Fora do Script

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Minji estava de boca aberta. Literalmente.

Virou o rosto devagar na minha direção, ainda com os olhos grudados na televisão e eu tive que tapar a boca com a mão para não rir alto.

— Ele comentou um coração no post da menina e agora está sendo apalpado ao vivo no Top Gay Box? — ela perguntou, sem piscar. — Ji-hoon... eu vou entrar dentro da televisão e arrancar cada fio de cabelo do Choi com a pinça da minha sobrancelha.

Eu me joguei de lado no sofá, rindo igual um idiota.

— Tínhamos combinado que iria ser público... — falei, tentando controlar a voz — Mas também não era para tanto. O Choi é completamente boca de sacola.

— Boca de sacola é pouco. Ele é um megafone com perna.

A TV ainda mostrava ele no palco, rindo com os apresentadores e eu nem conseguia ficar bravo. Tinha algo naquele jeito dele, aquele "eu faço o que eu quiser" meio inconsequente, que fazia tudo parecer mais simples.

Mas Minji não estava achando simples.

Ela pegou o celular de cima da mesa com raiva.

— Eu vou ligar pra Na-yeon agora. Vou pedir para processar ele por danos emocionais e visuais também, porque essa blusa justa ficou horrorosa nele.

— O quê? — eu quase engasguei de rir.

Ela já estava com o número digitado.

— Estou falando sério, Ji-hoon. Ele me fez cuspir café. Eu tava tranquila aqui, achando que ia ser só uma menção discreta, talvez uma piscadinha misteriosa. Mas não. Ele foi lá, riu na cara do sigilo e comentou um coração vermelho, como se tivesse declarado guerra à mídia.

Ela levou o telefone ao ouvido e eu, ainda rindo, estiquei o braço e o tirei da mão dela com calma.

— Você vai ligar para quem?

— Para a Na-yeon, claro. É a única pessoa que ainda tem um pouco de controle sobre aquela criatura.

— Ninguém tem controle sobre o Choi — falei, segurando o celular fora do alcance dela. — E acho que, no fundo, é isso que faz todo mundo gostar dele.

Minji cruzou os braços, bufando, mas o canto da boca já começava a ceder.

— Você está mesmo ok com isso?

Respirei fundo, o sorriso ainda no rosto, mas os olhos voltando para a tela, onde o Choi gargalhava enquanto um dos apresentadores segurava o braço dele com as duas mãos.

— Estou. Quer dizer... eu não esperava que ele fosse falar assim, tão de boa. Mas... é ele, né?

Minji ficou me olhando por uns segundos. Eu sabia o que ela estava pensando, porque eu também pensaria.

Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu não estava assustado. Só surpreso. E meio orgulhoso, no fundo.

Minji resmungou alguma coisa sobre estar cercada de inconsequentes e afundou no sofá ao meu lado.

A TV seguia com gritaria, piadinhas e mais uma enxurrada de comentários engraçados e surtados dos apresentadores. Choi parecia completamente à vontade. Natural. Ele não estava fingindo. Não estava escondendo.

Ouvi o toque do meu celular e antes que eu pudesse sequer esticar o braço, Minji já havia pegado o celular do sofá como se estivesse jogando uma final de vôlei.

— Eu sabia que era ele — ela murmurou, apertando o botão de atender.

— Minji, me dá aqui — pedi, meio rindo.