Continuei andando, olhando pra frente.
— E você gostou dela?
— Hum... talvez. — Ele virou o rosto na minha direção, meio provocador. — Por que, você está com ciúmes?
Ri, sem olhar pra ele.
— Claro que não.
— Claro que está.
— Não estou.
— Você acabou de apertar a mandíbula — ele apontou, rindo.
— Cala a boca — murmurei, tentando disfarçar o sorriso que escapou.
Choi riu, como se estivesse satisfeito com a minha reação. Continuamos andando, os passos sincronizados no chão de pedrinhas do parque. A brisa gelada batia de lado e o cachecol dele balançava um pouco com o vento.
O silêncio entre a gente não era desconfortável. Pelo contrário. Tinha uma certa paz em poder andar assim, sem precisar dizer muita coisa. Mas ele nunca ficava calado por muito tempo.
— Tá frio, né? — comentou, enfiando ainda mais as mãos no bolso. — Mas andar com você compensa.
Revirei os olhos, sem conter um leve sorriso.
— Você fala como se a gente estivesse em uma cena de drama romântico.
— Não estamos?
Não respondi. Só balancei a cabeça, achando graça da própria ousadia dele.
Logo à frente, uma barraca pequena com uma lona vermelha chamava atenção pelo cheiro. Era bungeoppang. O vapor saía da chapa e o aroma doce preenchia o ar.
— Quer? — ele perguntou.
— Uhum.
Ele comprou dois e me entregou um, ainda quente.
Encostamos ali perto, num cantinho da barraca. Eu estava concentrado em não queimar a língua, quando escutei ele reclamar:
— Droga, o meu está com a ponta aberta.
Olhei e vi o recheio escorrendo, caindo em cima da luva dele. Fiz uma careta de leve, tentando segurar o riso.
— Você é um desastre — comentei.
— Pelo menos eu sou um desastre bem alimentado.
— Hyun-wook...
Ficamos ali por alguns minutos, comendo em silêncio. Às vezes ele me olhava e eu fingia não perceber. Às vezes eu olhava e ele fazia questão de perceber.
Depois de comer, voltamos a caminhar sem pressa. O parque estava mais silencioso, só o som dos nossos passos e o vento cortando as árvores secas. O frio parecia ter aumentado, daqueles que entravam por baixo da roupa, direto na pele.
De repente, senti os dedos dele encostarem nos meus. Antes que eu pudesse reagir, Choi segurou minha mão e a puxou para dentro do próprio bolso do casaco dele, junto da dele.
Meu corpo inteiro ficou tenso.
— O quê você está fazendo? — murmurei, olhando rapidamente pros lados.
— Relaxa — ele respondeu, como se não fosse nada demais. — É só a sua mão. A gente já fez coisa pior do que isso.
Virei o rosto na mesma hora, sentindo as bochechas queimarem e não era por causa do frio.
— Para de falar assim.
— Assim como?
— Flertando. Toda vez que você fala, parece que está tentando me deixar sem graça.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
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