Fora do Script

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O barulho começou pequeno. Como se alguém estivesse derrubando algo no corredor.

Ignorei. Virei para o outro lado.

PAM PAM PAM PAM.

O som virou uma martelada insistente, reverberando dentro do meu crânio.

— Ji-hoon! ABRE ESSA PORTA!

A voz. A única pessoa que teria coragem de berrar desse jeito em um hotel cinco estrelas em Paris.

— Merda.

Sentei na cama de supetão. A cabeça latejava. A boca estava seca. A luz que atravessava as cortinas parecia um holofote me punindo por ter vivido.

Caminhei tropeçando até a porta, ainda de moletom, o cabelo uma desgraça.

Abri.

Minji entrou como um furacão.

— Você está maluco?! — ela disse, passando por mim. — São sete e quarenta e cinco e seu voo é em UMA HORA. E você nem atendeu o celular!

Eu fiquei parado, tentando absorver as palavras. O tempo. O mundo.

Ela olhou para o chão e congelou.

— Latinha? Latinha. LATINHAS?

Sim, o quarto estava um caos. Pelo menos umas dez latas de cerveja espalhadas, uma almofada caída no chão, o boné do Choi ainda no braço do sofá.

Foi nesse momento que a memória voltou.

O sofá.

A risada.

O "eu só queria não fingir por uma noite".

O boné.

O boné?!

Olhei rápido para o sofá. Estava vazio.

— Onde ele está? — perguntei, mais para mim do que para ela.

— Ele quem?!

— O Ch—

Parei.

Minji me encarou, os olhos estreitos.

— Não...

— NÃO.

— Minji, não é o que parece.

— Você deixou ELE subir aqui?!

— Ele bateu na porta.

— PARK JI-HOON!

— Ele já foi! Eu acho. — Caminhei até o sofá e olhei atrás das cortinas, no banheiro. Nada. — Eu... estava dormindo quando você bateu. Ele deve ter ido embora antes disso.

Ela cruzou os braços, batendo o pé no chão.

— Você acha que esse hotel não tem câmera? Que ninguém viu?

— Ele entrou disfarçado. De boné.

— Ah, então tudo bem. Ele virou invisível com um boné. GENIAL!

— Minji...

Ela respirou fundo, tentando manter a calma.

— Tem gente lá fora dizendo que vocês sentaram juntos no desfile ontem e nem se olharam. Que foi climão e agora você me vem com isso?

— Nada aconteceu.

— E mesmo assim você deixou ele dormir aqui?

— Não foi planejado. Foi só... uma noite leve. De verdade.