Não é o que parece.

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A polícia local encontrou o corpo de Henry. Estava com a arma na mão,  caiu encostado do lado de fora do seu carro.
- Tudo indica que foi um suicídio. – disse o policial.
Regina tentava falar com Emma.
- Emma, olhe nos meus olhos e me diga que acha que eu sou capaz de te trair... – disse Regina.
Emma desviou o olhar.
- Eu não sei... – disse Emma.
- Olhe para mim! – pediu Regina.
Emma olhou para Regina com os olhos marejados.
- Não posso acreditar que você duvida da minha palavra... – disse Regina indignada.
- Não duvido, apenas não posso deixar de pensar no que eu vi... – disse Emma.
- Emma, eu não vou mais falar que sou inocente e que não fiz nada, não dá pra continuar insistindo em uma pessoa que não confia em minha palavra... – disse Regina tentando parecer firme mas a verdade é que estava destruída.
- Regina, eu te amo! – disse Emma.
- Ama e duvida de mim. – disse Regina.
- Você não entende que foi impactante para mim? Que a dor que senti foi enorme? – perguntou Emma.
- Não entendo por qual motivo se prende a isso. Eu tenho certeza de que estava imaginando coisas... – disse Regina.
- Eu não imaginei, não sou louca! – disse Emma.
- Eu não posso acreditar que duvida de mim... – disse Regina.
- Eu acredito em você! Mas acho que fez algo inconsciente, pode ter bebido demais e não se lembra do que fez... – disse Emma.
- Você está cega pelo ciúmes e não consegue enxergar a verdade. Se você não tem  capacidade de acreditar em mim, como será o nosso casamento? – perguntou Regina.
- Eu não quero te perder...  – disse Emma.
- Mas não parece! – disse Regina.
- Tem certeza de que  não ficou com ela? – perguntou Emma.
- Nem se eu quisesse eu teria condições de fazer isso... – disse Regina.
- Então foi ela que armou para que nós pudéssemos nos separar... – disse Emma.
- Você disse que a viu deitada comigo na cama com garrafas de vinho e roupas espalhadas. Eu nem bebi, ela deve ter limpado tudo antes de sair, só queria que a gente brigasse. – disse Regina.
- Tem razão, agora percebo que não faz sentido essa história. Me perd... perguntou Emma aproximando- se de Regina.
O Telefone de Regina tocou.
- Alô?! – disse Regina.
- Doutora Mills, precisamos que venha até a quinta avenida. – disse o policial.
- O que houve? – perguntou Regina.
- Um provável suicídio. – disse o policial.
- Mas isso não é com o FBI. – disse Regina.
- Desculpe lhe dizer assim, mas trata-se de Henry Mills... – disse o policial.
Regina sentiu uma corrente elétrica passar por todo seu corpo, seu pai passou a manhã inteira com ela e agora ligam dizendo que ele provocou a própria morte, aquilo não podia ser real.
- Regina, o que houve? – perguntou Emma.
Regina não conseguia falar.
- Você está pálida! – disse Emma.
- O meu pai... – foi única coisa que ela conseguiu dizer.
Estava em choque, não conseguia processar aquela informação, por mais que aquilo fosse normal em sua profissão, Henry Mills era seu pai, ninguém está preparado para perder um ente querido.
Regina pegou as chaves do carro. Emma a seguiu.
- Não pode dirigir assim. Me dê as chaves. – disse Emma.
- Não! – disse Regina.
- Regina, não seja teimosa! – disse Emma estendendo as mãos esperando receber as chaves.
Regina estava sem reação. Entregou as chaves do carro a Emma e permaneceu calada o tempo inteiro. Ao chegarem lá,  o local estava isolado. Regina ajoelhou-se diante do corpo do pai morto, a dor era tão grande que fez as suas pernas fraquejarem. Deu um grito quase que involuntário.
- Papai... – disse Regina sem poder tocar no corpo.
Emma ajoelhou junto a Regina e a abraçou por trás. Abraçou forte. Em sua cabeça passava a tamanha injustiça que cometeu em não ter parado para conversar com Regina, em não ter acreditado nela e por tê-la desprezado, só conseguia sentir remorso. Será que Regina a perdoaria por tamanha injustiça? Aquele não era o momento para refazer aquela pergunta. Gostava de Henry, as poucas vezes que encontraram-se, ele sempre a tratou bem. Regina o amava, e Emma entendia o tamanho da dor de sua amada. Passou em sua cabeça que para morrer basta estar vivo. Em sua cabeça passou todos os momentos que teve desde a infância, todos os momentos que teve ao lado de Regina e realmente percebeu que estava sendo tola em acusá-la de traição sendo que Regina havia lhe jurado inocência.
Regina não desfez o abraço, estava fraca naquele momento, não queria ficar sozinha. O corpo de seu pai amado estava sem vida diante de sua presença. Regina não acreditava que Henry seria capaz de tirar a própria vida. Era um homem alegre, amava o que fazia, não tinha um motivo sequer para tirar em sua própria cabeça.
O carro do IML logo chegou para recolher o corpo. Regina pediu para que fosse avaliado por Ruby. Em sua cabeça estava claro que aquilo não se tratava de um suicídio e sim de um homicídio, alguém matou Henry Mills, mas porquê? Quem teria motivos para assassinar homem tão adorável? Ele sempre estava a frente de causas sociais, adorava saber mais sobre melhores condições de vida para o próximo e não tinha motivo algum para tirar a própria vida.
Emma não soltou Regina nenhum instante, queria apoiá-la naquele momento difícil. Até haviam esquecido da briga que tiveram.
Regina ligou para Zelena e Cora, não deu a notícia pelo telefone, pediu que a encontrassem. Emma não separou-se de Regina. Foi junto para dar a notícia a sua família. A delegada estava sem chão, estava com os olhos inchados de tanto que chorou e desabou nos braços de Emma. Jurou a si mesma que descobriria quem fez isso a Henry e que faria a pessoa pagar.
Regina sentou-se no sofá de frente a Cora  e Zelena, Emma sentou-se ao seu lado. As duas mulheres, que estavam como ouvintes, sabiam que boa coisa não viria.
- O que houve, Regina? – perguntou Zelena com semblante preocupado.
- Eu não tenho notícias boas para dar, aliás não são nada fáceis. Meu coração está em pedaços e sei que parte de mim se foi hoje... – disse Regina.
- Como assim? Está me assustando. – disse Cora.
- Henry Mills, nosso homem, pai e marido amado, se foi hoje. – disse Regina sem conter as lágrimas.
- NÃO! – gritou Cora.
- Não pode ser! – disse Zelena com a respiração descompensada.
- Como ele morreu? – perguntou Cora.
- Um tiro na cabeça. A cena parecia com um suicídio mas eu não acredito nisso. Quem teria motivos para matá-lo? – perguntou Regina.
Emma acariciava o braço de Regina.
- Ingrid... – disse Cora.
- Onde está o corpo dele? – perguntou Zelena chorando.
- Ingrid? Ela apareceu de novo? - perguntou Regina.
- Está na perícia... – respondeu Emma a Zelena.
- Ingrid disse que faria qualquer coisa para que pudéssemos ficar juntas, depois de eu ter dito que não poderia jogar fora o meu casamento. – disse Cora.
- Eu não posso acreditar que ela foi capaz. – disse Regina.
- Podemos vê-lo? – perguntou Zelena.
- Em breve. – disse Regina.
- Vou matar Ingrid! – disse Cora.
- Não faça isso, precisamos investigar. – disse Emma.
- Eu vou confrontá-la. Se tá achando que matar Henry me faria ficar com ela, está muito enganada! Ganhou o meu ódio eterno. Henry era um homem bom, não merecia tamanha crueldade. – disse Cora..
- Mamãe, não faça nada sem pensar. – disse Regina.
Regina, Zelena e Emma seguiram para sala de perícia. Ruby estava examinando o corpo de Henry. Ao ver Zelena, sentiu-se mal.
- Qual o laudo? – perguntou Regina.
- Morte instantânea. A cabeça dele foi totalmente estourada. A arma estava muito próxima a sua cabeça. – disse Ruby sem tirar os olhos de Zelena.
- Suicídio? – perguntou Zelena.
- Tudo indica que sim. – respondeu Ruby.
- Tenho certeza que foi armação. – disse Regina.
- Por quê? – perguntou Zelena.
- O corpo dele estava fora do carro. Por que ele sairia do carro para atirar em sua própria cabeça? – perguntou Regina.
- Ele estava reto demais para ter caído após o tiro, parecia que foi colocado naquela posição. – disse Emma.
- Não tem sinais de digitais diferentes na arma e nem no corpo dele. – disse Ruby.
- Obrigada Ruby. – disse Regina saindo com Emma.
Zelena e Ruby ficaram a sós.
- Eu sinto muito pela morte do seu pai. – disse Ruby.
- Obrigada. – disse Zelena não segurando o choro.
Ruby a abraçou.
- Se precisar de algo, estarei aqui. – disse Ruby.
- Obrigada. – disse Zelena.
Cora tocou a companhia de Ingrid com força.
- Já vou! - disse Ingrid.
Cora insistiu.
- Não vê que estou ocupada... – disse Ingrid abrindo a porta e surpreendendo-se com Cora.
Cora não pensou duas vezes e lhe deu um tapa bem forte no rosto.
- O que aconteceu? – perguntou Ingrid sem entender.
- Você! – disse Cora.
- Eu o quê?  - perguntou Ingrid.
- Sempre que penso em te dar uma oportunidade você me dá uma rasteira! – disse Cora.
- Do que está falando? – perguntou Ingrid.
- Você disse que faria qualquer coisa para ficar comigo. – disse Cora.
- Sim e não me arrependo de ter dito isso. – disse Ingrid.
Cora lhe deu um segundo tapa no rosto.
- Você está louca? – perguntou Ingrid.
- Você matou Henry! – acusou Cora.
- Henry morreu? – perguntou Ingrid.
- Como se você não soubesse. Saiba que agora que não ficarei com você. – disse Cora.
- Não, eu não sabia. – disse Ingrid.
- Mentirosa! – disse Cora.
- Não me trate assim! – pediu Ingrid.
- Não me procure mais! Não vou aceitar uma assassina. Não deveria nem ter aceitado uma criminosa. – disse Cora.
- Está me ofendendo, eu nunca matei ninguém! – disse Ingrid.
- Onde estava hoje por volta das 19 horas? – perguntou Cora.
- Por aí... por acaso agora lhe deve satisfações do que faço ou deixo de fazer? – perguntou Ingrid.
- Henry está morto depois do que me disse, o que quer que eu pense? – perguntou Cora.
- Deveria parar de focar em acusar quem não deve. – disse Ingrid.
- Eu não acredito em você! – disse Cora.
- Eu já lhe disse que não matei ninguém. – disse Ingrid.
- Mas você esteve envolvida com tantas coisas, me enganou várias vezes, e agora eu não acredito em uma palavra sequer que saia de sua boca! – disse Cora.
-  Você está me ofendendo! Eu não sou nenhuma assassina. Desconte a sua raiva em outra  pessoa! – disse Ingrid.
- Se você matou Henry, eu vou até o inferno te procurar! Sabe que Regina descobrirá a verdade. – disse Cora.
- Pois que descubra! E se arrependerá de ter me acusado. – disse Ingrid.
Cora virou as costas e foi para casa chorar a sua perca.
No dia seguinte fizeram o velório e o enterro de Henry. Todos os agentes de Regina estavam presentes. Mary e David foram dar forças a família Mills.
Zelena chorava diante do caixão do pai. Regina estava ao lado de Cora e Emma o tempo inteiro. August e Killian deixaram os seus sentimentos pela família Mills.
Gretchen aproveitou-se da situação para abraçar Regina.
- Eu sinto muito! – disse Gretchen.
Regina nada respondeu. Estava ciente de que Gretchen havia armado algo para que ela Emma brigassem. Estava aguardando o momento certo para confrontá-la.
Emma viu o abraço. Chegou próximo as duas e segurou as mãos de Regina marcando o seu território. Sabia que a estava apoiando naquele momento difícil, mas ainda não tinha recebido a resposta de seu perdão.
- Vocês voltaram? -perguntou Gretchen.
- Isso não é hora para conversarmos sobre isso... – disse Regina.
- Desculpe! – disse Gretchen.
Lily apareceu junto com Kristin ao enterro de Henry. Aproximaram-se de Emma e Regina.
- Eu sinto muito, Regina! – disse Kristin abraçando-a.
- Obrigada, não pensei que o perderia dessa maneira. – disse Regina.
- Não esperamos esse tipo de coisa. – disse Kristin.
- Emma... – disse Lily.
- Olá. – disse Emma sem mover um músculo.
- Como você está? – perguntou Lily.
- Mal e você? – perguntou Emma.
- Bem... – disse Lily.
- Ótimo. – disse Emma.
- Você me perdoou pelo que aconteceu no passado? – perguntou Lily.
- É melhor falarmos sobre isso em outro lugar. – disse Emma.
Regina não suportava a presença de Lily, nem falou com ela. Emma percebeu o olhar desconfortável de Regina.
- É melhor conversarmos em outra ocasião. – disse Emma.
- Não se reprimam por minha causa. – disse Regina mesmo não querendo que Emma fosse falar com Lily a sós.
- Tem certeza? – perguntou Emma.
- Sim. – disse Regina.
Emma percebeu que Regina não falava a verdade.
- Nós conversamos depois. – disse Emma.
- Você não me deve explicações mais... – disse Regina mesmo que aquilo doesse. Não haviam conversado sobre continuarem juntas, não houve tempo suficiente.
Ouvir aquelas palavras foi como um soco no estômago para Emma. Lily mordeu o lábio tentando disfarçar o sorriso.
- Não quero conversar agora... – disse Emma.
Regina sentiu-se aliviada com aquelas palavras, queria ver a atitude de Emma.
O corpo de Henry foi levado para o túmulo. Palavras de despedidas e de conforto foram ditas no local. Regina não conseguia acreditar que perdeu o seu tão amado pai. Cora sentiu a sua pressão baixar e quase desmaiou. Zelena, Regina e Cora abraçaram-se.
O túmulo foi fechando, encerrando-se finamente aquele ciclo.
Regina saiu de lá disposta a procurar pistas sobre a morte de Henry. Vasculhou a casa e não encontrou nada importante. Foi até o escritório do pai na empresa.
- A sala dele está isolada. – disse um segurança.
- Eu sou Regina Mills, filha dele. – disse Regina.
- A área está protegida para investigação. – disse o segurança.
- Eu que solicitei, agora saía da minha frente! – disse Regina atropelando o caminho.
Olhou canto por canto e não encontrou nada demais além de documentos da empresa.
Havia um quadro torto, Regina o tirou do lugar e havia um cofre. Não sabia a senha, mas deduziu. Tentou a data de aniversário de Cora e não deu certo, em seguida tentou a sua, não deu certo. Tentou a de Zelena, o cofre não abriu. Uniu as três dadas não deu certo. Lembrou-se que Henry gostava de códigos, havia sempre uma frase que ele repetia.
“O primeiro dia do mês de agosto é sempre o mais gracioso” – referia-se ao dia em que encontrou o amor de sua vida.
Tentou 0108, o cofre abriu. Regina retirou papéis  que haviam lá dentro e um envelope a chamou atenção. Era diferente dos demais. Sentou-se e o abriu.
- Não pode ser... – disse Regina virando as páginas.







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