Fora do Script

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— Depende. Vai acompanhar mesmo ou vai só ficar assistindo?

— Vou acompanhar — respondi rápido, antes que ele inventasse de me expulsar com um halter de 10kg.

Ji-hoon cruzou os braços, ainda suando, claramente tentando entender o que estava acontecendo.

— Desde quando você treina?

— Resolvi mudar a rotina — respondi. — E é bom ver que você está se cuidando. Esse personal aí... tem paciência com você, né?

Ji-hoon me fuzilou com os olhos. O personal sorriu de canto.

— Ele é bom aluno, na verdade. Concentração boa. Só precisa parar de conversar no meio das repetições.

— Engraçado... ele quase não fala comigo.

— Choi — Ji-hoon sussurrou, com um aviso na voz.

— Que foi? Estou aqui em paz. Estou sendo educado.

O personal riu, provavelmente achando tudo aquilo uma palhaçada e ele estava certo. Mas eu não me importava. Eu só sabia que não queria ver Ji-hoon rindo com outro cara daquele jeito. Nem agora, nem nunca.

— Anda logo, vai fazer o aquecimento — Ji-hoon disse, me empurrando de leve pro lado.

— Sim, senhor.

Fui aquecer no canto da academia, mas com metade da atenção na esteira e a outra metade completamente cravada nas costas do Ji-hoon.

Ele estava fazendo um exercício com halteres, costas retas, concentrado. O personal estava ao lado, corrigindo a postura dele com um leve toque no ombro. Tranquilo. Profissional. Mas mesmo assim, me irritou. Não por ser errado, mas por ser permitido.

Respirei fundo. Não tinha nada demais acontecendo. Eles estavam treinando. Só isso.

Voltei o foco para a esteira.

Cinco minutos depois, Ji-hoon estava na barra fixa. O personal ficou atrás dele, segurando levemente sua cintura pra ajudar na subida. Mão ali, firme. E Ji-hoon rindo porque escorregou na primeira tentativa.

Ah, vá à merda.

Desci da esteira no mesmo segundo e fui até eles, como quem não quer nada.

— Está puxado aí? — perguntei, parando ao lado da barra.

Ji-hoon olhou para mim com a respiração acelerada.

— Um pouco.

— Deixa que eu ajudo nessa — falei, já me aproximando.

O personal pareceu hesitar, mas deu um passo para o lado, cedendo espaço. Fiquei atrás do Ji-hoon, posicionando as mãos na cintura dele como vi o outro fazer, só que com menos delicadeza.

— Vai, sobe.

— Não precisa pegar tão forte — ele reclamou, entre dentes.

— É para garantir que você não caia. Vai logo.

Ele subiu uma. Depois outra. E na terceira, reclamou de novo.

— Você está segurando errado.

— E você reclama demais.

O personal cruzou os braços ao lado, assistindo à cena com uma expressão de quem claramente queria rir, mas estava se segurando.

Quando terminamos a série, Ji-hoon saiu da barra bufando.

— Se for para me atrapalhar, nem precisava ter vindo.

— Só estou ajudando — falei, fingindo inocência. — Achei que era isso que os amigos faziam.