O dia estava cheio desde cedo. Quatro entrevistas, duas sessões de fotos e um vídeo promocional de última hora. Eu não reclamaria, sempre quis isso. Sempre quis estar ocupado, rodando o país inteiro, recebendo aplausos e vendendo imagem.
Na van, encostei a cabeça no banco e fechei os olhos, esperando que o caminho até o próximo compromisso durasse mais do que o previsto. Para que eu conseguisse tirar um cochilo.
— Você está estranho esses dias — disse Jeong, sem rodeios.
Ignorei. Sabia que ele não pararia por aí.
— Você anda sumindo — Jeong falou, sem nem tirar os olhos da tela. — Apagando localização, desmarcando coisa em cima da hora. Está achando que pode fazer tudo do seu jeito agora? Se for coisa do Ji-hoon de novo...
Abri os olhos devagar. Só de ouvir aquele nome, meu corpo inteiro travou.
— E aí? Vocês têm se falado?
— Por que você quer saber? — perguntei, seco.
— Porque eu preciso saber com o que estou lidando. Se você vai aparecer amanhã com outra expressão de merda no rosto, se vão ficar te perguntando de novo o porquê da sua mudança de humor ou se vai acabar vazando alguma coisa por descuido. Eu não estou contra, Choi. Só quero saber o que está acontecendo.
Fiquei em silêncio. O som da cidade entrava abafado pela janela da van, mas o que ecoava mais alto era o aperto no meu peito.
— Eu não tenho obrigação de te explicar nada da minha vida pessoal.
— Quando ela começa a interferir na sua carreira, tem sim.
Engoli em seco. Tentei controlar, mas não consegui. Virei o corpo pra ele, o tom saiu mais alto do que deveria:
— Se você não está aguentando, pode se demitir.
O silêncio que se seguiu foi pesado.
— Olha, Hyun-wook, só estou tentando proteger você — ele soltou, por fim.
— Não, Jeong. Você está tentando proteger a sua carreira, o seu cargo. Está com medo de se queimar por causa de mim.
— Queimar? — ele rebateu, com um riso nervoso. — Eu sou o único nessa equipe que ainda está tentando evitar que tudo isso vire mais um escândalo e você acha ruim?
— Escândalo? — repeti, bufando. — Você fala como se eu estivesse cometendo um crime.
— Não distorce as coisas. Você sabe muito bem o que eu quero dizer. A indústria aqui não é gentil, Choi. Não é com ninguém, muito menos com gente que...
— Gente que o quê? — interrompi, encarando ele. — Vai, fala.
Ele hesitou.
E foi aí que eu percebi que era pior do que parecia.
— Você tem algum problema com o fato de ser entre dois homens?
O silêncio dele disse mais do que qualquer resposta.
— Porque está parecendo isso — continuei, a voz agora mais baixa, mas carregada. — Você age como se estivesse me protegendo, mas esconde meu celular, me trata como se eu não tivesse controle da minha própria vida... Não me deixa nem ver ele.
— É o meu trabalho cuidar da sua imagem.
— Não, Jeong — interrompi de novo. — O seu trabalho é cuidar da logística. Cuidar da agenda. Da segurança. Não é me impedir de responder uma mensagem. Não é vigiar com quem eu posso ou não me encontrar.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
