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Era sábado. O que significava que Minji havia vencido mais uma batalha contra a minha vontade própria.

"Você está muito sedentário. Sua postura está horrível. Vai pra academia nem que eu tenha que te arrastar."

E como sempre, ela conseguiu o que queria.

Voltei arrastando os pés pelo corredor do meu andar, o corpo cansado, a respiração mais pesada do que deveria. Estava com um short leve, regata escura colada nas costas suadas, os tênis rangendo no chão polido do prédio. O cabelo, grudado na testa, insistia em cair no olho. Eu só queria um banho, mas quando virei o corredor, parei no lugar.

Ali, sentado encostado na porta do meu apartamento, cabeça baixa e celular na mão, estava ele.

Choi.

Ergui as sobrancelhas, o corpo ainda ofegante da série de abdominais que o personal me forçou a terminar.

Ele parecia confortável demais ali, como se fosse o dono do lugar. O cabelo bagunçado, moletom jogado nos ombros, como se estivesse me esperando há horas.

Ele levantou o olhar quando ouviu meus passos e antes mesmo de dizer qualquer coisa, sorriu. Um sorriso torto. Aquele tipo de sorriso que me dava vontade de bater a porta na cara dele e puxá-lo de volta no mesmo segundo.

— Bonito esse visual "suado e sexy", hein — ele soltou, guardando o celular no bolso enquanto se levantava devagar.

O olhar subiu do meu tênis até a gola da regata, parando ali, bem no meu pescoço.

— Faltou avisar que ia me dar esse presente hoje.

Revirei os olhos, sem conseguir segurar o suspiro.

— Choi, o que você está fazendo aqui?

Ele esticou os braços para cima, se espreguiçando como se não tivesse invadindo a minha vida de novo.

— Desde quando você faz academia?

— Desde hoje.

Ele sorriu, inclinado.

— Foi por mim?

Bufei, destrancando a porta do apartamento.

— Foi a Minji que me obrigou.

Entrei e ele entrou junto, sem ser convidado como sempre.

— Você ainda não respondeu o que veio fazer aqui.

— Vim conversar.

— Conversar?

— Uhum — ele respondeu, jogando o moletom no encosto do sofá como se morasse ali. — Mas pode ir tomar banho primeiro. Eu espero.

Encarei ele por alguns segundos, desconfiado, mas fui até o banheiro. Não que eu tivesse escolha — eu precisava daquele banho. Me sentia grudando por dentro.

Fechei a porta, tirei a regata, depois o short. Liguei o chuveiro, esperei a água esquentar e entrei. Era como se meu corpo suspirasse de alívio junto comigo.

E então...

Click.

A maçaneta girou.

A porta abriu devagar.

Virei o rosto e lá estava ele. Encostado no batente, os olhos cravados em mim.

Eu não me movi. Só fiquei ali, parado, gotas escorrendo pelo meu corpo, tentando entender o que ele estava fazendo.

— A academia já está começando a fazer efeito. — A voz dele veio baixa, arrastada.

— Sai daqui.

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