|One Shot| parte 2

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Está se sentindo bem?

Aquela era a única diferença entre eles. Alfonso tinha a voz mais grave e rouca, já o desconhecido abdicava de um tom tranquilo. Quase celebre.
Anahí ainda não conseguia sair do seu estado de aflição.

Moça, responda.

Ela piscou apressada, enterrando o rosto nas mãos, esfregando os olhos para ver se a imagem dele sumiria. Mas mesmo depois dela ter feito todas as reações imagináveis, ele ainda estava lá, parado com o semblante ainda mais assustado.

O homem pareceu desistir dela, balançando a cabeça negativamente, e voltando a andar para longe.
Anahí não o impediu de sumir no meio da multidão que os cercava.
Ela o perdeu.

A morena arfava como se estivesse sufocando, aprisionada num devaneio sem fim — Não pode ser.
Ela andou sem rumo, apoiando-se nas colunas e paredes do lugar, sentindo-se sem forças para ficar totalmente de pé.

Depois que percebeu o que havia feito, ela tentou refazer os passos do homem desconhecido, insistindo em olhar em volta, na esperança de encontrá-lo, porém não conseguiu.

Seria uma miragem?
Uma ilusão provocada por seu desejo insano de rever Alfonso novamente?

— Sra. Herrera!

O cumprimento repentino a assustou, fazendo-a dar um salto, enrolando os olhos para o homem engravatado, ao mesmo em que segurava seu coração acelerado.

— Desculpe se lhe assustei, — desculpou-se retraído — mas estamos esperando pela reunião.

— Claro... — respondeu, ainda olhando ao redor em uma última tentativa. — vamos.

Anahí conseguiu fazer tudo, menos se concentrar nas negociações. Ela olhava o nada, pensativa, sem conseguir ignorar o que tinha acontecido mais cedo. Os homens falavam e ela os ouvia igual uma música de fundo, baixa e incompreensível. Até um deles perceber que a morena parecia mesmo totalmente ausente.

Concorda Sra. Herrera?

Anahí se viu obrigada a encará-lo depois de desperta.

— Desculpe, o que dizia?

— Se acha conveniente expandir sem licitações.

— Licitações são necessárias nesse caso, já que a própria empresa não tem suporte algum.

Ela respondeu depressa, treinada ao longo dos anos frente as empresas Herrera.

— Foi o que pensei.

Eles continuaram trocando informações e assinando alguns papéis antes de fechar todo o acordo, apertando as mãos numa forma de selar a o compromisso.

— Amanhã haverá uma reunião com os donos da transportadora — reafirmou o homem que era representante oficial do negócio.

— Estarei lá.

— Perfeito. Até mais.

Eles se dispersaram e ela voltou a ficar sozinha. Anahí jogou alguns dólares sobre a mesa, quitando o consumo, e foi pegar o elevador.

Seu corpo todo parecia exausto, mas aquilo com certeza era um cansaço mais emocional do que físico. Retirando as botas marrom de salto fino que iam até a altura dos joelhos, ela as largou próximo da porta, dentro do seu quarto de hotel, e jogou o casaco numa cadeira.

Exercitou o pescoço e puxou o celular insistente.

— Oi — respondeu fadada.

Até que enfim! Onde você estava?

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