Capítulo 05

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Anahí

Escorregando, rodopiando, entrelaçando as pernas, cada movimento gerado sobre a barra de ferro fazia minha pele deslizar como seda. Nós duas tínhamos uma intimidade conveniente. O poli dance era excitante, me deixava anestesiada. Era como se não houvesse ninguém ali a me observar seminua, mas sim, apenas eu. Meus olhos fechados ajudavam nessa ilusão, tanto que mesmo sentindo as notas de dinheiro tocar meu corpo, lançadas pelos clientes, não fazia o transe cessar.
No fim da música The last day de Moby, meus movimentos prepararam-se para o grande final. Terminei o número com uma abertura completa, feita no chão do palco. Todos aplaudiram e as luzes se apagaram.
Levantei-me com rapidez e fui direto ao camarim para ser acolhida. Percorri aquele lugar com meus olhos em busca de alguns fios ruivos, mas não vi nada além de mulheres comuns. Entre elas existia um único homem.

Lessa me dava arrepios, mesmo assim aquela boate de luxo pertencia a ele, e se eu quisesse manter o trabalho tinha que engolir aquele ser.

- Lessa, você viu a Candy? - aquele era o nome fictício de Dulce, e o único que ele conhecia.

- Não, querida. Quer procura-la junto comigo?

- Posso fazer isso sozinha.

Revirei os olhos e me afastei. Ele soprava a fumaça do charuto, zombando da minha negação. Muitas daquelas mulheres tinham casos aleatórios com ele, e eu, por não ser uma delas, despertava eminente interesse. Mesmo assim, Miguel nunca tentou nada. Miguel Lessa podia ser muitas coisas, menos burro. Se fizesse aquilo, eu não pensaria duas vezes em sair dali e isso era algo que o afetaria muito. Os ganhos em cima de mim eram valiosos demais, além dos riscos de um processo, já que eu era menor quando entrei no ramo.

Dentro do meu vestuário particular, o banho tinha me revitalizado e limpado o suor que me recobria anteriormente. Com a toalha enxugando os cabelos, sai distraída e só depois de alguns segundos percebi que havia alguém sentado no sofá ao lado da porta de entrada.

Dei um curto salto para trás e apoiei as mãos na bancada da estante, juntando a toalha que antes estava em minhas mãos, mas que haviam caído com o susto.

- Você poderia avisar. Quase me matou! - Ricardo pareceu se divertir com a minha surpresa.

- Desculpe, mas precisava falar com você.

- Fale.

- Pelo menos sente ao meu lado.

Intrigada, correspondi sentando próxima dele no sofá. Ricardo afastou uma parte do roupão dos meus ombros e beijou aquele local exposto.

- Como entrou aqui?

- Meu bem, você sabe que eu posso fazer isso. Além da ajuda de uma quantia que pus nas mãos de Lessa.

Aquele homem realmente não poupava esforços para me ter do seu lado.
Eu sabia que não fazia parte de sentimentos verdadeiros, mas o desejo sim, esse era capaz de arrancar a pior parte das pessoas.

- O que você precisa falar?

Sem me dar muita atenção, ele continuou a tentar afastar a maior parte que pôde da minha coberta. Beijando e passando a língua em cada vaga que surgia. Da nuca ao busto.

- Vim pedir para que seja minha acompanhante por uma noite inteira.

- Quer que eu leve alguma peça em especial?

- Não falei que quero esse tipo de acompanhamento.

Com os olhos confusos, fixei-me nele.

- Não entendi.

Possession Where stories live. Discover now