Capítulo 15

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Anahí

O gemido mais duradouro foi solto quando ele saiu do meio das minhas pernas, se erguendo igual um animal. Meus braços estavam abertos enquanto minhas mãos apertavam o lençol fino da cama. Eu queria espancá-lo por ser o causador daquele orgasmo tão intenso e prazeroso. Me contorci antes dele tocar sua boca na minha, ofegante, iniciando um beijo quase afetuoso.

Sentir o meu sabor era excitante ao extremo, mas não me ocupei de analisar aquele gosto, até porque o dele ainda estava fixo na minha garganta.

Suas mãos massageavam a parte mais sensível do meu corpo, como se tentasse acalmar aquele local depois das suas estocadas severas e profundas. Foi suave e gostoso, cada movimento, cada troca de olhar durante as mudanças de posição.

Alfonso me deitou de costas e vagarosamente beijou todo o meu corpo, dos pés até o pescoço, pondo-se sobre mim.

- Você é mais linda do que imaginei... - eu gemi em agradecimento por ouvir aquilo.

O homem me penetrou mais uma vez, e continuou quando sentiu que eu estava mais úmida do que ele mesmo poderia esperar.

Eu o ajudei a deslizar para dentro de mim.

Quando pela segunda vez Alfonso ejaculou, seu corpo foi novamente jogado sobre o meu, respirando forte próximo da minha nuca. Ele estava exausto.
Foi um minuto de repouso para ambos. Ele se virou e me olhou através do feixe de luz que vinha da janela caindo em nós.

O quarto dele era coberto por uma sacada de vidro com cortinas, mas todas elas estavam abertas, disponibilizando uma visão incrível dos prédios e da neblina que caía na cidade.

Sua mão tomou meu queixo de volta fazendo com que trocássemos olhares novamente. Alfonso afastou pra trás da minha orelha uma mecha molhada que havia escorregado, e liberou ainda mais o seu campo de visão do meu rosto.

- Eu também gosto de olhar através dessa vista. - disse, pontuando minha análise.

- Privilégio para poucos.

- Costumo dizer que Milão é bela de qualquer ângulo. Não importa se tem uma cobertura no último andar ou uma simples casa no subúrbio.

Não pude deixar de escutar aquilo com uma pontada de alegria. Ele tinha muito dinheiro, mas seus pensamentos pareciam verdadeiros e não de alguém que queria apenas impressionar uma mulher.

Alfonso tinha um toque de realidade. Era admirável.

Eu estava satisfeita. Tinha conseguido concluir minha conquista deitada na cama do homem que me certificaria mais uma vez que não importava o quão difícil pudesse parecer o desafio, eu sempre era capaz de conseguir.

Mas havia algo de estranho em estar ali. Eu queria ficar um pouco mais. Dividir mais um momento ao seu lado. Repousar nos braços dele e continuar sentindo seu cheiro.

- Você mora sozinho?

- Sim. Prefiro. E você? Também parece gostar de solidão.

- Até certo ponto, mas moro com uma amiga e não me imagino sem ela - dei uma risada ao desabafar aquilo, lembrando que seria apenas uma lembrança.

Não podia passar disso.

- Tudo bem? - perguntou ele, e eu percebi que tinha mudado o semblante repentinamente.

- Só lembrei que ela está sozinha e que eu não avisei onde estou.

- A relação de vocês é mais séria do que imaginei então.

Eu sorri e me cobri com o lençol disposta a levantar antes daqueles assuntos se aprofundarem demais, mas ele me conteve na cama.

- Quer mesmo ir?

Não.Eu não queria ir, pelo contrário, queria ficar a noite toda recebendo os agrados daquela boca macia e daquela língua veloz.

- Quer que eu fique?

Aquela não era a pergunta certa. Eu devia ter dito que queria ir, e ter saído de lá assim que pudesse! Aquele homem corria o risco de ser amigo de Ricardo e em algum momento Lafaiete saberia do nosso encontro se a situação prolongasse mais.Eu não estava disposta a me aborrecer com as cismas dele.

- Quero - ele foi rápido na resposta, e a minha fala sumiu.

Como eu conseguiria negar aquele pedido? Algo dentro de mim conseguiu ser mais forte, vivo e completamente viril. Alfonso disse aquelas palavras me hipnotizado com seus olhos verdes e centrados. Fixos em cada movimento meu. Deduzi que com o silêncio era possível ouvir meu coração bater acelerado, confrontado, extasiado. Não pude resistir, apenas me inclinei e passei o dorso da mão sobre o queixo dele e nós nos prendemos mais uma vez.

Acordei na madrugada com a bexiga quase explodindo, vesti o meu casaco que estava no chão e cobri pouca parte do meu corpo. Metade da minha bunda estava de fora. Andei até o banheiro. Depois de me limpar fui lavar as mãos e acabei sendo pega de surpresa pela quantidade de produtos de limpeza que aquele homem tinha. Era uma pequena farmácia cosmética ambulante.
Aquilo me deixou tão curiosa que acabei pegando alguns frascos e comecei a ler seus rótulos.

Ali tinha de tudo. De antissépticos a sabonetes germicidas. Esse homem é louco por limpeza? Me questionei.

Do lado do sabão líquido estava à embalagem de álcool gel que ele tinha nas mãos mais cedo na loja de conveniência. Passei um pouco e saí procurando pela cozinha.
Assim que encontrei, fui diretamente a geladeira e peguei um copo com água. Aquele lugar era grande, e enquanto bebia, avaliei toda a decoração. Era tão organizado e atraente, igual ao dono.

Retornei disposta a passear pela cobertura. Aquele lugar dava mais de dois apartamentos igual o meu, sem contar que tinha um toque sofisticado, moderno. Um homem de bom gosto. Analisei o que Lafaiete dizia sobre eu ter um lugar melhor para morar. Devia ser algo parecido com aquilo. Negativamente mexi a cabeça e afastei o pensamento desagradável de ter que dividir um lar com ele.

Ainda tentando conhecer o ambiente, fui surpreendida pelo instrumento marrom claro que ocupava um grande espaço naquela sala entristecida e isolada. Mal pude segurar minha alegria em ver um daqueles de perto . Era um original Steinway & Sons. Passeei com a mão vaga por cima dele e admirando seu verniz impecável. Era o piano de calda média mais bonito que eu tinha visto na vida.

- Gostou?

A voz repentina de Alfonso me deixou feliz como uma menina. Ele estava nu, a alguns metros, com os braços cruzados e uma expressão tranquila recostado da parede.

- Sim

- Sabe tocar?

Balancei a cabeça em afirmativa deixando o copo d'água sobre uma mesa para sentar-me de frente o instrumento.

Pensei um pouco na canção que iria decidir tocar para ele. Algo confortável e alegre, que pudesse transmitir o que sentia naquele momento. A música pra mim era isso. Expressão de sentimentos.
Ele então chegou mais perto, e eu me concentrei começando a movimentar os dedos.
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