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Os dias seguintes passaram como sempre: um set diferente por dia, figurino novo, equipe nova, café ruim e palavras repetidas.

Tudo tão igual que ficava fácil esquecer do que era importante. Ou, pelo menos, fingir que esquecia.

Na noite de sexta, eu finalmente tive um respiro.

Sozinho em casa, com a luz da casa baixa, me joguei no sofá com uma tigela de pipoca que não combinei com nada e deixei o controle cair ao lado da perna. O celular vibrou em cima da mesinha umas três vezes até que decidi abrir.

Uma notificação do YouTube:
"Park Ji-hoon e Choi Hyun-wook no programa de variedades – tênis, olhares e tensão".

Suspirei.

Não era o nome oficial do vídeo, claro.
Mas era esse que os fãs repostavam, reeditavam, recortavam em mil partes. A thumbnail era nós dois olhando para os tênis, ou melhor, olhando quase um para o outro.

Dei play.

A primeira coisa que ouvi foi minha própria risada. Alta. Mais espontânea do que eu lembrava.

Me vi de novo dizendo que o "Suho era energia".
Vi Ji-hoon zombando do meu desenho. Vi os dois tênis lado a lado — o dele mais discreto, o meu ridiculamente chamativo.

A edição dos fãs era rápida, dinâmica. Colocaram fundo musical. Legendas em inglês, espanhol, tailandês.

O vídeo tinha mais de 1 milhão de visualizações.

Na seção de comentários, as pessoas surtavam:

"A química deles é de outro mundo."

"Isso não é só atuação."

"Ji-hoon rindo das piadas do Choi com os olhos, SOCORRO."

Rolei os comentários devagar, sem saber se ria ou desligava tudo.

Abri outro vídeo, um daqueles cortes engraçados. Colocaram zoom no momento em que eu encostei no encosto da cadeira dele. Trilha sonora de comédia romântica por cima. Legendas dramáticas do tipo: "Quando ele finge que está só sendo amigável..."

Ri sozinho. Não por achar graça. Mas por não saber o que pensar.

Parei o vídeo em um frame específico.
Nós dois.
Sentados lado a lado.

E por mais que tentássemos parecer relaxados, havia uma linha invisível entre nós. Um campo de tensão que nem a edição conseguia disfarçar.

Peguei o celular. Abri a conversa com Ji-hoon.

Nada novo desde aquela mensagem sobre o boné.
Nada além de silêncio, que a gente fingia que não significava nada.

Voltei pro vídeo, cliquei em "compartilhar" e copiei o link.
Abri de novo o chat e escrevi:

"Esse vídeo aqui. Você parece que vai sair correndo a qualquer momento kkk"

Apaguei.
Reescrevi.

"Esse vídeo tá parecendo dorama. A edição com trilha romântica me matou kkk"

Parei.
Será que ele ia responder?
Será que ia ignorar?

Suspirei. E mandei.

Fiquei olhando pra tela por alguns segundos, esperando os três pontinhos aparecerem.

Nada.

Joguei o celular no sofá ao lado e voltei para o vídeo e deixei ele rodar até o fim.

— "Foi bom te ver, Ji-hoon."
— "A gente se vê."
— "A gente se vê."

Fora do Script Where stories live. Discover now