Capítulo 38

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Alfonso Herrera

Madness... Sinônimo de loucura, insanidade.

Belo nome ela arrumou como disfarce. Lhe caía como luva.

Anahí conseguiu me deixar louco, fora de mim, distante de tudo o que sou. Não foi fácil me sentir vulnerável perante uma paixão descontrolada como aquela. Eu me considerava um homem extremamente observador, a minha profissão exigia isso, mas naquela situação ceguei igual um imbecil.

Jogado no sofá, virando outro copo de Malt, me peguei refletindo sobre até que ponto meus sentimentos me fariam pensar na hipótese de um perdão. Não! Isso seria absurdo demais. Era o cumulo da falta de noção aceita-la de volta depois de tudo ser revelado. Anahí era uma garota de programa, e nada do que ela dissesse mudaria essa realidade. Meu ciúme fez meus dedos pressionarem o copo a ponto de quebra-lo. Homens cercando-a e desejando o seu corpo exibido naquele palco me causava rancor. Não eram apenas os meus olhos que se deliciavam dela, e sim o de qualquer um em Madri.

- Gostaria de comer agora? - perguntou a mulher de avental, interrompendo meu 'autoflagelo'.

- Não se preocupe comigo. Pode terminar seu trabalho e tirar a tarde livre.

Me olhando com a expressão admirada ela se distanciou alguns metros e afastou a poeira que estava sobre a bancada de uma das mesas, e saiu ao ouvir a campainha. Minutos depois a empregada voltou com o ar nervoso. Algo no meu peito pulsou, supondo ser Anahí quem se atreveu a vir em minha busca 'ficaria feliz por isso', mas estava longe de ser ela. As madeixas loiras e arrumadas de Alice surgiram na sala como uma ventania diante a calmaria do meu dia. Soltei o ar e bebi mais um pouco "ia precisar".

Ela usava um vestido justo, acima dos joelhos, deixando boa parte das suas pernas a amostra. Por cima do copo, não pude evitar admirar sua pele leitosa e brilhante, exibidas como um convite. Voltando meu olhar para seu rosto, percebi que suas maçãs estavam coradas devido a minha ousadia em analisa-la como um animal para o abate.

- Desculpe, mas eu tive que vir.

- Por quê?

- Ricardo...

- Mais uma vez meu 'querido' amigo - rebati lhe impedindo de completar sua fala - Porque ele insiste em mandar pessoas?

- Sinto muito por tudo.

- O que você sabe? - questionou tentando descobrir ate que ponto a minha vergonha poderia ser avaliada.

- Ele me disse que você e aquela mulher terminaram, mas não detalhou.

Um ponto ao Lafaiete! Se tinha um motivo para tanta atenção por parte dele, este era a sua culpa ao perceber a minha relação com Anahí e no quanto ele estava envolvido nisso tudo.

O álcool estava alcançando seu propósito no meu corpo. Por um segundo minha vista pesou e minha cabeça rodopiou quando tentei ficar com uma postura correta no sofá. Felizmente Alice não percebeu meu momento de fraqueza, já que ela se ocupava em olhar o chão, envergonhada pela minha alfinetada desagradável. Vê-la ali, no centro da sala, com os braços mal colocados, desconfortável aumentou minha libido. Suguei o ar dos pulmões e deixei o copo de lado, levantando para ir na direção dela. Quando fiquei na sua frente, a mulher arregalou os olhos tentando não perder o controle. Eu sim já estava fora de controle. A respiração carregada invadiu o rosto dela, junto das minhas mãos que logo se ocuparam dos seus cabelos. Afastei algumas mechas loiras, pondo-as por trás da sua orelha, e em reposta Alice apertou os punhos evitando me tocar.

- Você está bêbado - enfatizou.

- E você esta afim que eu lhe beije.

Antes que ela voltasse a falar alguma bobagem que arrancasse a minha coragem, puxei alguns fios de cabelos da sua nuca e conectei nossos lábios, calando-a de imediato. Alice se manteve fria a princípio, mas foi questão de segundos até que seu corpo inteiro relaxasse correspondendo ao beijo. Ela gemeu por cima da minha boca, sufocada pelo meu desespero em preencher a solidão que habitava minha mente. Segurando seus pulsos a arrastei para o meu quarto sem interromper nosso beijo. Fui agressivo ao solta-la sobre a cama, mas a mulher não reclamou quando fiz isso, pelo contrário. Sua expressão parecia excitada esperando o meu próximo passo. Desabotoei a camisa e ela me observava enquanto fiz isso, antes de me jogar sobre seu corpo suado e cansado de esperar. A respiração descontrolada dela se juntou a minha.

Fechando os olhos, tentei afastar as lembranças que surgiram fazendo comparações entre os corpos de Anahí e o dela. Cada vez que uma imagem de Anahí aparecia, minhas mãos pressionavam os pulsos de Alice, rendidos acima da sua cabeça. A mulher grunhia durante a violência, sem se queixar. Peça para eu parar! Peça! Se ela não pedisse a minha embriaguez ia me obrigar a concluir aquilo.

Subindo seu vestido, enfiei os dedos e a fodi com eles. Alice gemia e contorcia o corpo quando acelerei os movimentos estimulando seu ponto G. Dentro das minhas calças, meu membro latejava, clamando para penetra-la e fazer a sua umidade aquecê-lo.

Ela tentava se soltar da minha mão esquerda, mas conforme puxava, o toque se tornava mais sufocante. Eu não queria sentir os toques dela na minha pele, queria apenas me vingar dos meus próprios sentimentos que insistiam em me fazer regredir e parar o que fazia.

Foda-se! Não vou parar!

Dane-se Anahí e o que sentia por ela. Eu tinha que provar para mim mesmo que podia encontrar prazer noutro corpo que não fosse o dela. Determinado, soltei Alice e baixei as calças revelando minha ereção.

Com a visão turva e embaralhada, olhei Alice se preparar para me sentir por completo, mas quando estava prestes a fazer isso uma voz soou dentro na minha consciência sumindo com toda a cena em que me encontrava para dar espaço a uma miragem inconsciente.

" - Eu te amo Alfonso...".

Maldito seja ela!

Me afastei segurando a cabeça com as mãos na tentativa de arrancar a memória daquilo. Subi minha calça e sentei na poltrona próxima da janela, trocando o ar dos pulmões com dificuldade. Quando levantei a vista, Alice estava sentada na beira da cama, chorando e escondendo a própria atitude.

Uma onda de arrependimento me invadiu por tê-la envolvido naquilo da pior maneira possível. Levantei para ir ao seu encontro e a mulher tentou me distanciar, mostrando a palma das mãos para mim num gesto de 'pare'.

- Não se aproxime de mim.

- Alice... - chamei sei nome pensando que daquela forma alguma palavra surgiria para me redimir, mas não apareceu.

Ela arrumou sua roupa, cobrindo seu corpo receoso por estar ali. Mesmo com a distância dela me atrevi a segurar seu braço pedindo por atenção. Alice me olhou, e mostrou como seus olhos claros estavam vermelhos.

- Sinto muito.

- Eu me deixei levar mesmo sabendo que não era a mim que você queria. Sou a única culpada por tudo isso.

- A bebida... Ela me deixou desnorteado.

- Sei o que o álcool faz com você Herrera - confirmou segura - Aconselho que deixe de beber para afogar sua amargura e ao invés disso busque se concentrar em coisas importantes.

- O que sugere? - perguntei como se ela soubesse mesmo o que eu devesse fazer.

- Ir atrás dela é a primeira solução.

- Acho melhor esse assunto acabar aqui.

Confusa, Alice me encarou como se tentasse entender os sinais no meu olhar, desviados por alguns minutos.

- Ela deve ter feito um merda muito grande - frisou, juntando seus sapatos, calçando-os - mesmo assim ainda acho a melhor solução.

- Já conversamos o suficiente.

- Ela falou alguma coisa ou foi só você e sua mania de 'sempre estou certo sobre tudo' que foi ouvida?

Meu silêncio foi o suficiente para ela soltar um sorriso indignado e se levantar para ir embora. Mas antes de realizar isso, Alice fez o que fazia de melhor. Jogar coisas na cara, principalmente na minha.

- Foi o que imaginei.

Ela apenas disse isso e abriu a porta, saindo.

De peito descoberto, fiquei mais um tempo de pé até andar para próximo da janela de vidro que tomava grande espaço no meu quarto. Admirando a silhueta de Milão, banhada de um sol amarelado, cruzei os braços e me permiti analisar os últimos cinco minutos da minha vida.

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Possession Where stories live. Discover now