Capítulo 71

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Anahí

Eu estava estacionada na avenida dentro do meu antigo carro. O mesmo que usava para trafegar sem os muitos motoristas que Herrera sempre me disponibilizava. Depois de ir visitar um dos clientes da empresa a pedido de Alfonso "Você precisa ser vista. Conhecida por todos como alguém importante. Precisa acostumar essas pessoas com a sua presença" Parei numa cafeteria mais próxima e me sentei para uma boa dose de cappuccino. Quando entrei na fila dos pedidos uma pessoa sorriu para mim. Na verdade um Homem.

- Olá.

A principio fiquei sem jeito por não reconhece-lo, mas logo me peguei totalmente em choque.

- Matias? Meu Deus você está parecendo alguém normal!

Ele trajava uma roupa folgada e casual, longe dos seus ternos alinhados de sempre. O motorista ficou completamente sem jeito com a minha forma da falar. Mas eu não dei importância nem uma. Era bom ver alguém conhecido aparentemente feliz. Nós nos conhecíamos a muito tempo, e mesmo que não tivéssemos contato algum, eu sentia muita afinidade por aquele homem.

- Como está a senhora?

- Por favor, me chame apenas de Anahí, não estamos trabalhando agora. Deixe as formalidades para o trabalho.

Corrigi lhe dando um curto abraço em cumprimento.

- A senhora... - repetiu desajeitado - Você está mesmo grávida.

- Pelo menos foi o que o médico disse.

Ele riu e pareceu ainda mais a vontade do que antes. Eu não lembrava o riso dele, mas foi bom ver um amigo sorrindo descontraído. Era como se ele não tirasse férias nunca, e obviamente aquele momento devia ser raro em sua vida.

- Fico muito feliz pela sua gravidez.

- Obrigada Matias. Também fico feliz de ver você se divertindo um pouco. Devia fazer isso mais vezes.

- O patrão me dá folgas sempre que peço, mas ultimamente tem feito isso com mais frequência.

- É mesmo - falei já sem saber muito como conduzir aquela conversa.

- Também sinto muito por vocês dois - o homem disse aquilo sem perceber o efeito que podia causar. Mas assim que notou a minha expressão desconcertada ele se redimiu gaguejando - Me desculpe se estou sendo inoportuno.

- Vai sentar com alguém? - mudei o foco do assunto falando rápido e com um falso riso.

- Na verdade...

- Se quiser podemos dividir uma mesa - sugeri.

De repente uma sensação estranha arrepiou toda a minha espinha me revelando que havia alguém atrás de mim. E a julgar o olhar desconcertado de Matias, com certeza eu estava certa.

- Posso dividir a mesa com os dois?

Lafaiete roubou meu olhar e deixou Matias totalmente sem jeito ao meu lado. O homem travou e por um segundo senti que ele havia retornado ao comportamento profissional de sempre. Sem expressões faciais, ou o que quer que denunciasse a sua interatividade comigo.

- Você aqui - consegui disser depois de um tempo de raciocínio.

- Se está pensando alguma coisa, não pense.

- Eu? Não. Só ancho que você está muito necessitado de amigos, como sempre, e acabou alugando seu motorista para fazer um programa ao seu lado para suprir sua necessidade de companhias.

Ele me encarou e arqueou a sobrancelha, dando um fino riso.

- Então pode pensar. É exatamente isso.

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