|One shot| parte 3

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Anna...

O chamado repentino de Anahí fez a jovem olhá-la tirando a concentração do show.

— O nome dele... me diga o nome do cantor.

Mesmo com a voz trêmula, a morena conseguiu fazer a pergunta, pedindo uma dose de whisky ao invés de continuar no chá.

O casal se entreolhou confusos e admirados quando ela pôs toda a bebida forte goela a baixo, sem fazer careta.

— Gostou dele? Eu disse que era ótimo!

Anahí a encarou com mais convicção deixando claro que não pretendia se prolongar, e sim apenas ter sua pergunta respondida. Embora fosse muito estabanada, Anna captou o olhar e fez o que ela pediu.

***

Anahí andava por entre as pessoas, apressada para chegar até o desconhecido. Ela esperou, apreensiva, todo aquele show terminar para enfim ir atrás do tal cantor. Foi um martírio ouvir quinze canções, contadas no dedo, mesmo que ele tivesse uma voz muito boa.

No meio do percurso, as cantadas e olhares cobiçados não tiraram sua atenção de forma alguma. Anahí era muito atraente, e sabia disso, mas naquele dia a sua beleza estava mais exuberante do que nunca, e a atmosfera provocativa de suas passadas era impossível de se passar desapercebida.

Aproximando-se com os nervos a flor da pele, a morena não largou por nem um segundo sequer as suas doses de puro malte, chegado a uma distância favorável do sósia de Herrera.

Miguel? — O nome soou como uma pergunta.
No fundo ela queria se certificar de que aquele era mesmo o nome dele.

O homem virou assim que foi abordado, assumindo uma postura surpresa ao ouvir seu nome ser dito daquela forma tão provocante.
A troca de olhares foi lenta, até ele se dar conta de quem estava na sua frente.

— Ah, é você — ele cortou todo e qualquer clima que Anahí havia criado, rolando os olhos e voltando a passar o zíper numa das bolsas

Miguel guardava as suas partituras dentro de bolsas pretas, evitando nitidamente Anahí.

— Precisamos conversar — insistiu ela.

— Olha moça, você já fez coisas estranhas demais por um dia, e se veio agradecer por hoje... aquilo não foi nada.

— Não vim agradecer. Espere, fui estranha com você? — Questionou-se em voz alta.

Seguido de um bufão, ele virou-se novamente de frente a ela e encarou Anahí com os braços cruzados.

— O seu olhar é estranho.

Ressaltou apostando para a forma inevitável dela olhá-la.

— Me desculpe por isso, mas você me lembra alguém.

— E onde está esse alguém?

— Morto.

— Então deve ser isso — rebateu desconfortável, voltando a arrumar suas coisas.

Anahí acompanhou todo o cuidado de Miguel com seus equipamentos, sem sair do lado dele. O homem se mostrou bem incomodado com a presença dela, mas nada a impediu de ficar.

Ainda o encarando, ela terminou sua dose pondo o copo sobre uma bancada qualquer, segurando o equilíbrio ao máximo. Os efeitos do destilado começavam a recorda-la da forma abusiva que bebeu aquela noite.

Completando a sua função, Miguel virou-se bruscamente, já fadado pelo silêncio.

— Vai mesmo ficar me olhando a noite inteira?

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