Capítulo 61

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Anahí

O toque de vinho penetrava meus sentidos, atordoando-os a cada etapa. Eu sabia que minhas risadas já eram altas e a voz saia tropeçando na língua como uma lombada.
Alfonso gargalhava a cada cinco segundos, debochando da minha falta de controle.
Fiz uma cara chateada e ele retribuiu indiferente.

- Acho bom você parar de beber Anahí.

Fiz bico e demonstrei minha cara de chateação pelas formalidades.

- Porque não me chama por algum apelido carinhoso, ao invés de sempre dizer o meu nome? - Contestei embriagada - Casais fazem isso, Alfonso Herrera!

- Por acaso eu tenho algum? - perguntou coberto de cinismo.

Fiquei calada um tempo, recapitulando as diversas maneiras que o chamava quando não podia ser ouvida.

- Moreno... Olhos safira... Já chamei você dessas coisas.

Com uma risada mais alta que de costume, Herrera se jogou na cadeira, cruzando os braços para me fitar.

- E você chama isso de apelidos carinhosos?

- Claro! Ao menos não é formal.

- Então posso chamar você da forma que eu quiser... - refletiu segurando o queixo.

Meus olhos arregalados temiam o que podia ser dito. A minha insegurança ainda lampejava.

"Já te chamaram de tantas coisas Anahí"

- Gostosa ou bebê. Qual prefere? - continuou.

Abri a boca e lhe atirei uma das torradas que sobrou da sopa que tinham nos servido. Alfonso desviou, sorridente, prestes a me segurar, mas o garçom se aproximou e perguntou se queríamos mais alguma coisa.
"a conta" foi o que ele disse.

Não demorou muito para o pagamento ser feito e nós retornarmos ao nosso hotel.

Aquele final de semana estava sendo fora do comum. Todas as manhã saíamos para tomar banho de sol e nadar, além de caminhar descalços pela areia .
Admirar o pôr do sol através da varanda também foi um dos programas mais requisitados.
Era mágico admirar tudo aquilo ao lado dele.
Alfonso fazia de tudo para me agradar. Inclusive me encher de presentes que não havia como recusar. Um dos mais belos foi um solitário de safira, em ouro branco, com as iniciais do nome dele e as minhas gravadas na parte de dentro do corpo do anel.

Aquela era a cor dos olhos do meu amor.

Assim que ganhei subi o significado do presente, mesmo que ele não tenha dito nada sobre.

Toda a experiência na ilha rejuveneceu minha alma e em muitos momentos desejei que nunca fosse possível acordar do sonho de tê-lo em meus braços. Alfonso aproveitou a noite estrelada para fazer uma fogueira na beira da praia e eu providenciei um edredom de detro do quarto, para colocar no chão.
Nos deitamos sobre ele, contamos estrelas, trocamos carinhos e algumas histórias.

Ele me perguntou de onde vinha o meu dom para tocar piano, e eu fiz questão de parabenizar a minha vizinha. Uma senhora idosa e solitária que trocava aulas por um tempo ao lado de alguém. Alguém que ela pudesse chamar de filha. Era assim que ela me chamava. Nós duas trocávamos aquilo de certa forma já que eu também não tinha para onde recorrer quando a tristeza me assolava.
Por muito tempo a música foi meu refúgio.
Quando a maestra, dona Victoria, faleceu, foi um momento transitório.
Logo em seguida eu fugi, e graças aos ensinamentos dela na música consegui dar algumas aulas e juntar dinheiro suficiente para partir de vez.

Alfonso me ouvia atento, sem conseguir esconder o quanto se sentia devedor. Era como se ele quisesse transcrever minha história.

Honey, você já fez isso...

Depois da longa conversa, deitamos nossos corpos novamente por completo.
As mãos dele passearam pela pele do meu braço, me provocando arrepios na espinha.
Virei de lado para poder olhá-lo melhor, e Alfonso me imitou. Eu ia dizer algo antes de focar exclusivamente nos lábios vermelhos e ressecados dele, mas a única coisa que senti necessidade foi de beija-los. Me lancei sobre o corpo enfraquecido do meu marido e segurei sua nuca soltando o ar com dificuldade. Perdendo o fôlego. Toda vez que eu fechava os olhos ao lado dele era como entrar num paraíso escurecido. Existia o medo da solidão.

Tirei os lábios lentamente ainda de olhos cerrados, e quando os reabri, Alfonso me observava adimirando a minha capacidade de ficar em transe.

- Qual o sentido da vida? - perguntei um pouco amarga.

- Não sei... Talvez seja os momentos - respondeu afastando ums mecha de cabelo do meu rosto.

Baixei a vista evitando o contato visual.

- Esse é um bom momento.

- Um dos melhores.

- Qual foi o melhor para você?

Alfonso pensou por alguns segundos antes de conseguir a resposta da minha pergunta.

- Primeiro foi o dia em que nos esbarramos na R.Dress pela primeira vez, em segundo, fazer amor contigo, e em terceiro, nosso casamento todo... Incluindo agora.

- Era só um - corrigi intimidada.

- Impossível descrever nossa história sem falar cada etapa. Tudo nela é memorável demais - Alfonso pegou meu queixo obrigando-me a olhar profundamente seus olhos.

Ele se levantou e andou em silêncio comigo em direção ao quarto de hotel. Fui levada até a cama e antes de me deitar nela, Alfonso me deixou de pé e segurou meus ombros, deslizando a alça fina do vestido de algodão.
O tecido macio escorregou pelo meu corpo até cair no chão. Levantei os pés para afastá-lo enquanto ainda era coberta pelo olhar luxurioso dele. A escuridão suave do ambiente deixou o clima ainda mais cativante. Continha certo mistério entre nós.

Herrera me virou de costas e desabotoou meu sutiã, liberando meus seios.
Ainda virada contra ele, fui violada por debaixo da calcinha numa checagem.
Meu esposo queria se certificar de que naquela altura eu estaria completamente úmida.

- Seja apenas minha Anahí... Completamente minha.

Ao confirmar a minha resposta corporal, ele soltou um gemido abafado e arrancou a peça rapidamente no mesmo momento em que me lançava sobre a cama.
Foi um movimento agressivo que me deixou ainda mais excitada.
Mergulhando entre minhas pernas, ele as levantou e as apoiou nos ombros.
Assim que entrou em mim, Alfonso soltou o ar apertando os olhos com força por ser acolhido daquela forma.
O seu membro viril e endurecido alcançou a parte mais profunda do meu ventre deixando-me totalmente perdida.

A cada novo toque eu ficava cada vez mais sensível...
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Possession Where stories live. Discover now