Suspirei, deixando o capacete sobre a moto e caminhei sem pressa até o meu pai.

- Bom dia. - Resmunguei sem muita animação.

- Thomas, eu preciso te apresentar ao Sr. Karan Lawton. Ele é indiano.

Apertei a mão que o homem em questão me oferecia.

- De que parte da Índia?

- Do sul. Você já esteve na Índia?

"Você?"

Eram raras as pessoas que me chamavam de "você", o com raras, eu quero dizer somente e exclusivamente minha família.

Olhei para o meu pai e ele apenas balançou discretamente a cabeça para que eu ignorasse o infeliz acontecimento, então eu o fiz.

- A negócios. - Respondi simplesmente.

- Temos muitos pontos turísticos, talvez você gostasse de dar um passeio por lá para se divertir um pouco.

- Eu normalmente não viajo a diversão, Sr. Lawton.

- Ah, é claro. - Ele sorriu. - Seu pai me disse que você é um homem focado.

- E eu não costumo ter um porta-voz. - Isso eu disse encarando meu pai, que não se intimidou.

Ele obviamente fazia parte das poucas pessoas que eu não conseguiria intimidar nem se quisesse.

- Certo. Nós temos negócios a tratar.

- Achei que eu tivesse vindo até aqui para me divertir alguns dias em família.

- E eu achei que você não viajasse a diversão. - Nosso convidado rebateu impertinente.

Dirigi meu olhar a ele já sentindo meu humor ficar negro.

- A família, Sr. Lawton, é algo pela qual vale a pena abrir exceções. - Arqueei as sobrancelhas. - E eu espero que não seja incômodo se eu pedir que o senhor pare de me chamar de "você". Anos morando no exterior me fizeram perder o hábito de ser tratado com tanta intimidade por pessoas que eu não conheço.

- Thomas. - Meu pai usou seu tom de repreensão, mas eu não desviei os olhos do homem em minha frente até que ele consentisse.

- Estou totalmente de acordo... Sr. Strorck.

- Ótimo. - Olhei para o meu pai. - De que tipo de negócios estamos falando?

Ele olhou em volta.

- Vamos entrar. Acho que é mais adequado ter essa conversa na sala de reuniões.

Eu não tive pressa em seguí-los. Ainda parei na cozinha e pedi um copo de água à Laura, que trabalhava naquela casa desde antes de eu nascer.

- O senhor não tem descanso nem em seus dias de descanso, não é? - Ela me lançou um sorriso reconfortante e eu dei de ombros.

- Você vê. Eu viajo mais de seis horas em um maldito avião para fugir do trabalho e quando chego aqui... encontro mais trabalho.

Ela riu pra mim quando a devolvi o copo.

- Boa sorte. Só tente não se esgotar.

- Seu patrão vai cuidar para que sua sugestão seja ignorada, mas obrigado.

Quando entrei na sala de reuniões, meu pai já estava sentado na ponta da mesa batucando com um lápis no mármore polido enquanto Karan falava sobre qualquer assunto banal que obviamente não o interessava.

Eu geralmente não me atrasava para reuniões, mas quando isso implicava no meu período de descanso, então eu não fazia questão em honrar com meus horários.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now