Acordei com a notificação do celular piscando ao lado da cama.
Minha cabeça ainda estava pesada, não de ressaca, mas de falta de sono. As últimas noites foram todas assim: longas demais, com muitos pensamentos e nenhuma conclusão.
Toquei na tela.
Duas mensagens não lidas.
Nenhuma delas era dele.
Desbloqueei e entrei na conversa com Ji-hoon.
A última resposta dele tinha sido há três dias.
Uma reação seca a uma figurinha idiota que eu tinha mandado.
Depois disso, nada.
Rolei o histórico, como se fosse encontrar alguma pista escondida, alguma brecha que justificasse o silêncio. Mas só encontrei o eco da nossa conversa no carro, o último momento em que tudo parecia... leve. Quase certo.
Tentei não levar pro pessoal.
Tentei dizer a mim mesmo que ele devia estar ocupado.
Ou cansado.
Mas então as fotos começaram a aparecer.
Não no nosso grupo de amigos.
Na internet.
Ji-hoon, no interior.
Ji-hoon, com a família.
Ji-hoon, de boné e máscara, tentando parecer discreto, mas falhando, como sempre.
Um tweet dizia:
"Jihoon no interior com a família. Depois do caos da semana passada, parece que resolveu se isolar um pouco 🥹💔"
E ali, meu coração pesou.
Tentei ligar.
Chamou até cair na caixa postal.
Tentei de novo.
Duas vezes.
Nada.
Passei o dia com o celular na mão. Fui ao ensaio da nova campanha da marca de roupa que fechei mês passado. Fiz as fotos sorrindo, cumpri o cronograma, brinquei com os stylists, gravei um vídeo para os bastidores.
Mas, por dentro, tudo em mim estava fora do lugar.
No intervalo, sentei sozinho no camarim, o celular ainda na mão. Olhava o nome dele ali, congelado na tela, como se fosse proibido tocar.
Recebi uma mensagem do manager.
"A gravação com Ji-hoon foi adiada. Ele cancelou. Não deram previsão de remarcação."
Respirei fundo.
Como assim cancelou?
Peguei o celular de novo. Digitei uma mensagem.
Apaguei.
Digitei de novo.
Apaguei de novo.
Talvez fosse melhor dar espaço.
Mas já fazia dias.
E eu não era só mais um colega de gravação. Eu tinha estado no carro com ele, no frio, na calçada, no silêncio.
Deitei no sofá do camarim, a cabeça apoiada no braço e fechei os olhos.
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Os dias passaram e a mensagem dele nunca veio.
Vi mais fotos no Twitter. Uma era da mãe dele, sorrindo ao lado dele num café pequeno no interior.
Os fãs comentavam coisas fofas. Outros diziam que ele precisava de descanso. Mas ninguém sabia o que realmente estava acontecendo.
Ninguém sabia do carro naquela madrugada.
Da nossa conversa sobre o que era real e o que era encenação.
Só eu.
E ele.
E, aparentemente, ele tinha decidido apagar tudo.
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No final da semana, tive outra reunião com o pessoal da série. Yoo Soo-min, o diretor, comentou de novo sobre o marketing, sobre como a presença dos dois protagonistas juntos dava engajamento.
— O público ama vocês. Quando vocês estão juntos, é como se a série respirasse de novo.
Assenti devagar.
— Mas ele não respondeu mais.
— Eu sei. Ele tá... lidando com muita coisa. A gente está tentando ver se ele volta para o cronograma em breve.
— Então a gravação está cancelada mesmo?
— Por enquanto, sim.
— Tá.
Foi tudo o que consegui dizer.
Naquela noite, deitado no escuro do meu quarto, enviei uma última mensagem.
"Se você quiser sumir por um tempo, tudo bem. Eu só queria saber se você tá bem."
Fiquei olhando a tela.
Ela não mudou.
Nenhuma resposta.
Desliguei o celular, virei de lado na cama e fechei os olhos.
Dessa vez, não havia mais nada que eu pudesse fazer.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
