Ela me ignorou solenemente e levou o celular ao ouvido com uma calma que, sinceramente, era mais assustadora do que um grito.

— Oi, Choi. Tudo bem? Que bom que ligou. Queria te agradecer por destruir o plano de comunicação que a gente tinha construído nos últimos dois meses.

Silêncio.

Ela apertou os lábios, ouvindo o que ele falava e o semblante dela começou a mudar. De raiva contida, passou para incredulidade absoluta.

— O quê?! — ela gritou, afastando o celular por um segundo e depois voltando. — Você é louco! Não, sério. Você pirou de vez!

Me endireitei no sofá, tentando entender.

— O que ele falou?

Ela ignorou ou fingiu que não ouviu. O que dava no mesmo.

— Você fala isso como se fosse engraçado, Choi! Como se fosse uma brincadeira! Meu Deus, da próxima vez que eu te encontrar, eu juro... — ela olhou para mim, os olhos arregalados de indignação — Eu vou te dar um chute no saco. Com força.

— Minji! — eu comecei a rir, mesmo sem saber o que ele tinha dito. — O que foi?

— Você não quer saber.

— Agora eu quero.

Ela desligou a chamada e jogou o celular no meu colo como se ele estivesse queimando a mão dela.

— Seu namorado é um lunático.

— Isso eu já sei, mas o que ele disse?

Ela olhou para mim por um segundo, como se estivesse ponderando se me pouparia ou não.

— Disse que pensou em terminar a entrevista ao vivo pedindo você em namoro, mas que achou melhor não, porque a roupa estava apertada e ia marcar demais se ele ajoelhasse.

Eu travei. E então...

— Não — eu comecei a rir alto. — Ele falou isso?

— Com a maior naturalidade do mundo — ela respondeu, passando a mão no rosto. — Como se estivesse dizendo que ia comprar pão. Ji-hoon... você precisa colocar um limite nesse homem.

— Ele é o limite — falei, ainda rindo.

E por mais absurdo que fosse, parte de mim acreditava que ele teria feito exatamente isso. Do jeito mais doido, mais sincero, mais Choi Hyun-wook possível.

Minji saiu bufando, dizendo que precisava "andar antes que fizesse besteira". Quando a porta bateu atrás dela, o silêncio da sala pareceu pesado por alguns segundos, mas não era um silêncio ruim. Era aquele tipo de silêncio que vem depois de uma explosão. Meio engraçado. Meio inevitável.

Olhei para o celular ainda no meu colo. A chamada dela com o Choi ainda recente na tela.

Respirei fundo e liguei de volta.

Ele atendeu rápido demais, como se estivesse esperando.

— Minji, você já se acalmou? — ele perguntou, rindo, antes mesmo de ouvir direito.

— Não é ela, sou eu.

Houve um segundo de pausa do outro lado.

— Ah, verdade. Ela foi mais rápida que você — ele disse, sem soar nem um pouco arrependido. — Ela está brava, não é?

— Brava é pouco. Ela quer te agredir fisicamente.

Ele riu, daquele jeito aberto que dava até para imaginar o sorriso torto.

Fora do Script Where stories live. Discover now