A van estava em silêncio.
O tipo de silêncio que incomoda até quando não deveria.
Encostei a cabeça no vidro e fechei os olhos.
Não para descansar. Mas porque precisava parar de reviver o que acabou de acontecer.
Meus lábios ainda ardiam. Dava para sentir o calor, o toque, o gosto. Tudo ainda estava ali.
A boca do Ji-hoon era um lugar do qual eu não queria sair. Mas tive que sair. Tive que voltar. Sorrir pra câmeras. Fingir que eu não tinha acabado de trancar ele num banheiro e o beijado como se estivesse me afogando.
Passei a língua nos lábios sem pensar. Inchados. Quase sensíveis demais. Ótimo. A equipe de maquiagem vai me matar amanhã.
Suspirei. Mas não era pelo beijo.
Era pelo que veio antes.
Pela forma como ele sorria.
Não pra mim.
Mas para eles.
Os dois parados do lado dele, rindo, trocando olhares, falando alguma coisa que eu não consegui ouvir, mas que fez o Ji-hoon rir.
Aquilo mexeu comigo de um jeito que nem quero admitir. E nem era culpa deles. Os dois são legais, sempre foram. Não estavam fazendo nada demais. Nem ele.
Quando entrei no banheiro atrás dele, não foi só impulso.
Foi desespero.
Eu precisava ver ele. Tocar ele. Lembrar a mim mesmo — e talvez a ele — do que aquilo era.
Não sei se ele entendeu. Mas quando ele me beijou de volta... mais calmo e mais presente.
Foi como se dissesse: estou aqui.
A van virou à esquerda. As luzes da cidade passavam rápido pela janela. A cabeça encostada no vidro gelado e o peito quente demais.
O porteiro me cumprimentou com um aceno discreto. Eu só balancei a cabeça de volta. Entrei no elevador com as mãos nos bolsos, tentando me concentrar no reflexo que voltava seu corpo quente.
Encostei a cabeça na parede do elevador e respirei fundo.
Você está parecendo um idiota apaixonado, pensei.
O elevador chegou. Entrei no apartamento e fui direto para o quarto. Tirei a camisa pelo caminho e deixei o celular na cômoda, sem coragem de olhar.
Fui até o banheiro, lavei o rosto, e quando olhei no espelho... Minha boca ainda estava vermelha. Levemente inchada.
Sorri sozinho. Idiota.
Voltei para o quarto, sentei na cama e peguei o celular. A tela acendeu. Nenhuma mensagem nova.
Fiquei encarando a tela por alguns segundos. Abri a conversa com o Ji-hoon. Tantas mensagens soltas, pontuais, como se a gente vivesse um relacionamento feito de migalhas de tempo.
Digitei:
"Chegou bem?"
Apaguei.
Escrevi de novo:
"Tá acordado?"
Apaguei de novo.
Suspirei.
E então mandei o mais simples:
"Oi."
Bloqueei a tela e larguei o celular na cama. Me joguei de costas, os braços por cima do rosto, tentando ignorar a ansiedade boba que subia pelo peito.
Dois minutos depois, ele respondeu.
Ji-hoon:
Oi.
Sentei na mesma hora.
O sorriso veio antes que eu pudesse evitar.
Choi:
Tá bem?
Ji-hoon:
Estou. Você?
Choi:
Ainda com a boca quente.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
