Era sexta à noite e, pela primeira vez na semana, eu não tinha nada. Nada além de uma camiseta velha, uma calça confortável e o som do aquecedor reenchendo o silêncio do apartamento.
Eu estava no sofá, com o celular na mão, deslizando sem muito foco. Até que um vídeo apareceu.
A entrevista do Ji-hoon.
Cliquei sem pensar. E ali estava ele: tenso, mas sincero. Dizendo coisas que eu nunca imaginei que ouviria dele. Pelo menos, não em público.
"É como se... eu finalmente estivesse no lugar certo."
"Mas mesmo quando não nos falamos... eu penso nessa pessoa todos os dias. "
Sorri. De leve.
Mas o sorriso sumiu rápido.
Porque ainda doía.
Porque ele teve tantas chances antes. Porque eu pedi tantas vezes e ele sempre recuava. E agora que eu já havia desistido, ele resolvia aparecer?
Suspirei, fechei o aplicativo e joguei o celular de lado.
A campainha tocou.
Franzi a testa. Não estava esperando ninguém. Me levantei devagar, fui até a tela da câmera.
Nada.
Abri a porta.
Ji-hoon estava ali. Quase desaparecendo no meio de seu casaco.
— Oi — ele disse, calmo.
Fiquei parado. Literalmente travado.
— Veste uma roupa — ele continuou, empurrando meu peito com a mão para dentro do apartamento, sem nem me dar tempo de processar. — Nós vamos sair.
— Pra onde? — perguntei, ainda confuso. — Eu não quero sair.
— Você não quer, mas vai — ele disse, abrindo espaço pela casa como se morasse ali. — Anda, vai se trocar.
Ainda sem entender por que eu estava deixando aquilo acontecer, fui. Coloquei uma roupa qualquer, ainda emburrado. Quando saí do quarto, ele estava encostado na parede, esperando.
— Vamos — falou, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Descemos. Do lado de fora, o carro dele estava parado. Ele abriu a porta do passageiro e eu entrei, mais por curiosidade do que por vontade.
Não falamos muito no caminho.
O rádio tocava baixinho.
Ele parecia tranquilo.
Estacionou perto do Rio Han, em uma das áreas onde casais e famílias costumavam caminhar à noite. As luzes refletiam na água e o som do vento batia nas folhas das árvores. A brisa era fria, mas não desconfortável.
— O que você quer com isso? — perguntei, enquanto caminhávamos lado a lado.
Ji-hoon encolheu os ombros.
— Nada. Só queria andar um pouco.
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
— Você ainda está bravo comigo? — ele perguntou.
Parei um instante, olhei para frente, depois para ele.
— Estou.
Ele assentiu.
E, sem dizer nada, segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos.
No reflexo, olhei em volta. Algumas pessoas caminhavam por ali também. Grupos, casais, famílias com crianças pequenas. Todos na sua rotina, todos passando por nós.
Virei o rosto para ele.
Ji-hoon me olhava com aqueles olhos brilhantes.
Aqueles olhos que me desmontavam.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
