Quando Ryeoun mandou a mensagem, eu quase recusei. Estava cansado, Mas ele insistiu, disse que Min-jae também iria, Kyung estava de folga das gravações e Min-young fazia questão da minha presença.

E eu... acabei cedendo.

O bar era meio escondido, mais tranquilo, do tipo onde dava para conversar sem gritar. Entrei ajeitando o boné e me senti meio idiota por ainda usar disfarce. Não era como se a gente não fosse notado de qualquer jeito. Mas o hábito era difícil de quebrar.

— Olha quem resolveu sair da caverna — provocou Min-young, me abraçando de lado. — Vai beber com a gente ou vai ficar só olhando?

— Vou beber, vai — sorri, puxando uma cadeira. — Mas com moderação.

— Ah, tá — riu Min-jae. — Quem vê pensa que o Ji-hoon é certinho assim sempre.

A conversa começou a fluir, cervejas vieram, as piadas aumentaram e o clima era bom. Me fez bem ver rostos familiares, gente que me conhecia há anos. Por alguns minutos, eu até esqueci dos últimos dias. Até ver ele entrando.

Choi.

Ele apareceu com o Kyung, que havia saído para atender uma ligação e pelo jeito os dois tinham se encontrado do lado de fora. Vestia uma jaqueta grossa, o rosto meio escondido, mas o olhar não dava pra disfarçar. Ele olhou direto para mim assim que entrou.

Eu desviei, rápido demais.

— E aí, cheguei — disse Choi, se aproximando da mesa como se fosse só mais um do grupo. E talvez fosse mesmo. Pelo menos para eles.

Sentou na minha frente, casual, como se não fôssemos dois idiotas tentando entender o que estava acontecendo entre nós. O joelho dele roçou no meu sem querer e eu gelei por dentro. Fingi não notar.

A conversa continuou com todo mundo brincando, mas vez ou outra eu sentia o olhar dele em mim. Sempre rápido, sempre quieto. Era como se estivesse me provocando sem palavras, só na presença.

Até que o celular dele vibrou. Ele olhou o visor e se levantou.

— Já volto — disse baixo, saindo da mesa e indo para o lado de fora.

Não era da minha conta. Era só uma ligação. Mas mesmo assim meus olhos seguiram ele até a porta. Do outro lado do vidro, dava para ver Choi andando de um lado para o outro, falando com alguém. Ria. O rosto iluminado pela luz do letreiro. O sorriso leve. Solto.

— Está tudo bem? — Min-young me cutucou. — Ficou quieto de repente.

— Está — respondi rápido, pegando meu copo de novo. — Só pensando em umas coisas.

Choi voltou minutos depois, ainda com o celular na mão. O rosto estava tranquilo e ele parecia alheio ao furacão silencioso que deixou em mim. Sentou no mesmo lugar e soltou um suspiro satisfeito, como se a noite estivesse perfeita.

— Quem era? — perguntou Kyung, curioso, mas casual.

— Ah, nada demais. Coisa do trabalho — respondeu Choi, olhando para o copo, mas depois me lançou um olhar rápido, de canto. Eu senti. Ele sabia.

Sabia que eu estava prestando atenção. Sabia o que aquele sorriso tinha provocado.

Eu desviei o olhar, irritado comigo mesmo.

— Trabalho? A essa hora? — cutucou Min-jae. — Ou era a nova manager, hein?

O copo parou a meio caminho da boca do Choi. Ele riu pelo nariz, mas não respondeu de imediato.

— É só trabalho — falou por fim. Mas dessa vez, lançou um olhar direto para mim. Não provocativo. Mas atento. Como se estivesse esperando minha reação.

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