Quando a Minji fechou a porta com força, como se o apartamento fosse dela, fiquei olhando para o nada por um bom tempo. A sala continuava igual, mas o ar parecia mais denso. E não era só culpa do aquecedor ligado.
Eu sabia que ela tinha razão.
Essa parte era a pior.
Ela sempre tinha.
No dia seguinte, cancelei a gravação com o Choi.
Não escrevi pra ele.
Não expliquei.
Só... cancelei.
Apaguei a notificação da agenda e desliguei o celular.
━────────━━────────━
— Vai fazer o que agora? — Minji perguntou, com os braços cruzados.
— Vou visitar minha família.
Ela suspirou, mas não contestou.
No fundo, sabia que me manter fora do radar por uns dias era o melhor que eu podia fazer. Então fiz as malas e parti.
━────────━━────────━
Voltar pro interior era sempre estranho.
A cidade era pequena, e mesmo assim, cheia de olhos. As pessoas me reconheciam, mesmo de máscara. Tinha gente educada, que só acenava. Tinha adolescente que pedia foto tremendo. E tinha os que só me observavam de longe, cochichando como se eu não percebesse.
Tirei a máscara só para tomar café com minha mãe, num lugar escondido. Alguém tirou uma foto. No mesmo dia, estava no Twitter com a legenda:
"Jihoon se escondendo depois dos boatos com Choi?"
Fechei o aplicativo e respirei fundo.
Passei a maior parte dos dias com minha mãe. Dormi no meu quarto antigo, agora todo reformado. Comi comida de verdade. Ajudei meu pai a limpar o quintal. Deitei na rede da varanda e encarei o céu por horas.
Era pra isso me acalmar.
Mas dentro da cabeça, o caos continuava.
Vi todas as mensagens dele.
Vi quando ele mandou um gif estúpido dizendo "essa cara sou eu agora".
Vi a notificação da ligação perdida.
Vi a última mensagem:
"Se você quiser sumir por um tempo, tudo bem. Eu só queria saber se você tá bem."
Apertei o celular contra o peito.
Mas não respondi.
Não porque não queria.
Mas porque, se eu desrespeitasse a Minji mais uma vez... era capaz dela me estrangular.
E eu precisava dela.
Pra tudo.
Sempre precisei.
Ela não era só minha manager.
Era minha rede de proteção.
A única que falava comigo como um ser humano e não como um produto.
Ela me conhecia desde os tempos de dublagem, dos comerciais de suco, da época em que meu maior medo era errar uma fala e não ser chamado de novo.
Então, mesmo com os olhos marejando, mesmo com a garganta fechada...
Não respondi.
━────────━━────────━
Depois de alguns dias no interior, confesso que já tinha me desligado de tudo aquilo.
Das mensagens não respondidas.
Do carro.
Da foto.
Do frio.
YOU ARE READING
Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
