O som da ligação sendo encerrada ainda ecoava nos meus ouvidos.
Fiquei ali parado, no meio do quarto, com o celular na mão, como se desligar não tivesse sido suficiente para quebrar aquele momento. Como se ele ainda estivesse ali, na linha, esperando eu mudar de ideia.
Uma lágrima escorreu antes que eu percebesse. Quente, silenciosa.
Me sentei devagar na beirada da cama, o peito pesado, o quarto mais silencioso do que nunca.
Eu devia me sentir aliviado. A ligação aconteceu. A gente se falou. E mesmo assim... parecia que algo dentro de mim tinha afundado ainda mais.
O clique da maçaneta girando me despertou do transe.
Minji entrou devagar, equilibrando uma bandeja com comida. Ela me olhou de relance antes de fechar a porta com o pé. Não disse nada de imediato, mas eu sabia que ela tinha visto.
— Trouxe o almoço — disse, num tom calmo, como se não quisesse invadir demais. — Já passou do horário e você não comeu quase nada ontem.
Assenti com um movimento quase imperceptível.
Ela apoiou a bandeja sobre a mesinha do quarto, deu mais uma olhada em mim e se aproximou.
— Quer que eu volte depois? — perguntou, suave.
— Não, pode ficar.
Minji se sentou ao meu lado na cama, sem dizer nada por alguns segundos. O silêncio dela era sempre confortável. Era como se ela soubesse exatamente quanto barulho o mundo já fazia dentro de mim.
— Era ele, né? — perguntou, baixinho.
Não respondi. Mas não precisava.
Ela passou a mão levemente no meu ombro, num gesto que dizia "estou aqui", sem exigir nada em troca.
— Ele te fez chorar?
Neguei com a cabeça.
— Fui eu. Fui eu que... — minha voz falhou.
Ela apenas assentiu e se levantou.
— Então agora você vai comer.
Fiquei olhando para ela, sem mover um músculo.
— Ji-hoon — ela me chamou, com aquele tom que sempre usava quando eu começava a me perder dentro de mim mesmo. — Eu sei que está doendo. Eu sei que você queria fazer tudo diferente, mas agora você precisa comer. Dormir. Respirar. Porque você ainda tem que aguentar mais um monte de coisa lá fora. E se você desmoronar aqui, ninguém vai segurar por você.
Fechei os olhos. Respirei fundo.
Ela sorriu de leve e voltou à mesinha, abrindo os potes da bandeja.
— Fiz questão de pegar algo que você gosta. Bibimbap com bastante legumes. Não reclame. — ela apontou os hashis pra mim como se fosse uma ameaça brincalhona.
Sentei na cadeira diante da mesa e comecei a comer devagar.
Minji não me apressou, não me forçou conversa. Ficou ali, sentada perto, mexendo no celular fingindo não reparar quando eu limpava discretamente o rosto com o punho da blusa.
Quando terminei, encostei na cadeira e fechei os olhos. Minji guardou os potes em silêncio.
— Minji — chamei baixinho.
— Hum?
— Você... tem saído com alguém?
Ela piscou, surpresa e depois deu uma risadinha.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
