Choi soltou um riso baixo. Meio de nervoso. Eu fiquei olhando para ela, sem saber se agradecia ou pedia desculpa.

Ela olhou de novo pro cabelo molhado dele, depois para mim.

— E seca esse cabelo direito antes de sair, pelo amor de Deus — disse para Choi, abrindo a porta outra vez. — E, Ji-hoon, vista uma roupa decente. Vocês parecem dois adolescentes fugindo de um castigo.

E saiu, balançando a cabeça.

A porta se fechou e o silêncio ficou de novo entre nós.

Eu olhei para Choi. Ele me olhou de volta. E aí, quase ao mesmo tempo... nós rimos.

Poucos minutos depois, descemos. Choi colocou um boné meu e uma máscara e eu fiz o mesmo.
Minji estava esperando no saguão, de braços cruzados e uma expressão de quem não tinha dormido direito. Ela não falou nada enquanto a gente se aproximava, só virou de costas e começou a andar, com a certeza de que a gente ia seguir.

E seguimos.

No carro, o silêncio reinou por um tempo. Minji no banco da frente, mexendo no celular. Eu e Choi atrás, um do lado do outro, mas sem encostar. A proximidade de antes ainda estava ali, mas agora carregada de tudo que tinha ficado no ar desde a noite anterior.

— Fica no nono andar — Minji disse, finalmente quebrando o silêncio. — Mobiliado, com entrada lateral discreta. Garagem interna.

Assenti, olhando pela janela.

Chegamos no prédio. Pequeno, discreto, nada chamativo. Perfeito, considerando tudo. Subimos pelo elevador de serviço, como Minji tinha orientado. Quando a porta do apartamento abriu, fui tomado por uma sensação estranha: o cheiro de lugar novo, limpo, impessoal. Como se não fosse meu ainda. Como se eu estivesse só visitando mais uma locação de cena.

Minji nos deu um rápido tour. Sala, cozinha, três quartos, banheiro com chuveiro decente.

— É bem mais bonito que o outro. — ela disse, olhando para mim.

— É... bem melhor que um hotel — murmurei.

Choi deu uma volta pela sala, observando os detalhes. Ele parecia confortável demais ali.

— A gente vai ter café? — perguntou, abrindo os armários da cozinha.

— Você nem mora aqui. — Minji rebateu.

— Mas posso visitar — respondeu, olhando para ela.

Minji lançou um olhar de advertência para ele, depois pra mim.

— Eu espero que vocês saibam o que estão fazendo. — falou, séria. — Porque da próxima vez que eu abrir uma porta e encontrar esse tipo de cena... eu juro que vou ter um ataque.

Choi ergueu as mãos, como quem promete se comportar. Eu só balancei a cabeça, sem saber o que responder.

Minji respirou fundo e caminhou até a porta.

— Eu volto mais tarde com umas compras básicas. Fiquem aqui. E... não deem motivo. Por favor.

Ela abriu a porta, mas voltou.

— Ah, suas coisas do outro apartamento vão chegar daqui a pouco.

Então ela saiu.

O silêncio voltou. Eu fiquei parado no meio da sala e Choi se encostou na bancada da cozinha com aquele meio sorriso de sempre nos lábios.
Me observava em silêncio, como se estivesse prestes a soltar alguma.

E soltou.

— Pelo menos agora você tem um lugar decente pra esconder os homens que dormem na sua cama.

Fora do Script Where stories live. Discover now