A dama de vermelho

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Emma saiu da sala de Regina pensativa. Sentou-se na mesa indicada por Killian e ficou batendo uma caneta qualquer.
- Ela foi dura com você? – perguntou Kristin.
Não houve resposta, Emma continuou distraída em seus pensamentos.
- Swan? – chamou Killian.
- Desculpe, estavam falando comigo? – perguntou Emma.
- Você saiu cabisbaixa, ela foi dura com você? – perguntou Kristin.
- Não, falou apenas o que eu precisava ouvir! – disse Emma.
- E por que está assim? – perguntou Killian.
- Nada, apenas pensando em casa... – mentiu Emma.
- Você não mente bem, somos do FBI, lemos as expressões corporais. – disse Kristin.
- Você disse uma coisa com a boca, mas sabemos pela forma que seu corpo se expressou que na verdade é outra. – disse Killian.
- Não é nada demais! – disse Emma.
- Não precisa nos contar, mas lembre-se que somos seus parceiros aqui! – disse Killian dando uma piscadela.
- Vou me lembrar disso, mas estou bem! – disse Emma.
Logo em seguida Robin saiu com cara de poucos amigos, bufando e semicerrando o punho, parecia que queria matar o primeiro que visse pela frente.
Emma sorriu quase que involuntariamente, passou desapercebido por Killian e Kristin.
- Agente Swan, precisamos terminar aquela conversa. – disse Regina.
Emma entrou no escritório de Regina fechando a porta.
- Onde paramos? – perguntou Regina.
- Estávamos falando sobre mim... -  disse Emma mordendo o lábio inferior.
Regina reparou nesse ato involuntário de Swan, observou que ela mantinha os cabelos presos de baixo de um boné preto do FBI, vestia quase adequadamente o uniforme, a arma bem posicionada na cintura, pouca maquiagem e belos olhos de esmeraldas.
- Então... acho que preciso apenas mostrar-lhe onde ficará... – disse Regina.
- Killian me indicou a mesa próximo a porta do banheiro. – disse Emma com as mãos para trás.
- Quero que fique naquela mesa próximo a janela da minha sala. – disse Regina.
- Está ocupada. – disse Emma sem rodeios.
- Kristin? Fale pra ela que eu desejo que troquem de lugar... – disse Regina sem desviar o olhar dos olhos de Emma, estudando-a.
- Ok! – respondeu Emma.
- Pode se retirar! – disse Regina.
O dia foi mais ou menos tranquilo, poucas ocorrências, nada de tão sério. Volta e meia Regina e Emma se esbarravam, como se fosse uma força estranha, como se fossem ímãs atraindo uma a outra.
- Emma, me conta tudo! Como foi hoje? – perguntou Mary sem ao menos deixar a filha entrar em casa direito.
- Calma, mãe... eu preciso tomar banho, depois conversamos! – disse Emma subindo para seu quarto.
- Que sem graça, ela deveria me contar primeiro! – disse Mary.
- Mary Margareth, nem todo mundo é doente por fofoca como você! -  disse David sem tirar os olhos do noticiário do jornal.
- Para homem! Eu só gosto de estar bem informada! – disse Mary.
A mulher levantou-se do sofá e foi esperar por Emma sair do banho.
- Mãe! – disse Emma espantada com a presença de Mary.
- Agora me conta! – disse Mary.
- Você precisa se tratar! – disse Emma.
- Tá me chamando de doente? – perguntou Mary.
- Sim! Se comportar do jeito que está se comportando não é normal não! – disse Emma.
- Só estou ansiosa para saber como foi lá... pelo bem estar da minha filha. – disse Mary.
- Foi tudo bem! – disse Emma.
- Como é seu chefe? É bonito? – perguntou Mary.
- Não é homem... é uma mulher muito bonita... – disse Emma sem pensar.
- Mulher? Bonita? – perguntou Mary.
- Sim mulher, não é porque é uma mulher que eu vou deixar de reparar na beleza dela... – disse Emma.
- Arrumou algum pretendente bonitão lá? Não é possível que nenhum te interessou... – perguntou Mary.
- Não, mãe! Não fiquei reparando nos homens de lá! – disse Emma dando outro furo.
- Hum... mas reparou na delegada! – disse Mary jogando na cara de Emma.
- Impossível não reparar, eu praticamente fiquei o dia todo perto dela... – disse Emma.
- Emma você ... – tentou perguntar Mary.
- Estou com fome, preciso comer algo! – disse Emma adivinhando a pergunta seguinte.
Emma nunca havia contado para os pais sobre sua orientação sexual, teve um ou dois relacionamentos heterossexuais em sua adolescência, mas desde os vinte dois anos tem se relacionado apenas com mulheres. Apesar de ser uma adulta, nunca teve coragem de decepcionar os pais, que sempre quiseram que ela lhes dessem netos e casasse com um homem de bem.
“Terça-feira, 7:08 da manhã, foi identificado um corpo feminino, na Av. Winter. Relatos de que falta o coração.” – dizia Belle French, repórter do jornal matinal.
- Vestido vermelho, seio esquerdo a mostra, corte cirúrgico na altura do coração. – disse Jefferson o fotógrafo.
- O assassino tem experiência com corte cirúrgico. – disse Ruby.
- Tenho certeza que é a mesma pessoa, mesma técnica e a forma artisticamente elaborada de abandonar os corpos. – disse Regina.
- Ele quer ser famoso. – disse killian.
- É o terceiro caso nessa região! – disse Kristin.
- Aqueles casos que só encontravam a cabeça da vítima, foram solucionados? – perguntou Emma.
- Ainda não pegamos os responsáveis. – disse Regina.
- Qual foi a última vez que isso ocorreu? – perguntou Emma.
- Há uns dois meses. – respondeu Regina.
- Não pensa que pode se tratar das mesmas pessoas? – perguntou Emma.
- Pouco provável que tenha relação, são técnicas diferentes! – disse Regina.
- Talvez para despistar o FBI... – disse Emma.
- Pode ser verdade... – disse Regina pensativa.
- Achamos que nesses últimos 3 casos, trata-se de tráfico de órgãos. – disse Killian.
- Bem provável! – respondeu Emma.
Regina havia marcado de jantar com a irmã naquela noite, a algum tempo que não se viam e gostariam de matar a saudade.
- Zelena, isso são modos de me atender? – perguntou Regina ao deparar com a irmã só de calcinha e uma camisa social do marido suja de tinta.
- Eu só pinto assim, você sabe! – disse Zelena.
- Posso ver o quadro? – perguntou Regina.
- Não terminei ainda, prefiro que veja depois! – disse Zelena.
- Tudo bem... Como você está? – perguntou Regina.
- Estou bem... está com sede? – perguntou Zelena.
- Estou... – respondeu Regina.
- Vou pegar um whisky pra você... – disse Zelena indo para adega.
- Prefiro um suco! – disse Regina.
- Ok, maninha fique a vontade! – disse Zelena de longe.
Parte do pano que cobria o quadro de Zelena caiu e atraiu a atenção de Regina, expôs a pintura de um seio desnudo com algo que parecia uma cicatriz embaixo.
- Boa noite, cunhadinha! – disse Hades sorrindo ao chegar na sala.
- Boa noite! – respondeu Regina beijando o rosto do homem.
- Estou preparando a comida, espero que me aprove na cozinha – disse Hades.
- Está com cheiro bom, o que está fazendo? – perguntou Regina.
- Não seja curiosa, será uma surpresa! – disse Hades.
- Trouxe seu suco! – disse Zelena.
- Obrigada! – respondeu Regina.
- Vou voltar para cozinha, está quase pronto! – disse Hades.
- Meu quadro está descoberto, quase estragou a surpresa! – disse Zelena.
- Você estava pintando uma mulher? – perguntou Regina.
- Sim, mas assim que estiver pronto, prometo te mostrar! – disse Zelena.
- Venham, a mesa está servida. – disse Hades.
Todos sentaram-se a mesa e serviram-se.
- Que carne é essa? – perguntou Regina.
- Prove! – pediu Hades apontando para o prato.
- Hum.. – exclamou Regina.
- Gostou?  - perguntou Zelena.
- Sim... parece fígado! – disse Regina.
- Sim, picadinho de fígado! – disse Hades.
- Prove com vinho branco.  – pediu Zelena.
- Realmente seu marido é um ótimo cozinheiro. – disse Regina.
Zelena sorriu.
- Obrigado! – respondeu Hades.
- E você... quando se casará ? – perguntou Zelena.
- Quando aparecer um noivo... talvez nunca! – disse Regina.
- Que pessimista! Uma mulher tão bela quanto você... -disse Zelena.
- Beleza não basta né! – disse Regina.
Ruby identificou que as marcas de unhas da nuca do homem não poderia identificar material genético algum, se tratava de unhas postiças. Mas no corpo da mulher encontrou um fio de cabelo com coloração diferente da vítima.
- Alô? – disse Zelena atendendo o telefone.
- Dra. Zelena, encontrei algo no corpo da mulher... você pode vir aqui? – perguntou Ruby.
- Claro, já estou indo! – disse Zelena.
- Quem é?  - perguntou Regina.
- Uma de minhas pacientes, preciso ir! – disse Zelena.
- Eu também vou, qualquer coisa me avise! – pediu Regina.
Zelena foi até a sala de autópsia conversar com Ruby.
- Eu encontrei isso! – disse Ruby mostrando o fio de cabelo ruivo.
- Fez algum exame? – perguntou Zelena.
- Não, parece muito com seu cabelo, você mexeu no corpo? – perguntou Ruby.
- Olha só, Ruby... o que mais deseja para sua vida? – disse Zelena fazendo movimentos circulares no anel do dedo direito.
- Mas... o que isso tem a ver com o caso? – perguntou Ruby olhando para o anel.
- Apenas relaxe e concentre-se... pense no que mais quer... – disse Zelena sem parar os movimentos no anel.
- Eu... desejo tirar férias, ir para uma praia, relaxar... – disse Ruby caindo na hipnose de Zelena.
- Imagine-se lá e me conte como é... – pediu Zelena.
- Tem muita gente de biquíni, cervejas, mar... – disse Ruby.
- E o sol? – perguntou Zelena.
- Está ótimo para bronzear, vejo as marcas do biquíni no meu corpo... – disse Ruby.
- Está acompanhada? – perguntou Zelena.
- Sim... – respondeu Ruby.
- Por quem? – perguntou Zelena.
- Por você... – disse Ruby.
- Concentre-se! Que tipo de companhia eu sou ? – perguntou Zelena.
- Amante... – disse Ruby.
Zelena sorriu com a revelação.
- Você me imagina como amante a muito tempo? – perguntou Zelena ainda movimentando o anel.
- Sim! – respondeu Ruby.
- Fará tudo que eu pedir... – disse Zelena.
- Sim... – respondeu Ruby.
- Agora me entregue o cabelo que encontrou e esqueça dele! – disse Zelena.
Ruby atendeu o pedido de Zelena. A ruiva beijou Ruby e saiu, fazendo-a acordar da hipnose sem lembrar-se de nada.
Regina andou de carro pela cidade, volta e meia seus pensamentos iam para Emma Swan.
- Por que essa mulher tá na minha cabeça? -  perguntou Regina a si mesma.
Parou em um bar, sentou-se em uma cadeira no balcão.
- Me dê uma tequila. – pediu.
Virou a dose pura quase que em um gole.
- Mais uma.. – pediu.
Deixou cair o celular no chão, antes que pudesse levantar para pegar, alguém pegou por ela.
- Aqui! – disse Emma entregando o aparelho.
Seus dedos encostaram e foi como uma corrente elétrica passando pelos seus corpos. Permaneceram com os dedos unidos sem perceberem.
- Agente Swan? – estranhou Regina.
- Aqui não estou como agente, Dra. Mills! – disse Emma.
- Aqui não estou como delegada! – disse Regina.
- Certo, mas você é minha chefe, é meio estranho não te chamar de Dra.! – disse Emma.
- Sua tequila. – disse o garçom.
- Obrigada! – disse Regina percebendo que não havia desfeito o contato com Emma.
Regina reparou que Emma estava com os cabelos soltos, ondulados, uma maquiagem leve, jaqueta vermelha, bem diferente do que estava costumada a ver na delegacia.
- Não  vai beber nada? – perguntou Regina.
- Vou! – disse Emma. – Quero um Martini.
- Boa! – disse Regina.
- Está bebendo tequila, parece que está querendo afogar as mágoas... – disse Emma.
- Não sei se é afogar mágoas, mas tristezas sim... – disse Regina.
- Não me parece uma mulher triste! – disse Emma sentando-se do lado de Regina.
- Tem coisas que escondemos até de nós mesmos. – disse Regina.
- É... – disse Emma abaixando o olhar.
- Parece que não sou só eu que vim afogar tristezas ou mágoas... – disse Regina.
- Vim organizar meus pensamentos. – disse Emma olhando para os olhos de Regina.
- Algo lhe perturbando? – perguntou Regina.
- Algo não... Alguém! – disse Emma tomando o drink.
- Quem? – perguntou Regina.






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