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Era um raro dia de descanso.

A casa estava silenciosa, com as cortinas fechadas, o celular virado para baixo no sofá e eu sentado no chão da sala com uma almofada no colo.

O encontro no banheiro ainda martelava na minha cabeça. O reflexo dele no espelho. O tom de voz. O "vem comigo". E, acima de tudo, a forma como tudo em mim queria dizer sim... mesmo quando minha mente dizia não.

Suspirei, peguei o celular e digitei uma mensagem.

Você pode vir aqui? Preciso conversar com você.

Enviei para a Minji. Menos de cinco minutos depois, ela visualizou.

Estou indo.

Ela chegou meia hora depois, como sempre, sem sorrir.

Entrou como um furacão silencioso. Tirou os sapatos, jogou a bolsa no canto, me olhou dos pés à cabeça e disse:

— Fala.

Me sentei mais reto no sofá, tentando parecer mais certo do que eu estava.

— Eu vi o Choi ontem.

Ela não reagiu de imediato. Só cruzou os braços, esperando o resto.

— No banheiro do evento. A gente conversou.

— Conversou? — ela arqueou uma sobrancelha. — Conversar agora inclui encostar, trocar olhares e sair de carros juntos?

— Minji... eu estou tentando ser honesto com você.

Ela respirou fundo, se sentando na poltrona do lado. Ficou me olhando por alguns segundos antes de falar:

— E aí? O que ele te disse?

— Que quer conversar de verdade. Sozinhos. Sem ninguém em volta.

Ela soltou uma risada seca, inclinando-se pra frente.

— E você quer ir?

Fiquei em silêncio.

Ela entendeu a resposta no meu rosto.

— Olha, Ji-hoon... eu não sou sua mãe. Não posso te trancar nesse apartamento. Mas se você for... se você continuar com isso... vai ter que aguentar as consequências.

— Eu sei.

— Não, você não sabe. — a voz dela subiu um pouco. — Porque até agora eu fui a parede que te protegeu. Fui eu quem respondeu as mensagens dos jornalistas. Fui eu quem inventou desculpa para a diretora de marca que viu a foto do carro. Fui eu que te tirei do trending topic três vezes em duas semanas. E se sair mais uma imagem, se vazar qualquer coisa...

— A culpa vai ser minha. — completei.

Ela assentiu, firme.

— Mas entenda: se você escolher isso, precisa estar pronto pra tudo que vem junto. O peso da dúvida. As suposições. Os comentários. A Coreia inteira em cima de vocês.

Me encostei no sofá, olhando pro teto.

— Eu sei.

Ela me olhou com um pouco menos de dureza agora. Quase como uma irmã mais velha cansada, mas preocupada.

— Eu só quero que você entenda... você tem todo o direito de querer alguém. Mas também tem a carreira. Tem sua imagem. Tem coisas que você construiu com esforço demais para jogar no lixo por impulsividade.

— Eu não estou jogando nada fora.

— Ainda não. — ela disse. — Mas o primeiro passo para se perder é achar que pode controlar tudo.

Fora do Script Where stories live. Discover now