A luz natural mal atravessava a janela quando ouvi o barulho das cortinas sendo puxadas com força.
Olhei de canto.
Minji estava lá. De pé. Queixo travado. Boca apertada.
Fechou todas as cortinas sem dizer uma palavra.
Uma a uma. Rápida. Como se cada fresta fosse um risco de vida.
Sentei no sofá, abraçando os joelhos. A TV desligada refletia minha cara de merda.
Ela passou por mim com passos curtos e secos, foi até a porta, conferiu a tranca, depois voltou pra sala. Não olhou para mim.
Nem conseguia brigar.
— Minji... — tentei.
Ela só levantou a mão no ar. Tipo "não fala".
Respirou fundo e passou a mão no cabelo.
— Eles estão na rua — disse por fim, a voz baixa e cansada. — Câmeras com tripé, lente longa. De plantão. No seu prédio.
Desviei o olhar.
Engoli em seco.
— Você está sendo vigiado, Ji-hoon. Agora... a gente não tem mais controle.
Silêncio.
Minji suspirou de novo, se encostou na parede e fechou os olhos por um segundo. Quando abriu, estavam marejados, mas firmes.
— Ele só me trouxe para casa... — falei, quase num sussurro.
— Eu sei, mas isso não importa agora. O que vão dizer importa mais do que a verdade.
A cabeça latejava. O estômago embrulhava.
Eu nem lembrava direito do caminho pra casa.
Só do calor das costas dele. Da forma como ele segurou meus braços. Do cuidado.
E agora... isso.
Meu celular não estava mais comigo.
Minji pegou quando as primeiras fotos saíram.
Nem pediu. Só levou. Falou que "era melhor assim por enquanto". Como se por acaso "por enquanto" fosse o fim do mundo inteiro.
Minha cabeça girava no mesmo ponto:
"E se ele estiver tentando falar comigo agora?"
— E agora? — a voz dela cortou meus pensamentos.
Levantei os olhos. Minji estava na cozinha, o notebook aberto, falando e digitando ao mesmo tempo.
— Como você sai de casa agora, Ji-hoon? Me diz. Eu vou ter que contratar uns dez seguranças para te levar até o carro?
Ficou me olhando como se eu tivesse uma solução.
Eu não tinha.
— Eu não sabia que ia vazar... — murmurei.
— Não é sobre saber ou não — ela respondeu, séria. — É sobre prever. Antecipar. Você é famoso. Isso aqui não é um ensaio colegial. Isso é uma indústria que destrói quem vacila.
As palavras bateram mais forte do que deviam.
Mas eu sabia que ela só tava tentando me proteger.
Como sempre.
O pior era que eu não queria sair de casa mesmo.
Não pelo medo da mídia. Mas pela vontade absurda de sair correndo até ele.
De saber se ele estava bem. De perguntar o que ele sentiu quando viu tudo.
Mas sem celular, sem rede, sem acesso a nada...
Era como se o mundo tivesse me trancado em um quarto escuro e jogado a chave fora.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
