Abri o Instagram.

A barra de notificações piscava. Milhares de comentários. Novos seguidores. Mensagens.

Cliquei no ícone das mensagens diretas, hesitante.

No meio de muitos corações e elogios, começaram a surgir as outras.

"A química de vocês é boa demais pra ser só atuação."

"Eles estão escondendo alguma coisa, certeza."

"Ji-hoon parece tão desconfortável. Acho que descobriram."

"Coitado do Choi. Tá se queimando."

"Vocês podiam ser tão mais livres se saíssem da Coreia."

"É só marketing. Vocês não são gays de verdade."

Fechei o celular e joguei longe da cama.

A respiração saiu quente, pesada.

Era como se não tivesse mais nenhum lugar seguro. Nem no quarto, nem dentro de mim.

Rolei de lado, encolhido. A cabeça latejava.

As pessoas achavam que sabiam. Que viam tudo. Que podiam comentar qualquer coisa, especular, julgar.

Ninguém sabia quantas vezes eu perdi o sono pensando em tudo que podia dar errado. Quantas vezes me culpei por um olhar a mais, um sorriso fora de hora. Quantas vezes quis apenas existir, sem me esconder... e não consegui.

E agora ele sabia o que diziam.

Ele leu.

Ele viu.

E ainda assim... me ligou.

Fechei os olhos com força. A garganta apertada. O silêncio do quarto parecia zombar de mim.

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Ainda estava deitado, olhos abertos, encarando a sombra da janela quando ouvi a porta se destrancar com o bip eletrônico.

Minji entrou devagar, como sempre fazia quando sentia que eu ainda estava dormindo.

Dessa vez, não fingi.

Ela olhou para mim por alguns segundos, em silêncio, com a bandeja nas mãos. Depois fechou a porta com o pé e apoiou tudo na mesinha.

— Bom dia... Ou boa tarde. Já são quase duas.

Assenti devagar, sem mudar de posição.

Ela pegou o controle da TV e desligou a tela, que eu nem percebi que estava ligada.

— Você precisa sair daqui, Ji-hoon — disse, sem rodeios. A voz estava calma, mas mais firme do que o normal.

Não respondi.

Ela se aproximou e se sentou na poltrona, perto da cama.

— A poeira deu uma abaixada. Ainda tem coisa rolando na internet, sim, mas nada como antes. E a sua equipe está segurando tudo como pode. Mas você não pode ficar parado por mais dias. Isso vai te fazer mal. Já está fazendo.

Fechei os olhos. A cabeça parecia cheia demais para pensar, mas ao mesmo tempo vazia.

— Só mais um dia — murmurei, quase como um pedido.

— Ji-hoon — ela chamou, firme.

Me obriguei a olhar para ela.

— Você quer que eles vençam?

Fora do Script Where stories live. Discover now