Capítulo XIII

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Olá! Peço desculpa pela ausência.

Espero surpreender-vos com este capítulo. Alguém quer tentar adivinhar quem será esta dama, antes de ler?

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Dia após dia, continuava à espera de notícias. Mantive-me sempre fiel à esperança. Três semanas depois da partida dos soldados, algo aconteceu!

Encontrava-me nas cavalariças para ver pela primeira vez, ao fim de oitenta anos, o meu cavalo, o Vendaval. É um enorme cavalo de cor branca, forte e valente. Eu adorava-o! O meu pai ofereceu-me no meu décimo quinto aniversário e desde aí tornamo-nos inseparáveis.

Recordei-me da última vez que o vi: o dia do meu rapto e aprisionamento. Obriguei-me a abandonar tais recordações, porque eram terríveis. A voz chamativa da minha madrinha ajudou-me a esquece-las de imediato:

- Filipe, Filipe... Temos novidades! – batia as asas freneticamente para chegar rapidamente perto de mim.

- E quais são? – perguntei, ansioso.

- Uma bruxa que vive em Aragão veio ao teu encontro. Se veio ao teu encontro é porque deve puder ajudar-te. – Ela não conseguia conter a sua felicidade, então sorria e batia palmas como uma criança. - O teu pai está à tua espera no salão dos tronos para a receberem em conjunto.

- Temos uma bruxa! – murmurei, pensativo. – Vamos, então. Quem me dera poder andar mais depressa.

- Oh, eu posso dar-te uma ajudinha – agitou a varinha e os brilhos apoderam-se de mim.

Saí a voar das cavalariças, atrás da minha madrinha, sem sequer ver o Vendaval. Não reclamei, porque ansiava conversar com a bruxa que veio ao meu encontro. Teria esta bruxa a minha esperança de recuperar a juventude? Queria acreditar que aquelas criaturas também podiam fazer o bem.

A voar, pela primeira vez na minha vida, entrei no meu castelo por uma janela que pertencia ao salão dos tronos. O meu pai ao ver tal entrada, não sabia se havia de rir ou zangar-se, então levantou-se do tono, e apressadamente veio ao meu encontro e perguntou:

- Estás bem, Filipe?

- Estou óptimo – respondi eu, compondo o meu gibão e a corrente dourada de estado*. – Obrigada, madrinha, pela boleia. Mas sabes que dispenso estas coisas...

- Violeta, o meu filho já não é jo... - arrependeu-se do que ia a dizer. – O que interessa é que estás bem! – pousou uma mão no meu ombro. – Tens que ter cuidado, Filipe. Se algo te acontecer, eu não irei aguentar...

- Eu estou bem, pai. A madrinha nunca me colocaria em perigo.

- Vossa Graça, não faria tal feitiço se soubesse que o Filipe correria algum risco.

- Eu sei. Só que ele está tão frágil e fico preocupado.

- Velho! – emendei eu, caminhando para o trono da minha mãe. – A palavra certa é velho, pai.

- Talvez não seja por muito tempo – atalhou ele, com um sorriso caloroso no rosto e sentou-se com o seu ar majestoso no trono que lhe pertencia por direito desde a morte do meu avô. – Estás preparado, Filipe? – pousou a sua mão na minha.

- Sim!

- Violeta, podes mandar entrar a bruxa – ordenou o meu pai e piscou-me olho para me dar esperança e confiança.

A minha madrinha assentiu com a cabeça, transformou-se em adulta, abriu as portas, e deu ordens lá para fora e regressou para junto de nós. Ficou precisamente ao fundo das escadas, ao lado do seu rei. Entreolhámo-nos e sorrimos um para outro.

O AMOR NÃO DORMEWhere stories live. Discover now