Os dias no hotel estavam começando a me irritar.
O carpete bege, a cortina pesada, o cheiro engarrafado de neutralizador de ar-condicionado. Nada ali parecia meu. Só o travesseiro amassado e o celular do lado da cama me lembravam que eu ainda estava vivo, de algum jeito.
Minji vinha e ia o dia inteiro, resolvendo coisas com a equipe, procurando outro apartamento, passando atualizações que eu ouvia com meia atenção. Eu agradecia com acenos. Respondia com sorrisos pequenos. Fingindo que ainda sabia o que fazer.
Mas só uma coisa se repetia, todos os dias, sem falhar.
As mensagens de Choi.
Mesmo quando eu não respondia.
Mesmo depois da confusão.
Mesmo quando ele sabia que eu provavelmente nem leria.
"A gravação hoje foi puxada, quase desmaiei de calor."
"Comi dois potes de kimchi só pensando em você dizendo que eu vou morrer antes dos trinta."
"O Kyung disse que se eu não calar a boca sobre você, vai cortar meu cabelo dormindo."
Não eram declarações.
Não eram cobranças.
Eram só... ele.
Tentando ficar perto mesmo de longe.
Tentando me lembrar que eu ainda existia em algum lugar que não doía.
Estava sentado no sofá quando o celular vibrou.
Uma notificação no canto da tela.
Choi: "Tô com saudade."
Só isso.
Simples.
Crua.
Sem disfarce.
Pensei em ignorar. Pensei em sorrir.
Mas, no impulso que só ele despertava, escrevi:
"Você quer me ver?"
A resposta veio em menos de cinco segundos.
Choi: "Sim. Agora."
Engoli seco.
Fiquei olhando a tela por uns segundos. E pela primeira vez desde tudo, escrevi mais do que uma linha.
"Tem uma entrada nos fundos, no fim da rua lateral. Vira à direita depois da farmácia. Vai dar numa portinha sem sinalização. Vou avisar sobre você.
Bloqueei o celular e fiquei de pé no meio do quarto. Nem tentei arrumar o cabelo ou trocar de roupa. A verdade é que ele já me conhecia bagunçado e mesmo assim ainda vinha.
Esperei andando de um lado pro outro.
Dez minutos. Vinte.
Depois, três batidas na porta.
Secas.
Exatas.
Meu peito travou.
Andei até a porta devagar.
Cada passo pesando mais que o anterior.
Coloquei a mão na maçaneta e respirei fundo.
Abri.
E ele estava ali.
Cabelo bagunçado, moletom largo, o olhar direto como sempre. Os ombros levemente ofegantes, como se tivesse vindo correndo. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele se moveu.
Me puxou com força. Os braços ao redor do meu corpo, o rosto apoiado na minha cabeça. Meu rosto enterrado em seu peito.
Fiquei parado por dois segundos.
Depois... me desmontei.
Fechei os olhos e deixei o corpo afundar no dele.
O cheiro familiar, o calor. A sensação do coração dele batendo rápido.
As mãos dele me apertaram mais.
— Você não sabe o quanto eu precisei disso — ele sussurrou.
Ficamos ali por um tempo que não dava para contar.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
