— Nossa, isso foi uma cantada?

Revirei os olhos, mesmo com um pequeno sorriso surgindo.

— Estou falando sério. Você vive grudada em mim. Não sai de folga, não fala de ninguém. Eu fico aqui pensando... e sua família? Seus amigos? Alguém deve sentir sua falta.

Ela me encarou por um segundo. O sorriso no canto da boca ainda estava lá, mas os olhos suavizaram.

— Minha família... não é grande coisa. A gente se fala, mas não somos próximos. Cada um vive no seu canto. É melhor assim.

— Mas e amigos?

— Eu tenho — respondeu, com um leve encolher de ombros. — Mas, sinceramente? Eu gosto de passar meu tempo com você. É menos exaustivo que fingir em jantares ou aguentar primas perguntando por namorado.

— E o namorado?

Ela riu.

— Não tem. E, se tivesse, já teria fugido. Imagina namorar alguém que vive correndo atrás de um ator famoso dia e noite, lidando com horários loucos e dias sem dormir?

— Podia ter alguém que entendesse.

— Podia — ela concordou, sem perder o bom humor. — Mas, sinceramente? Eu não sinto falta. Não agora. Eu gosto da minha vida assim.

— Mesmo comigo dando trabalho?

— Principalmente por isso — ela disse, dando um leve tapa no meu braço. — Você me dá propósito. E drama. O drama é o tempero da minha existência.

Ri, mesmo com os olhos ainda pesados.

— Só não quero que você esqueça de você, Minji.

Ela me olhou com mais ternura dessa vez e falou devagar, como se quisesse que eu entendesse de verdade:

— Eu me cuido quando cuido de você, Park Ji-hoon. Está tudo certo.

— Se algum dia deixar de estar, me promete que vai me contar?

— Prometo.

Nos encaramos por alguns segundos em silêncio. Era uma daquelas trocas simples, mas que ficavam com a gente por dias.

Ela estendeu a mão, bagunçou meu cabelo de leve e disse:

— Vai aproveitar sua folga, já estou achando que você está dando em cima de mim.

— Vai sonhando.

━────────━━────────━

Os dias começaram a se misturar.

Eu acordava, comia alguma coisa — se Minji insistisse — e voltava para a cama. Às vezes ligava a TV sem som, só para ter um fundo se movendo. Outras, só encarava o teto.

Fora uma ou duas chamadas de vídeo com a produção, eu não saí daquele quarto. Minji respeitava meu espaço. Entrava, deixava a comida, trocava algumas palavras, olhava para mim como quem queria fazer mais e saía.

Só o quarto. Só eu.

E o celular.

Na maior parte do tempo, ele ficava na mesinha, com a tela virada para baixo. Mas era como se me chamasse o tempo todo.

Na terceira noite, não aguentei.

Desbloqueei devagar, como se estivesse cometendo um erro. O fundo de tela ainda era a mesma imagem de antes, uma paisagem qualquer, tirada num ensaio com Choi. Eu tinha recortado a parte onde ele aparecia. Só restava o céu.

Fora do Script Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora