Fiquei em silêncio por um tempo. Ela se levantou, pegou a garrafinha e foi em direção à porta.
— Vou para a casa agora. Só precisava falar isso enquanto ainda estava tudo quieto.
— Minji — chamei antes que ela saísse. Ela parou, virando o rosto.
— Obrigado.
Ela sorriu de lado.
— Sempre.
E saiu.
Depois que a porta se fechou, a casa ficou em silêncio. Um silêncio pesado, mas não incômodo. Era o tipo de silêncio que deixava espaço para os pensamentos e eles vieram todos de uma vez.
Me encostei no balcão, ainda com a garrafinha na mão e fiquei olhando para o chão como se alguma resposta fosse aparecer ali.
Assumir. Só de ouvir essa palavra, minha garganta travava. Porque não era só assumir que estávamos juntos, era assumir que, depois de tanto tempo negando até pra mim mesmo, eu finalmente tinha escolhido ficar com ele. E isso mudava tudo.
Não só para mim. Para ele também. Pro trabalho. Para os fãs. Para a equipe inteira. Nenhuma decisão era só minha. Era como se, a cada passo, alguém estivesse pronto para apontar o dedo, tirar conclusões, fazer perguntas que ninguém tem o direito de fazer. Porque é assim que funciona quando a sua vida não é mais só sua.
E se a gente saísse por aí, como Minji disse? Continuar sendo quem somos, aparecendo juntos quando desse vontade, sem se esconder, mas sem confirmar nada também. Deixar o povo falar.
Talvez isso funcionasse.
Porque o que importa é o que acontece entre a gente, não o que os outros acham que está acontecendo.
Choi sempre foi mais corajoso do que eu nisso. Ele tem uma forma de viver que incomoda quem vive preso. E eu... bom, eu sempre fui do tipo que se esconde. Não por covardia, mas por medo de perder o pouco que conquistei. Só que, de uns tempos para cá, me esconder não tem mais me dado paz. Só me dá cansaço.
Dei um longo suspiro. O rótulo não era o problema. Nunca foi. Era o peso que vinham junto com ele. As perguntas. As manchetes. Os olhares. As comparações. Os contratos. Os comentários. O preconceito.
Mas se fosse só sobre ele e eu, as coisas seriam simples.
Peguei o celular e fiquei olhando a tela bloqueada por um tempo. Pensei em ligar, mas não liguei. Só deixei a tela acesa ali, até ela apagar sozinha.
Talvez a gente não precisasse dar uma resposta agora. Talvez fosse só continuar vivendo. Do nosso jeito. Do jeito que dá. Do jeito que sempre foi. E deixar que o resto aconteça quando tiver que acontecer.
Porque, no fundo, o que eu mais queria era continuar sendo "a gente". Do nosso jeito, no nosso tempo.
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O intervalo entre uma gravação e outra era de quinze minutos, mas parecia suficiente para respirar um pouco. A sala onde me deixaram estava vazia, só tinha uma garrafinha de água em cima da mesa, luz branca e o barulho abafado de vozes no corredor. Eu me sentei ali, encostei a cabeça na parede e, pela primeira vez no dia, tirei o celular do modo "Não perturbe".
Tinha mensagem da Minji, uma notificação de agenda, algumas mensagens ignoradas em grupos... e nenhuma do Choi.
Fiquei com o celular na mão por alguns segundos. Pensei em não fazer nada. Mas já fazia tempo que eu estava deixando tudo para depois.
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Fora do Script
FanfictionNos bastidores de uma das séries mais comentadas da Coréia, dois atores com carreiras em ascensão tentam manter os pés no chão enquanto tudo ao redor parece prestes a desmoronar. Ji-hoon e Hyun-wook interpretaram personagens inesquecíveis e a químic...
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