Capítulo 25

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Anahí

Com o meu corpo sendo lançado para cima, o choque me animou, fez meu coração bater e voltar a sua função de antes.

Pobre desgraçada, sem pais, família ou amor.
Porque ela não merecia amor?

Eu queria amor, precisava tanto quanto ou mais que todos ao meu redor. Mas eu nunca tinha conhecido isso, nem sentido.
Mesmo voltando a bater, meu coração não conseguiu esquentar o frio da minha alma por nem um segundo desde que recobrei a consciência.
Os médicos comemoravam a conquista, mas eu não via graça ou felicidade nisso.
Tudo ia acabar voltando a ser como antes. Vazio e solitário .

Dulce entrou no meu quarto e me pegou sentada na beira da cama, suada e com os pés descalços. A morena se aproximou e se sentou comigo. Ela carregava uma expressão confusa que fiz questão de ignorar.

Naquela tarde Lessa tinha me ligado mais uma vez e me ameaçado novamente, mas desta, ele fez questão de avisar que iria me buscar a noite se eu não fosse para o trabalho. Aquilo me deixou estressada e sem chão. Talvez fosse isso a causa do meu pesadelo.
Mesmo que fizesse parte das minhas noites a tanto tempo, os sonhos sempre eram mais intensos quando estava chateada com alguma coisa.
Aquelas lembranças eram como um veneno.

- O mesmo pesadelo de sempre? - a minha amiga perguntou tentando ser cautelosa, mas quando o assunto era aquele eu nunca ficava calma.

- Não se preocupe com isso.

Dulce não insistia. No fundo sabia que minha resposta não passaria daquela.

- E Lessa. Já sabe o que vai fazer com ele?

- Sinceramente não.

- Anahí, você precisa pôr este homem no seu devido lugar! Caso contrário ele pode arruinar sua relação com, Alfonso!

- Não temos uma relação - retruquei enxugando meu rosto com uma toalha pequena que estava sobre o criado mudo.

- Gosta dele.

- Dulce, vamos parar com isso, por favor.

Levantando da cama ela firmou os pés e me encarou visivelmente chateada. Dulce sabia me contornar como ninguém, mas admitir gostar dele me doía muito. Eu não podia fingir que minha vida era boa quando na verdade ela era um caos.

Vilãs não têm final feli , e eu era uma. Tinha que me conformar em ficar sem o príncipe.

- Lave o rosto e vá atender seu telefone, ele está ligando.

Saindo para me deixar sozinha ela nem olhou para trás. Eu dei uma risada quase que satisfeita. Adorava o fato dela se preocupar comigo como uma irmã mais velha.

- Esta vestida? - A pergunta veio assim que pus o aparelho no ouvido.

- Bem que você ia querer o oposto, mas estou sim - rebati, atrevida, enquanto mordia o lábio inferior.

Aquele homem acalmou meu coração.

- Desculpe, me expressei mal. À pergunta na verdade era pra saber se estava vestida adequadamente para sair comigo.

- Idiota - ele riu quando falei aquilo. Sua risada pelo outro lado da linha fez meu ventre se contrair. Era muito saborosa de ouvir - Não demoro para ficar adequada. Aonde pretende me ver?

- Pode ser no café de sempre?

- Claro. Estou indo.

Fiquei mais de quinze minutos tirando e pondo roupas. Escolher o que vestir sempre me atrasava quando o assunto era agradar homens. Até que depois de muitas tentativas retoquei a maquiagem e optei por usar uma calça jeans com uma blusa polo vermelha.

Possession Where stories live. Discover now