Capítulo 02

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Alfonso Herrera

Era um fardo ficar sentado por mais de duas horas seguidas em uma avenida tão movimentada como aquela, mas era inevitável também. O resto das avenidas todas estava num estado bem pior. Era cedo e todos precisavam trabalhar, inclusive Alfonso.
O BlackBerry começou a tocar revelando na frente da tela um número que ele não fazia questão de atender, não naquele momento, pois seu estresse diurno ia ser transmitido diretamente para quem surgisse na sua frente.
Depois de mais algumas tentativas, a ligação encerrou e ele arfou aliviado pelo congestionamento começar a dar sinais de que estava próximo do fim.

O prédio espelhado de vinte andares abrigava na sua cobertura o escritório dele, com os demais funcionários trabalhando no restante. Tudo aquilo era um patrimônio de anos de dedicação deixados sobre as suas mãos.

Depois da morte de seu pai e da herança ser dividida entre a família, Alfonso ficou com metade dos capitais da empresa, entretanto, foi fácil se tornar um dos únicos e exclusivos donos de tudo. Com dois irmãos imprudentes era tarefa simples. Christopher se mantinha de mesadas mensais e um sonho insignificante de se tornar piloto de avião, enquanto Maite desfrutava de um casamento conveniente. A mãe, não fez questão de nada, deixou nas mãos dele a sua parte para que o filho administrasse. Ele era o único interessado nos negócios da família, por isso, era mais sensato dizer aquela foi a decisão certa.
Os Herrera, eram donos de mais da metade dos centros advogacionais de Milão, não havia advogados naquela capital e redondezas que não trabalhassem para eles. Todos queriam fazer parte da comissão, sendo os mesmos de quaisquer especialidades na área.

****

— Bom dia Dr. Herrera — A secretária saudou com um sorriso amarelo, exibindo sua beleza como um currículo. Ela sempre parecia mais dedicada do que o habitual.

Continuei andando, seguindo para minha sala. A mulher saltou de trás da bancada e me acompanhou segurando uma agenda nas mãos, virando as páginas rapidamente.

— O senhor tem alguns compromissos pendentes para esta manhã, inclusive a reunião das dez com o departamento de moda da R. Dress.

— Então ficou certo com a nossa empresa o fechamento de todos os contratos e transições deles durante este ano?

— Sim senhor, ao que parece.

— Pode confirmar minha presença.

— Eu pensei que ia querer que o Dr. Roy fosse no seu lugar — disse temerosa — pedi que ele se encaminhasse para a sala de processos.

— O mande voltar. Essa empresa pertence a um grande amigo, por isso faço questão de estar lá.

Concordando, ela anotou algo na agenda e voltou a me encarar por detrás da mesa.

— Também gostaria de avisar que seu irmão está na sala ao lado — Aborrecido. Baixei a cabeça só de imaginar o que poderia ser.

— Certo. Pode se retirar agora.

— Com licença — levantei a vista para olhar a mulher de cabelos loiros presos em um coque sair majestosamente dentro de uma saia justa na cor preta sob a altura dos joelhos.

Ela tinha um belo corpo, mas não o suficiente para arrancar minha atenção por mais de alguns segundos. Lembrando-me de quem me aguardava no ambiente reservado ao lado, apertei as mãos e andei até a porta de vidro vinculada a sala.

Sentado no largo sofá, vi como o meu irmão saltou para me arrancar um abraço nada afetuoso.

— Alfonso! Como alguém tão importante não atende o celular. Não viu minhas ligações?

Possession Where stories live. Discover now