver as coisas com clareza, estava distante da realidade.
- Tudo bem? – perguntou o Jovem.
- Sim... estou me sentindo levitando! – disse Regina.
- Uma sensação boa, não é?  - perguntou o jovem.
- Maravilhosa... e ruim ao mesmo tempo! – disse Regina.
- É porque você bebeu... – disse o jovem.
- Espera... isso é algum tipo de droga?  - perguntou Regina.
- Nada de tão forte, é uma droga nova no mercado... – disse o Jovem.
- Eu sou policial e você me drogou... – disse Regina
- Todo mundo ingere drogas, remédio, álcool, cigarro... uma só não faz mal! – disse o jovem.
- Estou leve demais pra relacionar... – disse Regina.
- Eu já vou, boa sorte! – disse o Jovem.
Regina queria ir embora daquele lugar. Pegou a sua bolsa que estava meio aberta, diferente da forma que ela tinha deixado. Pensou que alguém a poderia ter roubado, mas não, parecia que tudo estava ali. Pagou a conta e caminhou até uma praça, sentou-se no banco e a chuva começou a cair. Não era uma chuva forte, mas dava pra se molhar. Não se importou com a água escorrendo em seu corpo, aquilo parecia que estava lavando a sua alma.
Abriu os braços e ficou sentindo o contato da água em seu corpo, sentido os pingos gelados que faziam o seu cabelo escorrer.
- Moça, precisa de ajuda? – perguntou uma mulher que passava com um guarda-chuva.
- Estou bem! – disse Regina.
- Está se molhando, vai ficar doente! – disse a mulher.
- Doente? Doente já estou... – disse Regina gargalhando.
- Precisa de um médico, quer que eu a leve? – perguntou a mulher.
- Obrigada... a chuva me cura! – disse Regina.
- Você bebeu? – perguntou a mulher.
- Um pouquinho! – disse Regina mostrando o tanto com os dedos.
- Quer que eu a leve para casa? – perguntou a mulher.
- Já estou em casa! – disse Regina.
- Você quem sabe... – disse a mulher indo embora.
Regina ficou ali por mais 40 minutos, apreciando a chuva e sua loucura momentânea. Esqueceu-se de Trump, esqueceu-se do caso que tinha que resolver, esqueceu-se do beijo que viu Emma dando em Lily. Estava presa em uma ilusão criada por sua mente que estava sob efeitos de álcool e droga.
Passou um carro com o som ligado em um volume bastante alto, tocava a música da Pitty.

“Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei: Só não desonre o meu nome
Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer” 🎵
Regina começou a completar a música, gritando no meio da rua.
“ Será que eu já posso enlouquecer ou devo apenas sorrir” 🎵
Seu celular tocou, era um número desconhecido, ela correu para atender em um local coberto.
- Alô?! – atendeu Regina.
- Doutora Mills, tenho uma denúncia a fazer. – disse uma mulher desconhecida ao telefone.
- Qual? – perguntou Regina.
- Eu acabei de ver aquela mulher, do retrato falado, Cruella Devil. – disse a mulher.
- Onde? – perguntou Regina.
- Ela está no estacionamento do prédio Lions Gate, em um sedan preto, blindado, próximo a coluna Central. – disse a mulher.
- E se ela for embora ? – perguntou Regina.
- Parece estar esperando alguém. – disse a mulher.
- Já estou indo! – disse Regina.
Correu até o prédio e entrou no estacionamento, sacou a arma da bolsa e foi devagar aproximando-se do carro que a mulher descreveu.  Chegou na janela do motorista e apontou a arma.
Emma estava a procura de Regina por toda cidade, assim como Kristin, Killian e August.
- Encontrou algo? – perguntou Emma a August.
- Nada. – respondeu August ao telefone.
Emma ligou para Kristin.
- Alguma notícia? – perguntou Emma.
- Não encontrei nada! – disse Kristin.
- Killian? – perguntou Emma.
- Estava aqui comprando umas rosquinhas, agora pouco retomo as buscas... – disse killian ao telefone.
- Você não presta pra nada mesmo! – disse Emma desligando o telefone.
Regina voltou para o  seu apartamento com a arma nas mãos, estava desesperada, chorava igual criança.
Entrou debaixo do chuveiro e jogou a arma em cima da cama. Não sabia distinguir o que havia ocorrido, não sabia o que foi real e o que foi ilusão. Sua cabeça não parava de girar, chorou tudo que tinha para chorar dentro do banheiro. Deitou-se enrolada na tolha, sem ao menos secar-se e acabou dormindo.
Todos os telejornais davam a mesma notícia.
“O presidente Donald Trump foi encontrado morto nesta noite...”
Emma ligou o rádio do carro e parou na estação que estava passando o noticiário.
“ Interrompemos a nossa  programação para dar uma notícia urgente...”
“ O presidente Donald Trump foi encontrado morto em seu carro no estacionamento no prédio Lions Gate, estava baleado na nuca...”
“ Imagens de segurança estão sendo analisadas para que os responsáveis sejam pegos”
- O presidente morto? Regina... onde está? O que fez? – perguntou Emma em voz alta.



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